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Casal gasta apenas R$ 110 por dia em viagem de carro pela América do Sul

Entre os pontos altos da viagem do casal de jornalistas, esteve a subida ao cume do vulcão ativo Villarrica, em Pucón (Chile) - Arquivo pessoal
Entre os pontos altos da viagem do casal de jornalistas, esteve a subida ao cume do vulcão ativo Villarrica, em Pucón (Chile)
Imagem: Arquivo pessoal

Luciano Nagel

Colaboração para Nossa

10/06/2020 04h00

Quem nunca pensou em pegar o carro e sair por aí viajando, conhecendo novos países, diferentes culturas e fazendo amigos? Do município de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha à Venezuela, a jornada de um casal de brasileiros durou 421 dias. Foram 10 países visitados e 50 mil km percorridos a bordo de um carro 1.0.

A roadtrip, que começou em 19 de fevereiro de 2019, só foi interrompida devido à pandemia da covid-19, quando os jornalistas Carina Furlanetto e João Paulo Mileski, ambos de 32 anos, retornaram à sua cidade natal no Rio Grande do Sul no dia 13 de abril de 2020.

Após decidir abandonar os empregos, o casal iniciou o sonho de conhecer a América do Sul de carro e relatar pelas redes sociais suas crônicas de viagens e experiências.

''Tínhamos o desafio de percorrer toda o continente, começando pelo Uruguai. O primeiro marco era ir até o Ushuaia, no extremo sul do continente e depois ir subindo até chegar na Venezuela,'' explicou João, que dirigiu por todo o percurso.

Viagem econômica

Para realizar uma viagem desta dimensão, Carina e João Paulo disseram que foram gastos em média R$ 110 por dia, contando todas as despesas de alimentação e manutenção do automóvel, já que uma parte do tempo (168 noites) a dupla dormia dentro do veículo, que era estacionado no acostamento de estrada, numa praça de um pequeno vilarejo, numa grande cidade e até mesmo em pátios de postos de combustíveis.

Entre os países rodados estão Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guiana, além norte do Brasil.

Argentina

Foi onde onde o casal ficou mais tempo: 96 dias. Eles exploraram o país de Sul a Norte e se encantaram pela Patagônia.

Bolívia

Entre os marcos da expedição está a passagem por Uyuni, por onde o casal dirigiu 150 km sobre o maior deserto de sal do planeta.

Peru

O país é conhecido por muitos por conta da cidade sagrada de Machu Picchu, mas conta com outras belezas, como a Laguna Parón, na região do Parque Nacional de Huascarán.

Brasil

Depois de 10 meses explorando a América do Sul, o casal voltou pelo Norte e explorou as belezas da região, como os agradáveis banhos de rios em Pindobal, próximo à famosa Alter do Chão.

Já nas noites frias da Patagônia argentina e chilena, além das temperaturas extremas do deserto do Atacama (de 0 °C à noite a 40 °C durante o dia), o casal teve a oportunidade de pernoitar a convite de cidadãos locais, em simples casas, pousadas e hotéis.

Além disso, muitos dos mais de 113 mil seguidores do Instagram da dupla intitulado "Crônicas na Bagagem" também ofereceram um cantinho para os turistas dormirem e descansar durante a longa jornada que os esperava.

Carina e Paulo admitiram que até pensaram em comprar um veículo maior e mais confortável para viagens de longas distâncias, como um motorhome. No entanto, o casal concluiu que demoraria mais alguns anos para juntar dinheiro para começar a aventura.

No Equador, o casal pôde avistar o ponto mais próximo do sol no planeta: o vulcão Chimborazo. Eles passaram a noite dormindo no carro próximo ao primeiro refúgio que fica no caminho até a base do vulcão e amanheceram com o carro coberto de neve.  - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
No Equador, o casal pôde avistar o ponto mais próximo do sol no planeta: o vulcão Chimborazo. Eles passaram a noite dormindo no carro próximo ao primeiro refúgio que fica no caminho até a base do vulcão e amanheceram com o carro coberto de neve.
Imagem: Arquivo pessoal

Sendo assim, decidiram viajar com o que tinham, ou seja, um automóvel popular ano 2013, compacto e econômico, principalmente quando o assunto é gasto com combustível e manutenção com o veículo, que foi quase nenhuma.

"Tivemos pneus furados, coisas simples, e dormíamos dentro do carro, apenas inclinando os bancos para trás. Era essa nossa intenção. A comida era feita ali dentro do carro com uma panela elétrica conectada a uma bateria extra'', explicou. Os alimentos, durante a viagem pelos países da América do Sul, geralmente eram comprados em minimercados, entre outros estabelecimentos comerciais deste gênero, tudo isso para economizar o máximo possível.

Uruguai foi o primeiro país visitado na expedição. O roteiro acompanhou a costa do país e rendeu dias inesquecíveis, como este pôr do sol em Nueva Palmira - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Uruguai foi o primeiro país visitado na expedição. O roteiro acompanhou a costa do país e rendeu dias inesquecíveis, como este pôr do sol em Nueva Palmira
Imagem: Arquivo pessoal

Para se inspirar - e fazer as malas

Alpaca no Parque Sajama, na Bolívia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Alpaca no Parque Sajama, na Bolívia
Imagem: Arquivo pessoal

Uma das dicas sugeridas por Carina para quem pretende viajar de carro pela América do Sul, ou qualquer outro destino é usar um aplicativo chamado iOverlander, que inclui campings, hotéis, restaurantes, serviços de mecânica, postos de combustíveis, banheiros e até pontos de água potável.

Outra recomendação, algumas vezes recorridas pelo casal quando não era possível dormir dentro do carro, foi a prática do couchsurfing, um serviço de hospitalidade baseado na internet. A plataforma espalhada em mais de 180 países, oferece aos seus usuários sofás em casas de nativos para viajantes pernoitar. Além disso, é possível conhecer a cidade e suas peculiaridades a convite do anfitrião.

O casal, no entanto, atenta para as más experiências com essa modalidade de hospedagem. Quando passava por Oruro, na Bolívia, a dupla fez uma busca pelo site do couchsurfing e encontrou um anfitrião nas redondezas, que os recepcionou bêbado e a casa nada tinha de semelhante com as fotos do perfil.

Flamingo no Deserto de Atacama, Chile - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Flamingo no Deserto de Atacama, Chile
Imagem: Arquivo pessoal

Missão cumprida

João e Carina souberam que a pandemia estava se intensificando quando desfrutavam das belezas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em meados de março deste ano.

Apesar da volta forçada devido à pandemia, já em território brasileiro, eles asseguram que o objetivo da expedição foi cumprido e a meta agora é escrever um livro sobre as experiências vividas na estrada.