Liberdade passa por simplicidade, por ostentar menos e ser mais real. São esses valores que Karin Farah, 47, e o marido, Felipe Carvalho, encontraram ao trocar a badalada São Paulo pela paradisíaca Trancoso, na Bahia. Há 12 anos eles buscavam em todo o litoral brasileiro um lugar que descomplicasse a vida urbana que levavam. "Queríamos algo no estilo 'um amor e uma cabana'", ri.
Karin sempre ouvia dos amigos que Trancoso era a cara dela. Relutou, até que resolveu ver de perto. "Dirigi três dias até aqui. Na chegada, aluguei uma casinha de sonhos, bem simples, de pescador. Trocamos o luxo de São Paulo por uma cabana. Foi bem assim".
Alguns meses depois de conhecer o lugar, perceberam que queriam passar o resto da vida ali. Compraram um terreno para construir seu novo trabalho, que seria uma pousada com nove casas ao redor da sua. Nascia assim a Casas da Vila, que se expandiu como uma missão: no instagram @ka_farah estão dicas de como Karin embeleza o entorno.
Sempre me pego pensando que a vida é tão simples... Temos tudo na natureza. Fiz minhas casinhas com as mãos e coisas encontradas por aí"
Livre de excessos
Naquela chegada, as mil coisas que tinha trazido da capital paulista ocuparam uma casa inteira. "Isso escancarou que o mundo de excessos, de compras caras e shoppings não fazia nenhum sentido mais. Digo que a minha transformação começou pelos pés. Queimei os sapatos altos e hoje tenho apenas uma arara com vestidos e sandálias. Minha missão é mostrar que a vida simples é possível. Bom gosto não tem a ver com dinheiro."
Assim, mergulhou no clima da Bahia. "Em Trancoso não tem ostentação, até os mais ricos se tornam simples. É claro que gosto de conforto, coisas lindas, design. Estava acostumada com isso em São Paulo". Mas aqui essas coisas lindas estão disfarçadas na natureza. Basta a gente descobrir e criar".
Regionalismos encantadores
A vida em Trancoso treinou o olhar de Karin para essas descobertas: as árvores de cabaça têm oferecido material para criações. De olho nas artesãs locais ela se encantou com o macramê, que tem a ver com a cultura de simplicidade.
"Você faz usando as mãos, linha e uma tesoura, nada mais. Preparo um bolinho, chamo as amigas e fazemos macramê. Treinamos o intelecto, alongamos o corpo e temos a sensação de 'eu que fiz', que é impagável", diz. A próxima aventura vem aí: um balanço gigante usando apenas as mãos e linhas.
Mais encantos das casas baianas? Ela aponta os telhados feitos de taubilha, que cobrem as moradas mais simples e se mostram muito resistentes. "Os meus existem há uns 15 anos e estão novos. É pra sempre", diz. Há também as portas mexicanas, que, divididas ao meio, permitem a entrada da brisa, resguardando a privacidade dos quartos. "Durmo com tudo aberto. É um paraíso".
Lustre de pet reciclado
No pergolado, outra surpresa: o lustre foi criado com restos de garrafas pet coloridas, por Laila Assef, artista baiana.
É o contraste perfeito aos tons neutros e ao branco -- que predomina em Trancoso pela facilidade da manutenção.
A origem libanesa de Karin dialoga com os regionalismos, incorporando elementos lúdicos e itens feitos diariamente com o que encontra na região. "Essa mistura que eu amo é a cara de Trancoso. Sem regras, com simplicidade e conforto. E isso está longe da ostentação".
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