Com navios parados, companhias já planejam o "novo normal" dos cruzeiros
A pandemia afetou duramente o mercado de cruzeiros: no começo da crise sanitária, transatlânticos foram foco de transmissão de coronavírus, as viagens marítimas e fluviais estão canceladas em todo o mundo e os navios, parados.
A MSC, por exemplo, está com sua frota de 17 navios espalhados por portos de cinco lugares do globo: Itália (no mar Mediterrâneo), Bahamas (Caribe), Emirados Árabes Unidos (Golfo Pérsico), Brasil (oceano Atlântico) e África do Sul.
Todos os navios estão em um modo chamado "warm lay-up", termo que, no meio profissional da navegação, indica que um navio se encontra fora de serviço, mas pronto para retomar suas atividades de maneira rápida. Apesar de ancoradas, as estruturas são colocadas em funcionamento frequentemente, por uma equipe chamada de "Minimum Safe Manning" (algo como Tripulação Mínima de Segurança).
Segundo a empresa, há aproximadamente 60 tripulantes em cada um de seus transatlânticos para esse tipo de serviço, além da higienização a bordo — o que não deve ser tarefa fácil, visto que se trata de verdadeiras cidades flutuantes: o MSC Seaview, por exemplo, tem 20 andares, mais de 2.000 cabines, 11 restaurantes e capacidade para transportar mais de 5.000 passageiros.
Preparação para o retorno
Para voltar a realizar navegações, o mercado de cruzeiros já está desenvolvendo procedimentos para proteger a saúde de seus passageiros e dá pistas de como deverá ser a realidade dentro de grandes embarcações turísticas a partir de agora.
A companhia de luxo Paul Gauguin Cruises, por exemplo, anunciou que reiniciará seus cruzeiros a partir do próximo dia 11 de julho, com jornadas concentradas no arquipélago da Polinésia Francesa (sul do oceano Pacífico) a bordo de um navio que também leva o nome do famoso pintor cuja capacidade é de 332 hóspedes.
Segundo a empresa, no momento do embarque, todos os passageiros e tripulantes terão suas temperaturas verificadas, preencherão um questionário de saúde e ganharão máscaras e recipientes com álcool em gel para desinfetar constantemente as mãos. As bagagens, por sua vez, também serão desinfetadas.
Além disso, o ar será renovado com maior frequência nas áreas sociais do navio, e haverá maior espaçamento entre as mesas no restaurante de alta gastronomia que existe a bordo. Já o teatro e a academia de ginástica irão operar com apenas 50% de sua capacidade de público.
Os profissionais de limpeza deverão limpar, a cada hora, superfícies das áreas comuns a bordo e todos os tripulantes serão obrigados a usar máscaras.
A promessa é que a embarcação conte, ainda, com instalações médicas e capacidade para realizar testes de covid-19 em todas as pessoas presentes no cruzeiro. Os hóspedes também podem esperar que sua temperatura seja verificada todas as vezes em que retornarem ao navio depois de uma excursão em terra.
Mais companhias prometem condutas semelhantes. A Regent Seven Seas, que também já anunciou planos para operar viagens marítimas em breve, informa que ainda está desenvolvendo todos os protocolos sanitários que se farão presentes nesta viagem.
Já a Carnival Cruise Line, informa que, em um primeiro momento, pretende recomeçar a realizar cruzeiros a partir de portos que possam ser facilmente acessados de carro por uma grande quantidade de clientes (como portos localizados em grandes centros urbanos, como Miami, na Flórida).
Palavra de médico
Médico infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Igor Marinho afirma ver "com bastante receio" o retorno dos cruzeiros nesta época de pandemia.
"Haverá um grande volume de pessoas em um pequeno espaço, com contato entre todas elas", diz ele. "É possível retomar as atividades dos cruzeiros, mas é preciso tomar cuidado, com protocolos de segurança específicos para que tudo ocorra da melhor forma possível".
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