Louane Martins de Souza
Ariano Suassuna, gênio da literatura brasileira, mal sabia o quanto sua obra influenciaria gerações futuras. Aos 13 anos, a estudante Louane Martins de Souza recebia uma tarefa escolar que mudaria sua vida para sempre: criar uma xilogravura para homenagear o escritor paraibano.
"Sempre gostei de desenhar e pintar, desde criança. Minha mãe viu a xilo feita e me incentivou, dizendo que eu deveria pensar em fazer mais", lembra. A partir daí, os desenhos se multiplicaram, usando materiais baratos que ela tinha em mãos.
Um dia, tudo mudou: ao retratar Camila Pitanga na novela Velho Chico, ela ganhou um repost da atriz e foi convidada para contar sua história em um programa de TV.
"Eu tinha quatro meses de trabalho e comecei a receber encomendas. Era uma sensação indescritível ver que as pessoas queriam ter minha arte em casa", conta. Assim que sentiu o gosto do fazer manual, Louane aprimorou o ofício.
Da avó, Maria, veio a inspiração para o nome do ateliê Maria Xilo (@mariaxilo no Instagram). "Queria que ela estivesse sempre presente em tudo o que eu fizesse". Dona Maria, já falecida, certamente teria orgulho. Hoje, aos 17 anos, Louane inclui reflexões filosóficas e provocações nos desenhos que faz.
Penso que precisamos trazer à arte o tom emocional e o que estamos vivendo, assim como Picasso fez com Guernica".
Retratar o racismo
Suas últimas xilogravuras falam de racismo e de ressignificar o momento. "A arte se faz muito necessária nesse período, embora essa questão exista desde sempre", conta. Os desenhos do papel foram para telas, tábuas de madeira, colher de pau e jarro de barro.
"Minhas raízes são nordestinas. Sou de Recife e meus avós da Paraíba. Vivi um bom tempo no sítio e aprendi muito com eles. Acredito que o conhecimento tem a ver com vivências que você teve", diz ela.
Sonhos e conquistas
A procura por seus desenhos é sazonal. Graças a isso, ela divide o dia entre os estudos de manhã e o trabalho à tarde. "Estou no 3º ano, é uma loucura. Mas aprendi a administrar o tempo".
Assim, Louane vai desenhando sem encomendas, livre e leve. Os desenhos levam inúmeros detalhes — alguns exigem um dia inteiro de caneta na mão. "A maior tela teve oito metros, fiz em 18 dias", comemora.
2020 marca sua primeira exposição, realizada em um espaço do bloco de carnaval nordestino Galo da Madrugada, cujo desfile homenageou a xilogravura. "Quero que minha arte mude a vida das pessoas. Gosto muito de retratar o povo."
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