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Serviço de bordo e até comida de avião mudaram por causa da pandemia

Embalagens descartáveis, cardápios em voz alta, máscaras, luvas e distanciamento: a nova realidade do serviço de bordo na pandemia - Getty Images
Embalagens descartáveis, cardápios em voz alta, máscaras, luvas e distanciamento: a nova realidade do serviço de bordo na pandemia
Imagem: Getty Images

Marcel Vincenti

Colaboração para Nossa

13/06/2020 04h00

A pandemia alterou profundamente a dinâmica das viagens aéreas - e uma das mudanças mais notáveis ocorreu nos serviços de alimentação das aeronaves.

Com a rápida disseminação de um vírus mortífero em escala global, como fazer para que a comida servida dentro de um avião seja segura?

Conhecida por ter um dos melhores serviços de bordo do planeta, a Emirates, por exemplo, adotou medidas sanitárias que se fazem presentes antes mesmo do embarque. Ao realizar o check-in com a empresa em diversos aeroportos do mundo, os passageiros ganham um kit que, entre outros itens, traz um produto higienizador para as mãos - ideal para ser usado antes da alimentação no voo.

Já ao ingressar na aeronave, o viajante se depara com uma paisagem nova: responsáveis por servir a comida, os comissários portam itens que lembram os dos profissionais da saúde, com máscaras, óculos de proteção e luvas. Este novo tipo de uniforme protetivo pode também ser visto em tripulantes de muitas outras companhias atualmente, como Singapore Airlines, Air France e KLM.

Emirates fornece kits de higiene para passageiros - Divulgação - Divulgação
Emirates fornece kits de higiene para passageiros
Imagem: Divulgação

Usou, jogou fora

E, hoje, há uma grande presença de materiais de uso único nos aviões. Na Emirates, por exemplo, os cardápios de alimentos e bebidas distribuídos em sua primeira classe e classe executiva são descartáveis, para minimizar o risco de infecção por toque.

Já na classe econômica da empresa árabe, as opções de refeições têm sido anunciadas apenas verbalmente pelos comissários.

Serviço de bordo da Singapore Airlines na pandemia - Divulgação - Divulgação
Serviço de bordo da Singapore Airlines na pandemia
Imagem: Divulgação
A Singapore, por sua vez, em breve, pretende implantar um cardápio eletrônico.

No Brasil, a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é pela suspensão do serviço de bordo nos voos nacionais. No caso de manutenção e nos voos internacionais, priorizar alimentos e bebidas em embalagens individuais — indicação que tem sido seguida por boa parte das companhias.

A Gol, por exemplo, que está operando cerca de 100 voos domésticos diários neste mês de junho, serve apenas alimentos industrializados e copos de água individuais, previamente higienizados e lacrados. Além disso, o serviço de compra de refeição a bordo está suspenso por prazo indeterminado.

A americana Delta, por sua vez, reduziu a frequência do serviço de alimentos e bebidas em seus voos internacionais de longa distância. Além disso, a companhia garante que os itens são limpos e higienizados com um desinfetante seguro para alimentos, por meio de "aspersores eletrostáticos [borrifadores que realizam, com grande eficiência, a limpeza de superfícies]".

Menos sofisticação nas classes nobres

Quem paga mais caro por lugares mais confortáveis e serviços exclusivos também já vê mudanças.

As refeições da classe executiva da Singapore Airlines, por exemplo, que vinham em diversos pratos, hoje são servidas em bandejas únicas - para reduzir os momentos de contato entre passageiros e comissários.

Já o cardápio segue requintado, com pratos como grelhado com molho de limão e cheesecake de baunilha com frutas frescas.

Catering ganha cuidados extras

As empresas que preparam e fornecem os alimentos para as aeronaves precisaram adotar diversas medidas sanitárias para deixar seguras suas linhas de produção.

Itens descartáveis e mais higienização tem sido a saída na hora de servir comida nos aviões na pandemia - Getty Images - Getty Images
Itens descartáveis e mais higienização tem sido a saída na hora de servir comida nos aviões na pandemia
Imagem: Getty Images

A da Delta afirma que, atualmente, antes de entrar nas cozinhas, os funcionários e visitantes têm a temperatura verificada e preenchem um detalhado questionário de saúde. Além disso, os profissionais desta área devem seguir protocolos de distanciamento social e usam equipamentos de proteção individual, incluindo coberturas faciais e luvas.

A empresa também está utilizando os aspersores eletrostáticos para higienizar veículos que transportam os alimentos até as aeronaves.

Já a multinacional de catering LSG Group, um dos maiores fornecedores de alimentos para o mercado aéreo no mundo, diz que, ainda em janeiro deste ano, ativou um "Plano Pandêmico", baseado na experiência que a empresa teve em crises sanitárias passadas, como a gerada pela Mers.

Os funcionários da empresa, por exemplo, são treinados para reconhecer, o mais rápido possível, sintomas que possam indicar contaminação pelo coronavírus. E linhas de produção de refeições foram remodeladas para gerar distanciamento entre os trabalhadores.

E, assim como o mercado da aviação em geral, empresas de catering que fornecem para o setor aéreo foram duramente impactadas pela pandemia.

O LSG Group informa que, em 2019, produziu aproximadamente 1,8 milhão de refeições por dia. Atualmente, a multinacional está produzindo, em média, apenas 5% deste volume - e muitas de suas instalações se encontram temporariamente fechadas.

Segurança a bordo

Além do cuidado com a preparação, manuseio e distribuição da comida a bordo, as companhias aéreas têm investido em outros aspectos de segurança dos ambientes de seus aviões.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as aeronaves mais modernas da frota das empresas brasileiras têm um sistema de filtro de ar que captura partículas ao promover a renovação do ar dos aviões a cada três minutos. Mesma tecnologia utilizada pela Emirates e outras companhias estrangeiras.

Cuidado com os comissários

Comissários da Singapore Airlines usam máscara e luvas durante o serviço de bordo na pandemia - Divulgação - Divulgação
Comissários da Singapore Airlines usam máscara e luvas durante o serviço de bordo na pandemia
Imagem: Divulgação

Responsáveis por servir a comida aos passageiros, comissários de bordo de diversas companhias aéreas têm trabalhado sob um forte esquema de segurança sanitária.

Diversas empresas aéreas realizam medição constante da temperatura de seus tripulantes, para identificar eventuais sintomas de covid-19.

Outras companhias vão além. A Emirates, por exemplo, além de obrigar o uso de máscaras e outros equipamentos de proteção individual, oferece transporte de carro para os comissários entre suas residências e o aeroporto, antes e depois dos voos.

Além disso, no retorno a Dubai, onde toda a tripulação de cabine da companhia está sediada, são realizados testes de covid-19 nos profissionais. Os membros da tripulação ainda são colocados em quarentena de 14 dias após viagens aéreas, segundo a empresa.