Pandemia: hotéis de luxo viram hospitais e hospedam profissionais de saúde
Localizado em uma das áreas mais nobres de Manhattan e projetado pelo célebre arquiteto I. M. Pei, o Four Seasons Hotel New York é famoso por ser frequentado por hóspedes endinheirados e oferecer vistas incríveis para a Big Apple.
Hoje, porém, o cinco estrelas de 52 andares abriga um público diferente do usual. Com a eclosão da pandemia de coronavírus (e a consequente transformação de Nova York em um dos epicentros da doença no mundo), o hotel se converteu em uma espécie de porto seguro para profissionais de saúde que trabalham no combate à covid-19.
O Four Seasons Hotel New York está oferecendo hospedagem gratuita e exclusiva para centenas de médicos, enfermeiros e socorristas de Nova York. Com a medida, estes profissionais não são obrigados a voltar para casa depois do trabalho e, assim, diminuem as chances de ocasionar possíveis contágios de seus familiares. Além disso, conseguem acessar mais facilmente os hospitais onde trabalham, dada a localização privilegiada do hotel. E, após um dia de labuta, podem descansar em confortáveis acomodações que, em tempos normais, têm diárias que chegam a custar mais de US$ 1 mil (mais de R$ 5 mil).
Tal iniciativa, entretanto, não é única no mundo: em outros países fortemente atingidos pela pandemia, há mais hotéis realizando este tipo de ação.
Na região metropolitana inglesa de Manchester, o Hotel Football (que fica junto ao estádio Old Trafford, do time de futebol Manchester United) e o Stock Exchange Hotel (instalado em um edifício histórico onde operava a Bolsa de Valores local) oferecem hospedagem exclusiva e gratuita para os profissionais do National Health Service (NHS), o sistema público de saúde do Reino Unido.
Ex-jogador do Manchester United e um dos principais acionistas da GG Hospitality, empresa que administra os dois hotéis, Gary Neville diz que, com a oferta de acomodações gratuitas, "esperamos dar suporte aos profissionais de saúde no momento em que eles mais precisam".
Hoje, o interior de ambos os hotéis exibem diversas mensagens de apoio aos trabalhadores do NHS.
Hotéis operando como hospitais
Em alguns países do mundo, há também hotéis que estão operando como espécies de hospitais para tratar pessoas contagiadas pela covid-19.
De acordo com a Asociación Empresarial Hotelera de Madrid (AEHM), há na capital espanhola13 hotéis que, sem a presença de hóspedes, foram adaptados para alojar pacientes que precisam de acompanhamento médico, mas não têm a necessidade de estar em um hospital.
A AEHM também informa que, até o momento, mais de 1.600 pacientes já foram atendidos nestes hotéis - e mais de 800 deles receberam alta. Entre os estabelecimentos de Madri que prestam este serviço está o Ilunion Atrium.
Já na cidade italiana de Bergamo, gravemente impactada pela pandemia, o hotel Starhotels Cristallo Palace está isolando pessoas que tiveram que ser internadas por causa do coronavírus, foram curadas, mas precisam fazer quarentena antes de voltar para casa.
O hotel tem capacidade para abrigar mais de 200 pessoas em observação pós-contágio.
Tarifas reduzidas e teto para moradores de rua
Uma das principais redes hoteleiras do mundo, a Marriott informa que está oferecendo "taxas significativamente reduzidas para profissionais de saúde que desejam reservar quartos em hotéis próximos aos hospitais nos quais trabalham. As tarifas estão disponíveis no site Marriott.com, para quase 2.500 hotéis. No Brasil, os hotéis JW Marriott Rio, Sheraton Porto Alegre, Marriott Executive Apartments São Paulo e Residence Inn by Marriott Rio de Janeiro estão com tarifas especiais para profissionais de saúde".
Em uma campanha simbólica, hotéis da rede Marriott em todo o mundo usaram, recentemente, as luzes de suas acomodações para formar um coração na fachada de seus edifícios. "A ação é para que cuidemos de nossas comunidades, inspiremos sentimentos de conexão e a convicção de que todos nós, como cidadãos globais, estamos enfrentando isso juntos, e voltaremos ainda mais fortes", diz a organização.
O Grupo Accor, por sua vez, que possui diversos hotéis no território brasileiro, tem doado alimentos para comunidades carentes em cidades como São Paulo (SP), Curitiba (PR), Novo Hamburgo (RS) e Rio de Janeiro (RJ), além de trabalhar, no Brasil, com tarifas especiais "para hospitais em necessidade de hospedar seus profissionais que estão na linha de frente no combate à covid-19 no país".
Já na França, além de leitos para profissionais de saúde, a Accor disponibilizou cerca de 2 mil acomodações em seus hotéis para receber moradores de rua.
Residências do Airbnb
No mercado da hospitalidade, não são apenas hotéis que estão contribuindo com o combate à pandemia.
O Airbnb, por exemplo, informa estar com um programa que possibilita que anfitriões ofereçam estadias (pagas ou gratuitas) a profissionais de saúde que estão na linha de frente contra o coronavírus.
"Os profissionais de saúde podem fazer as reservas diretamente na nossa plataforma", diz a empresa. "Essa nova funcionalidade permite que os anfitriões ajudem as pessoas que precisam de um apoio imediato durante a pandemia, fornecendo lugares confortáveis e convenientes para se acomodar".
Tal programa está em vigor em países como Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Espanha e Itália, mas não se encontra ativo no Brasil no momento.
O Airbnb informa que desde o lançamento do programa-piloto na Itália, mais de 3 mil acomodações foram oferecidas pelos anfitriões naquele país, ressaltando de que se trata de um "programa para apoiar profissionais de saúde que precisam se isolar para evitar que suas famílias se exponham à doença".
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