Essencial na coquetelaria e pouco pop no Brasil, vermute nacional dá jogo?
Essencial no preparo de inúmeros coquetéis clássicos, como Dry Martini, Manhattan e Negroni, o vermute não é exatamente popular no Brasil - basta reparar nas prateleiras, mesmos as de lojas especializadas, que costumam trazer poucas garrafas do vinho fortificado e infusionado com especiarias, quase todas importadas.
Até por essa causa da pouca variedade, fez barulho nos últimos dias o lançamento do vermute tinto Aureah, produzido pela Famiglia Griffo em Jundiaí, interior do estado de São Paulo, que também produz o coquetel engarrafado Negroni Ricetta 45. Feito com vinho branco de uvas moscatel, leva ainda 20 ervas aromáticas (que não são reveladas) e corante caramelo, responsável pela cor avermelhada.
Primeiro, porque o produto foi feito para competir com garrafas vistas com mais frequência nos bares dedicados aos drinques, como Punt e Mes e Carpano Clássico. Depois, pelo preço: na loja da Famiglia Griffo, o consumidor final pode comprar o Aureah por R$ 90, valor um pouco abaixo da média dos concorrentes importados. Para os bares, o preço deve ser um pouco mais camarada.
O que falta para pegar por aqui
Para Marcelo Cury, especialista em coquetelaria, no entanto, ainda falta muito para termos um "boom" de vermutes nacionais, como aconteceu com o gim. Antes do Aureah, recorda o especialista, havia apenas um "vermute" nacional, o Virgulino Ferreira, entre aspas mesmo, pois é feito com jabuticaba. "Pela legislação brasileira, vermute só pode receber esse nome se for feito com vinho de uva e tiver losna (Artemisia absinthium, a mesma usada para produzir absinto)", explica.
Segundo Cury, existem duas dificuldades para o produto ser mais aceito e surgirem versões nacionais. Uma é cultural. "O brasileiro não tem o hábito de tomar vermute, como o francês e o italiano, que bebe como aperitivo. Nosso costume é de tomar uma cachacinha ou uma cerveja", diz. A outra é do ponto de vista financeiro. "Não sei se compensa para uma empresa, como uma vinícola, fazer vermute em grande quantidade. É um produto de nicho, o volume é muito pequeno", avalia.
O especialista, no entanto, vê as iniciativas com bons olhos. "Acho que existe potencial para termos mais vermutes. O importante seria reduzir os custos de produção, que atrapalham quem tem vontade de inovar", explica.
Tem que ter
Importado ou nacional, vermute é uma bebida obrigatória em seu home bar. Existem vários tipos e os mais usados são os tintos, brancos e secos. Vale a pena investir em uma boa garrafa de cada, pois são ingredientes de muitos clássicos da coquetelaria. O Negroni, por exemplo, leva a versão tinta, enquanto o branco seco é indispensável em um Dry Martini.
Outra excelente desculpa para abastecer sua despensa com alguns vermutes é que eles são versáteis e podem ser aproveitados para criar drinques. "É uma bebida que entra para reduzir o teor alcoólico e trazer complexidade", explica Cury. Um dos jeitos mais fáceis de criar um coquetel, segundo o especialista, é misturar (aproximadamente) 40 ml de um destilado com 20 ml de vermute e 10 ml de licor. "Nada que você fizer vai ficar ruim", garante.
Mas se estiver com preguiça, pode só colocar a bebida em um copo com bastante gelo e completar com água tônica. "Vermute com tônica é uma maneira bem fácil de começar a explorar a bebida", diz.
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