Chocolate quente deixa o inverno mais gostoso. Experimente receitas
A queda nos termômetros em boa parte do país é motivo suficiente para o preparo de um chocolate quente. A bebida com jeitão europeu é ótima para espantar o frio e trazer aconchego - para o corpo e a alma.
Mesmo sendo um país tropical e, por essa razão, não ter um inverno tão rigoroso quanto no outro lado da linha do Equador, o chocolate quente é mais uma herança que o brasileiro abraçou dos povos colonizadores.
Foi a Suíça que popularizou o hábito de adicionar um bom chocolate ao leite em alta temperatura. "Normalmente leva chocolate ralado para um resultado mais cremoso. Há, ainda, outras opções para espessar, como gema ou amido de milho", cita Maurício Lopes, professor de técnicas de cozinha do curso de gastronomia da Universidade Mackenzie.
Também seguindo costumes de lugares mais frios, podem ser incluídas bebidas alcoólicas, como conhaque, whisky ou algum tipo de licor que, em regiões como os Alpes, são um reforço para minimizar as temperaturas abaixo de zero.
E como tudo que é bom pode ser melhorado, os desdobramentos da receita ganharam incrementos que incluem especiarias (canela e noz-moscada, principalmente) e cremes - inglês, de leite e chantilly são os principais.
É da Europa? Não! Das Américas
Apesar dessa pegada europeia, o chocolate quente, em sua versão mais genuína, nasceu mais perto daqui. "Originalmente, era apenas a amêndoa do cacau torrada e moída com pedras (rolo), até hoje são usadas - no México, principalmente -, que transformam em bebida essa pasta de cacau, misturada com água", conta Maurício.
De acordo com ele, há registros de que os maias, olmecas, astecas e até os incas, entre México e América Central, cultivavam e transformavam o cacau na versão líquida. "Era vista como bebida fortificante, bebida dos deuses, tomadas em rituais", detalha.
Foram os espanhóis, vindos para as Américas, que levaram o cacau para a Europa, entre os séculos 17 e 18. De lá, o fruto adentrou para França, a Holanda e Suíça, onde a combinação de água com o cacau em pasta ganhou ingredientes novos. "Primeiro, foi só açúcar", diz Maurício.
Foi ali, numa das casas dos Alpes, que o cacau começou a ser transformado. Com a descoberta de que poderia ser extraída manteiga do fruto, surgiram as barras de chocolate, como opção de doce. "Ele sai de um produto que é só bebida e vira sobremesa, com participação e influência de várias culturas", observa o professor.
Segundo ele, a Inglaterra foi uma das primeiras a misturar o chocolate com outros ingredientes - o leite, principalmente. "A Espanha, como porta de entrada do cacau, tem o chocolate quente completamente diferente de todos os lugares da Europa: não é tão doce. é mais amargo, muito próximo do que encontraram na região do México", pontua Maurício.
Caminho de volta
"Por incrível que pareça, no Brasil, o cacau chegou através dos franceses, através da Guiana Francesa", acrescenta o professor. Desembarcou na região da Bahia, onde passou a ser cultivado, derivando um verdadeiro império dos barões do cacau.
Paralelamente, a turma que vivia na região da floresta amazônica - Pará e Amazonas, sobretudo - já conhecia o valor do fruto e também o explorava. Segundo Maurício, surgiram verdadeiras disputas, incluindo ações criminosas com a disseminação da vassoura-de-bruxa.
"Isso provocou um atraso de 40 anos na produção de cacau brasileira, mas hoje sabemos que temos um chocolate de qualidade e não mais enxergamos que um bom chocolate é apenas o belga ou suíço", comenta Maurício.
Receitas para todos os gostos
Já que o friozinho está aí, experimente alguma (ou várias) das deliciosas opções de chocolate quente a seguir.
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