Brasileiros passam 35 horas em voo de repatriação com música e até famoso
Na noite desta terça-feira (22), pousou em Guarulhos o voo de repatriação que trouxe de volta 368 brasileiros retidos no sudeste asiático: 187 na Tailândia, 136 na Indonésia e 45 no Vietnã.
A viagem foi uma verdadeira prova de resistência: durou 35 horas desde o início, em Hanói, com escalas em Bangcoc (Tailândia) e Medan (Indonésia) para embarque dos passageiros, além de uma parada técnica em Amsterdã para abastecimento da aeronave e troca da tripulação. Não foi permitido o desembarque da aeronave antes da chegada ao destino final.
O serviço de bordo foi padrão classe econômica, com algumas mudanças: não havia opções de bebida, apenas água, e não foram distribuídos cobertores nem mesmo na classe executiva, que acomodou passageiros com necessidades especiais, como idosos e famílias com crianças de colo.
Para passar o tempo, os brasileiros usaram a criatividade com jogo de baralho no corredor do avião a roda de violão. Após o pouso, mais música: os passageiros comemoraram com palmas e cantaram em coro a música "Evidências", de Chitãozinho e Xororó.
Viajantes voltam em diferentes situações
Tinha até celebridade entre os passageiros: o modelo e ator Paulo Zulu, que ficou famoso após participar da novela Laços de Família (TV Globo), embarcou na Indonésia.
"A Indonésia é minha segunda casa. Eu gosto de surfar e frequentar os templos, mas está tudo fechado em Bali por causa do coronavírus. Eu tinha passagem de volta para o Brasil marcada para maio, mas o voo foi cancelado, por isso estou voltando agora", disse.
Além disso, havia nômades digitais que não pretendiam voltar tão cedo ao Brasil, viajantes em férias que tiveram seus voos de retorno cancelados e pessoas que residiam e trabalhavam em outro país.
A psicóloga Lilian Rodrigues, por exemplo, estava desde junho do ano passado fora do Brasil, viajou por 15 países e estava em Bali, na Indonésia, quando a situação do coronavírus se agravou.
"Decidi voltar para o Brasil porque o sistema de saúde na Indonésia é ruim, caso eu precisasse de atendimento. Além disso, Bali começou a ter problemas de segurança, já que é um lugar que depende do turismo e agora está vazio", diz.
Já a farmacêutica Gilmara de Freitas Costa mora em Taiobeiras (MG) e estava em férias no Vietnã desde 29 de fevereiro, visitando a irmã que mora em Hanói. Ela deveria ter voltado para o Brasil no dia 25 de março, mas seu voo foi cancelado.
"Estou com faltas no trabalho e vou continuar faltando, porque preciso ficar em quarentena para ver se não apresento sintomas após a viagem", afirma.
Kelwin Klinger é de Taubaté (interior de SP), por sua vez, morava na Tailândia há um ano, onde trabalhava como instrutor de paraquedismo. Com a queda no turismo, sua empresa suspendeu as atividades e o salário dos funcionários. "Sem trabalho e sem dinheiro, não tenho o que fazer lá", diz.
Viagem de graça
O voo foi de repatriação, realizado pela companhia aérea Garuda Indonesia foi uma iniciativa do Ministério das Relações Exteriores e não teve custo para os passageiros.
Originalmente, a viagem estava prevista para o último dia 16, mas teve de ser remarcada por questões operacionais. Além disso, inicialmente, a escala técnica seria em Doha, no Catar, mas o governo do país negou o pouso às vésperas da partida, sem maiores explicações.
Segundo o Itamaraty, a consolidação mais recente de dados, do final do dia 22 de abril, aponta para 15.832 brasileiros já repatriados e 4.100 ainda retidos.
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