Casal gasta apenas R$ 110 por dia em viagem de carro pela América do Sul
Quem nunca pensou em pegar o carro e sair por aí viajando, conhecendo novos países, diferentes culturas e fazendo amigos? Do município de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha à Venezuela, a jornada de um casal de brasileiros durou 421 dias. Foram 10 países visitados e 50 mil km percorridos a bordo de um carro 1.0.
A roadtrip, que começou em 19 de fevereiro de 2019, só foi interrompida devido à pandemia da covid-19, quando os jornalistas Carina Furlanetto e João Paulo Mileski, ambos de 32 anos, retornaram à sua cidade natal no Rio Grande do Sul no dia 13 de abril de 2020.
Após decidir abandonar os empregos, o casal iniciou o sonho de conhecer a América do Sul de carro e relatar pelas redes sociais suas crônicas de viagens e experiências.
''Tínhamos o desafio de percorrer toda o continente, começando pelo Uruguai. O primeiro marco era ir até o Ushuaia, no extremo sul do continente e depois ir subindo até chegar na Venezuela,'' explicou João, que dirigiu por todo o percurso.
Viagem econômica
Para realizar uma viagem desta dimensão, Carina e João Paulo disseram que foram gastos em média R$ 110 por dia, contando todas as despesas de alimentação e manutenção do automóvel, já que uma parte do tempo (168 noites) a dupla dormia dentro do veículo, que era estacionado no acostamento de estrada, numa praça de um pequeno vilarejo, numa grande cidade e até mesmo em pátios de postos de combustíveis.
Entre os países rodados estão Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guiana, além norte do Brasil.
Já nas noites frias da Patagônia argentina e chilena, além das temperaturas extremas do deserto do Atacama (de 0 °C à noite a 40 °C durante o dia), o casal teve a oportunidade de pernoitar a convite de cidadãos locais, em simples casas, pousadas e hotéis.
Além disso, muitos dos mais de 113 mil seguidores do Instagram da dupla intitulado "Crônicas na Bagagem" também ofereceram um cantinho para os turistas dormirem e descansar durante a longa jornada que os esperava.
Carina e Paulo admitiram que até pensaram em comprar um veículo maior e mais confortável para viagens de longas distâncias, como um motorhome. No entanto, o casal concluiu que demoraria mais alguns anos para juntar dinheiro para começar a aventura.
Sendo assim, decidiram viajar com o que tinham, ou seja, um automóvel popular ano 2013, compacto e econômico, principalmente quando o assunto é gasto com combustível e manutenção com o veículo, que foi quase nenhuma.
"Tivemos pneus furados, coisas simples, e dormíamos dentro do carro, apenas inclinando os bancos para trás. Era essa nossa intenção. A comida era feita ali dentro do carro com uma panela elétrica conectada a uma bateria extra'', explicou. Os alimentos, durante a viagem pelos países da América do Sul, geralmente eram comprados em minimercados, entre outros estabelecimentos comerciais deste gênero, tudo isso para economizar o máximo possível.
Para se inspirar - e fazer as malas
Uma das dicas sugeridas por Carina para quem pretende viajar de carro pela América do Sul, ou qualquer outro destino é usar um aplicativo chamado iOverlander, que inclui campings, hotéis, restaurantes, serviços de mecânica, postos de combustíveis, banheiros e até pontos de água potável.
Outra recomendação, algumas vezes recorridas pelo casal quando não era possível dormir dentro do carro, foi a prática do couchsurfing, um serviço de hospitalidade baseado na internet. A plataforma espalhada em mais de 180 países, oferece aos seus usuários sofás em casas de nativos para viajantes pernoitar. Além disso, é possível conhecer a cidade e suas peculiaridades a convite do anfitrião.
O casal, no entanto, atenta para as más experiências com essa modalidade de hospedagem. Quando passava por Oruro, na Bolívia, a dupla fez uma busca pelo site do couchsurfing e encontrou um anfitrião nas redondezas, que os recepcionou bêbado e a casa nada tinha de semelhante com as fotos do perfil.
Missão cumprida
João e Carina souberam que a pandemia estava se intensificando quando desfrutavam das belezas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em meados de março deste ano.
Apesar da volta forçada devido à pandemia, já em território brasileiro, eles asseguram que o objetivo da expedição foi cumprido e a meta agora é escrever um livro sobre as experiências vividas na estrada.
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