Brasileiros são repatriados com a ajuda de técnicos e jogadores de futebol
Durante a eclosão da crise gerada pelo coronavírus, centenas de brasileiros ficaram "ilhados" Arábia Saudita. Muitos tentaram voltar, mas sem sucesso por conta de voos cancelados e fronteiras fechadas.
A situação, porém, foi resolvida com a ajuda de treinadores e jogadores de futebol brasileiros que atuam no território saudita.
A empreitada teve a participação do ex-técnico do Corinthians, Fábio Carille, hoje no Al-Ittihad, do goleiro Marcelo Grohe, ex-Grêmio e também no Al-Ittihad, dos treinadores Luís Antônio Zaluar, do Al Akhdoud, e André Gaspar, do Al Hazm Rass, e do zagueiro Alemão (ex-Avaí, atualmente no Al-Hazem), entre outros profissionais da bola. Eles se uniram para fretar um voo que trouxesse parte destas pessoas de volta para o Brasil. Bem-sucedida, a viagem repatriou cerca de 140 brasileiros.
Um dos líderes da operação, Alemão conta que, inicialmente, a ideia era contratar um voo apenas para a comunidade dos profissionais brasileiros de futebol que trabalham na Arábia Saudita -- por causa do coronavírus, os jogos dos campeonatos locais foram interrompidos no meio de março.
Trocando informações com a embaixada do Brasil em Riad, eles perceberam que seria possível incluir na viagem conterrâneos não relacionados ao mundo da bola.
"O avião que seria fretado tem mais de 240 lugares, iria sobrar espaço", diz o jogador. "Não teria porque não ajudar outras pessoas. Havia muita gente precisando voltar para o Brasil".
A gente aproveitou nossa força para abrir o voo para todo mundo"
Alemão
Para encontrar pessoas que estivessem dispostas a tomar este voo de repatriação, o grupo teve a ajuda do Itamaraty, que espalhou mensagens na internet e encontrou dezenas de candidatos.
Alemão conta que cerca de 70% do voo foi bancado pelo governo saudita e os custos restantes vieram de uma "vaquinha" entre jogadores e treinadores. Ou seja: a maioria dos brasileiros que estava no voo não teve que desembolsar nada para fazer parte da jornada.
Desafios da empreitada
Organizada em uma espécie de triangulação entre os profissionais de futebol, o Itamaraty e o governo saudita, a viagem não foi livre de desafios.
De acordo com o treinador Fábio Carille, que também encabeçou a organização e a viabilização da viagem, o voo, operado pela companhia Ethiopian Airlines, foi programado para pousar em quatro cidades sauditas — Jeddah, Riad, Dammam e Najran — e pegar brasileiros nestas localidades antes de começar seu trajeto rumo ao Brasil.
"A Arábia Saudita é um país grande", conta o ex-técnico do Corinthians.
Algumas pessoas que tiveram que viajar mais de mil quilômetros para chegar a um destes aeroportos. Este foi o maior desafio, porque lá é preciso ter um salvo-conduto para viajar entre cidades, por conta da pandemia"
Fábio Carille
Carille diz que embaixada brasileira e o governo saudita conseguiram providenciar estas permissões para as pessoas que participariam do voo. "Foi um processo muito trabalhoso, mas também gratificante para nós todos", avalia.
O treinador Luís Antônio Zaluar também ajudou a viabilizar esta empreitada, comunicando-se com brasileiros que queriam ser repatriados. Segundo ele, aproximadamente 100 das 140 pessoas no voo pertenciam à comunidade do futebol, como jogadores, membros de comissões técnicas e seus familiares.
Nosso lema principal era não deixar ninguém para trás"
Luís Antônio Zaluar
O treinador conta que o governo saudita pagou parte da viagem "pois estava preocupado com a comunidade de jogadores e treinadores brasileiros que vivem no país". Entretanto, Zaluar não revela o montante de dinheiro que eles gastaram para cobrir os custos restantes da jornada.
O Itamaraty informa que ajudou a encontrar brasileiros que pretendiam deixar a Arábia Saudita, mas diz que o voo "não teve financiamento público do governo brasileiro".
Alívio com o retorno
O brasileiro Rafael Dallacqua estava viajando pela Arábia Saudita quando eclodiu a pandemia do coronavírus.
Por causa do cancelamento de voos e fechamento de fronteiras, ele ficou impossibilitado de sair do país por mais de 50 dias e tinha poucas perspectivas de conseguir uma viagem de repatriação.
Foi através de um grupo de WhatsApp que Dallacqua soube do voo organizado pelos profissionais brasileiros de futebol.
Ele conta que, inicialmente, foi dito que seria um voo com parte dos custos coberta por todos os passageiros. Depois soube que seria possível fazer a jornada de retorno gratuitamente.
O viajante estava na cidade de Riad e sentiu um grande alívio ao decolar da capital saudita e começar a volta ao Brasil — especialmente acompanhado dos "anjos da guarda" que viabilizaram a repatriação.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.