Já falamos por aqui como o romantismo do campo vem ganhando força na moda nos últimos tempos e deve ser ainda mais presente pós-coronavírus. O estilo "caipira hipster" é marcado por algumas tendências que se adaptam ao urbano e fazem com que o street style não seja apenas feito de jaquetas de couro, mas também de xadrez, chapéus e artigos de palha.
O estilista nordestino Johnson Cavalcante reforça essa análise em conversa com Nossa.
Eu vejo isso como uma busca pelo aconchego do mato e do interior", argumenta.
O jovem designer vê a moda tomar um rumo que já enxergava desde criança, quando assistia a sua mãe na máquina de costura no interior de Alagoas. "O contemporâneo precisa muito do passado", opina. "Muitas referências do campo na cidade. Como se pegasse aquele ar e trouxesse para a cidade grande".
O tema é recorrente em seus desfiles, como no Dragão Fashion Week, evento anual de moda que acontece na cidade de Fortaleza, considerado o terceiro maior evento de moda do país.
O que há de rural na moda urbana?
Para o estilista, o xadrez, tão presente nas épocas juninas de São João, é uma das tendências fundamentais da cultura nordestina que ganhou o mundo. Sempre presente, ele deve aparecer ainda mais em diversas releituras, como vestidos, camisas, calças.
As calças rasgadas, remendadas e sobreposição de tecidos em peças também marcam o rural na moda urbana.
"Quando você consegue agregar isso na moda contemporânea e dá um novo sentido é sensacional. Ainda além: é necessário", comenta. "Quando algo vai para o urbano, é como se a identidade cultural do interior fosse compartilhada para o mundo".
Ressignificação
Os chapéus e acessórios de palha, que vemos nas coleções de grandes grifes no mundo, antes de serem tendência eram uma necessidade para quem morava no interior e trabalhava com a colheita, por exemplo.
"O chapéu sempre foi utilizado para proteger do sol", relembra ele. "Depois ele se tornou um acessório. Hoje em dia, o chapéu na moda vem como um acessório de combinação e elegância".
A roça hoje é o mundo".
Até mesmo as campanhas de moda abraçam esse universo. A presença de animais, como cabras e bodes, não é à toa. "Parte-se do princípio de que são eles quem dão alimento e movimento ao campo".
Outros elementos aparecerão
Johnson cita a chita diversas vezes na conversa como uma das tendências nordestinas que devem aparecer cada vez mais.
"O tecido está vindo rebordado. Com pedrarias ou com linha mesmo, aproveitando o volume que se faz", comenta. "Eu acho isso incrível porque é a valorização do artesão. A arte feita pela mão".
Nas demais apostas do designer, aparecem os vestidos esvoaçantes, mais soltos, as estampas florais, e o linho — visto por muito tempo, principalmente no Nordeste, como artigo de luxo.
"O linho vai vir muito forte", opina. "As pessoas estão começando a pegar o linho e trazer para o casual e não somente na alfaiataria".
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