"Presos" no Brasil, estrangeiros contam como se apaixonaram pelo país
Com os cancelamentos de voos e fechamentos de fronteiras internacionais causados pela pandemia, muitos turistas estrangeiros ficaram presos no Brasil nos últimos meses.
Porém, mesmo com suas viagens impactadas pelo coronavírus, alguns deles deram início a verdadeiras histórias de amor durante sua permanência no país.
A seguir, saiba como cinco estrangeiros se conectaram profundamente com o Brasil neste período de incertezas e crise sanitária.
Aga Szczepanska, polonesa, 38 anos...
...encontrou um grande amor no Brasil
Como chegou ao Brasil: Realiza uma grande viagem pelo mundo há mais de um ano e, no último mês de janeiro, entrou no Brasil via Fortaleza (CE). Após percorrer o litoral nordestino, chegou à Chapada Diamantina (BA) em março, na mesma época em que a crise sanitária do coronavírus se instalou no país. Desde então, Aga está morando na cidade de Lençóis, um dos principais centros urbanos da região da Chapada.
Como se conectou com o país: Em Lençóis, Aga conheceu o brasileiro Gabriel, que trabalha como guia turístico e com quem começou a namorar e a dividir casa.
Meu plano era ficar na Chapada por apenas uma semana, mas já estou aqui há quatro meses", conta ela.
"Com meu namorado, me sinto segura no meio desta pandemia. Estou longe da minha família e sei que posso contar com ele para qualquer coisa. Não cogitava começar uma relação séria no meio da minha viagem e, agora, estou vivendo o relacionamento mais intenso da minha vida, compartilhando as 24 horas do dia com outra pessoa e curtindo tudo isso".
Planos para o futuro: Aga não sabe o que vai acontecer depois que a pandemia estiver controlada e ela puder cair na estrada novamente: "quero continuar viajando, e falo muito disso com meu namorado, que tem sua vida em Lençóis. É difícil saber o que vai acontecer no futuro".
Por enquanto, a polonesa está aproveitando o presente, aprendendo português com o namorado e curtindo a tranquilidade e as belezas do município de Lençóis. "Estou feliz por estar em uma cidade pequena, tranquila e longe das loucuras da cidade grande. Temos cachorros e estou cercada pelas montanhas. Me considero uma pessoa sortuda por estar nesta situação".
Mayumy Rivera, norte-americana, 26 anos...
...comprou apartamento em São Paulo
Como chegou ao Brasil: Estava morando na China, onde fazia um curso de mestrado, e veio a São Paulo em dezembro de 2019 para visitar a família do namorado (que é brasileiro). Seu plano era ficar no país até fevereiro, mas, por causa da crise gerada pela pandemia, não foi mais embora do Brasil.
Como se conectou com o país: Antes da pandemia, o plano de Mayumy era visitar o Brasil por cerca de três meses e, então, voltar para China. Mas, agora, ela deve permanecer por muito mais tempo aqui.
Adaptada à vida paulistana, acolhida pela família de seu namorado e aproveitando a cotação favorável do dólar perante o real, a norte-americana concluiu seu mestrado pela internet e, junto com seu companheiro, comprou um apartamento em São Paulo. "Adoro o Brasil e a cultura do país", conta ela.
Resolvemos fazer este investimento e, agora, parece que ficarei no Brasil por um tempo".
Planos para o futuro: Mayumy está no processo para conseguir residência permanente no território brasileiro. "Já que toda esta situação da pandemia aconteceu, acho que é mais seguro permanecer no Brasil neste momento. Meu companheiro tem sua família aqui. Ou seja, ele está em casa. E, agora, estamos pensando em investir em outros imóveis no país".
Porém, a norte-americana conta que, em um futuro mais distante, pretende ter outras experiências internacionais junto com seu companheiro, como morar na Europa. "Mas vamos ficar por aqui enquanto houver esta situação de pandemia", diz.
Johnny Oram, norte-americano, 45 anos...
...está aprendendo (e ensinando) a fazer receitas brasileiras
Como chegou ao Brasil: Veio ao Brasil em dezembro de 2019 para visitar a namorada, uma mineira que vive em Belo Horizonte. "Eu deveria voltar aos Estados Unidos em junho deste ano, mas com o cancelamento das viagens aéreas, fiquei por aqui", conta ele.
Como se conectou com o país: Johnny havia estado no Brasil em outras oportunidades e já conhecia diversos aspectos culturais do país. Porém, ele está usando sua atual permanência por aqui para realizar uma imersão na culinária local.
O norte-americano aprendeu a fazer receitas como pão de queijo, brigadeiro e bolo de macaxeira - e está ensinado o processo de produção destas iguarias em um canal que criou no YouTube, chamado "Finding Ono". Nos vídeos, Johnny explica, em inglês, o passo a passo das receitas, desvendando, para seus amigos estrangeiros, ingredientes como os queijos mineiros e o polvilho doce. O canal ainda tem poucas publicações, mas Johnny promete divulgar novas receitas brasileiras em breve.
Planos para o futuro: O norte-americano pretende continuar vinculado com o Brasil: ele está ajudando a desenvolver uma plataforma digital que auxilie hospitais brasileiros e outras organizações sanitárias a conseguir equipamentos de proteção individual e outros itens usados no combate à pandemia de coronavírus, conectando diretamente estes centros de saúde com diversos fornecedores ao redor do mundo.
E, quando as coisas começarem a se normalizar, também quero fazer tudo o que for possível para promover o turismo internacional no Brasil. Eu amo este país", diz ele.
Mayan Benedicto, filipina, 29 anos...
...adotou Itacaré como lar
Como chegou ao Brasil: Estava realizando uma grande viagem pelo mundo e se encontrava em Itacaré (BA) quando a crise sanitária do coronavírus chegou ao Brasil. Sem poder continuar com sua jornada global por causa do fechamento de fronteiras internacionais, adotou o balneário baiano como seu lar durante a pandemia: está lá há mais de quatro meses.
Como se conectou com o país: Mayan conta que, mesmo rodeada pelos cenários paradisíacos de Itacaré, passou por uma depressão nos seus primeiros meses no balneário, gerada pela situação crítica do mundo. Mas a natureza deste recanto baiano a ajudou a se recuperar.
Morando em uma casa que fica em uma área relativamente isolada de Itacaré, ela diz que, nos últimos meses, tem surfado no mar que banha a região e praticado muita ioga.
Acho que não há um melhor lugar do que aqui para ficar presa durante a pandemia", diz ela.
"Estou olhando para meu jardim neste momento e vendo pássaros exóticos nas árvores. Isso é perfeito para mim".
Planos para o futuro: "Quando cheguei aqui, pensava em ficar em Itacaré por apenas duas semanas", conta Mayan. "Mas me apaixonei por este lugar, ele virou minha casa. Enquanto esta situação de pandemia permanecer, não me importo em prolongar minha estadia aqui".
Geneva e Mike Saint-Amour, norte-americanos, 54 e 60 anos...
...contribuem com a comunidade de Canela
Como chegaram ao Brasil: O casal está cruzando as Américas a bordo de um trailer e entrou no Brasil, a partir da Guiana Francesa, em janeiro deste ano. Quando a crise sanitária se instalou no país, eles estavam em Canela - e decidiram permanecer na cidade gaúcha até a situação se normalizar. Estão lá há mais de quatro meses.
Como se conectaram com o país: O casal conta que sentiu a necessidade de "contribuir com a comunidade de Canela" durante sua permanência na cidade. Os dois já ajudaram um orfanato local (doando alimentos e brinquedos para as crianças e adolescentes cuidados pela instituição) e uma ONG que cuida de animais resgatados nas ruas do município (pagando pelo tratamento veterinário de alguns dos bichinhos).
"Também nos empenhamos para comprar produtos de diferentes estabelecimentos da cidade, para fazer com que o máximo possível de negócios se beneficie com os nossos gastos e consiga manter as portas abertas nestes tempos difíceis".
Planos para o futuro: O casal conta que está adorando Canela: para eles, a cidade é um ótimo lugar para caminhar e se encontra cercada por lindas paisagens naturais. E o que vem a seguir? Mike relata que a viagem dos dois pelas Américas já dura três anos e que, quando as fronteiras forem reabertas, eles querem conhecer outros países que já faziam parte de seu roteiro, como Uruguai, Argentina e Bolívia.
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