Pinturas feitas à mão hipnotizam na arte de estampas de Calu Fontes
Calu Fontes
As vozes poderosas de Nina Simone, de Caetano e dos passarinhos são no momento as únicas companhias no ateliê da artista Calu Fontes, em Pinheiros, São Paulo. As portas podem estar fechadas, mas ali dentro sua arte pulsa criativa, embora solitária nesses tempos.
Há 17 anos ela produz efusivamente - seus desenhos estampam cerâmicas, vidros, papel de parede, roupa de cama e o que mais vier por aí, inclusive em parceria com grandes marcas. "Mas são os azulejos que vêm à cabeça de todo mundo primeiro", conta, sorrindo.
A pintura à mão se mistura a decalques em criações que falam de brasilidade, de mar, de natureza e nostalgia. "Mesmo com o ateliê fechado, estou trabalhando mais do que sempre. Quando estamos angustiados, a pintura ajuda demais a desfocar", diz ela, que pinta tudo sozinha.
Tenho uma necessidade diária de pintar. Com a quarentena percebi o quanto isso me faz bem."
Inspirada pela natureza
Nesses dias têm surgido peças que remetem ao começo da carreira, com pinceladas a bico de pena, formas geométricas e coloridas, além do dourado - um resultado que leva diversas queimas, feitas ali mesmo no forno do ateliê. A inspiração vem da paz que encontra no jardim, que tem bananeiras, pitangueiras e uma jaqueira.
"Só de passar pelo verde, já entro no clima. Desligo o lado racional, ligo uma música e trabalho", diz ela, que vem de família baiana. Os bowls têm sido os itens mais recorrentes entre as porcelanas garimpadas que chegam ao endereço. Depois, ela pinta e faz até quatro queimas a um calor que chega a 850 graus.
Arte aberta a experimentações
Calu, que é Carolina no papel, ama experimentações. Antes da pandemia, se preparava para lançar um livro com criações inéditas. Tudo parou e esse sonho ficou adiado. Entre os planos está uma exposição. A inquietude é imensa, principalmente se derem a ela materiais novos.
"Essa dinâmica de trabalhar com diferentes superfícies é muito rica e inspiradora. Pra mim, inspiração vem de viagens, de ter contato com novas culturas, de cursos e de abrir a cabeça para as ideias aparecerem", diz. Deve ser por isso que elas se multiplicam sem parar, na cabeça e nas mãos dos brasileiros
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