Xilogravura, o cordel nordestino e humor. O recifense Perron Ramos, 33, juntou tudo isso e encontrou uma arte única para representar seu Nordeste, há mais ou menos seis anos. Designer gráfico e artista plástico, ele começou a ilustrar sem muita pretensão. "Era algo bem amador e fiz a página @estiloxilo — com ela, fui ganhando espaço com meu trabalho", conta.
Não era simplesmente pelos desenhos, mas o sucesso veio também porque Perron sempre seguiu um caminho diferente, aplicando suas ilustrações em materiais incomuns. Assim, atraiu atenção de famosos, como Bráulio Bessa, poeta e cordelista.
Perron já pintou em garrafa, colher de pau, tábua de carne, peças de barro e vive buscando a próxima peça.
Sempre observo outras possibilidades: prato, palet, filtro de café, xícara de barro..."
Reconhecimento
Em 2015, foi convidado para ilustrar o livro do prêmio Mandacaru e em 2016 seu traço ilustrou a campanha de 50 anos da TV Globo. Na época ele também desenhou o primeiro livro de Bráulio Bessa, "Poesia com Rapadura". Quando passou a fazer releituras de obras famosas, ganhou ainda mais destaque nas mídias.
"Meu objetivo é mostrar que a estética nordestina pode entrar em diversos materiais, sem pegar a via clichê que vemos sempre por aí. Tento buscar referências que tragam um novo olhar e não tenham a ver com Nordeste exatamente."
Largou tudo e abraçou a arte
E pensar que antes Perron era daqueles que saíam tarde do escritório: era diretor de arte em agência de publicidade. Num belo dia de 2014, jogou para o alto o trabalho formal e se lançou na arte. "Comecei a me planejar e passei um tempo juntando recursos para isso. Conciliava os dois trabalhos até me sentir seguro de que era isso que queria. Quando tive certeza, não parei mais."
O dia no ateliê, que fica em seu apartamento, começa cedo. "Às vezes faço uma sequência de coisas, como os passarinhos de cerâmica, que levam o dia todo de processos. Pinto à mão livre, selo com verniz e pronto."
Um multiartista feliz
Como Perron trabalha com diversos materiais, passa por fases. "Estava na do filtro de café. Mas se eu ficar focado demais numa peça, perco a essência. Tento mesclar o que me traz prazer e o que vende, que é importante ser feito. Eu me desestresso desenhando, tenho muito amor mesmo pelo que faço. Trabalho aos fins de semana feliz da vida."
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