"Já falaram muitas coisas sobre minha arte: que sou neobarroco, naïf, carnavalesco das miniaturas... acho que sou apenas um artista que recebe a arte", diz com simplicidade o mineiro Willi de Carvalho, baseado em Belo Horizonte.
Seu trabalho conta histórias da vida cotidiana brasileira, exalta os festejos e traz literatura com uma porção de detalhes incríveis. Quanto mais minúcias, melhor para ele - e para nós. "Já fiz uma arquibancada de circo com 80 bonecos. Cada um deles levou meia hora. As mulheres são difíceis, porque detalho bem cada uma delas", ri.
As obras carregam memória afetiva e uma dose de teatro - no passado, ele foi cenógrafo e antes de projetar os cenários, as criava em miniaturas. "Tudo começou em 1997, quando conheci Hélio Leite e fiquei encantado: ele fazia teatro dentro de uma caixa de fósforos. Cada caixinha contava uma história. Ele me incentivou a fazer como ele e gostei. A partir disso, desenvolvi coisas minhas e maiores em tamanho, sem imitá-lo", lembra.
Como nascem as criações
A arte de Willi pousa sobre papel paraná com diversos materiais. "Uso de tudo, até tela rasgada. Minha esposa, Clélia Lemos, encontra objetos interessantes na rua e me estimula a reutilizar. Misturo isso a pedrarias, fita colorida, papelão e papietagem".
Nas cenas criadas entram os temas regionais, que resgatam o sertão e se inspiram no folclore de Montes Claros, onde nasceu. "Já li três vezes Grande Sertão, Veredas. Comecei a compreender só na segunda vez. Fiz muitas coisas com base no livro de Guimarães Rosa".
Obras premiadas
Com o tempo, vieram as exposições e prêmios. E ainda o olhar maravilhado de estrangeiros, que levam sua arte para o exterior. Willi ganhou o mundo - recentemente teve uma obra leiloada ao lado de um quadro de Vik Muniz, em Nova York. Já a peça mais trabalhosa levou 15 dias para ser finalizada. Intitulada Festas Brasileiras, ganhou menção na Bienal de Arte Naif de Piracicaba, SP.
Com a pandemia, muitas de suas criações estão esperando um novo dono. No momento, ele dá vazão às encomendas.
"O pessoal gosta muito das festas populares brasileiras que faço. Fico muito feliz em ter colecionadores do meu trabalho", conta o autodidata.
No último ano, a escola de samba União da Ilha fez uma homenagem a sua arte. Willi, aos 54 anos, realizou um sonho e planeja os próximos, sem ficar parado. "Se aquele sertanejo que eu era no passado me visse alçando voo assim...Só me falta fazer um livro. Já estamos fazendo", ri.
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