Mercado das viagens rodoviárias tenta se adaptar e sobreviver à pandemia
Dezenas de milhões de passageiros viajam com ônibus rodoviários pelo Brasil todos os anos.
Como em muitos outros setores, porém, o coronavírus atingiu em cheio esta conexão entre cidades e Estados do país, reduziu drasticamente o número de usuários e trouxe outras demandas para a proteção de quem circula entre rodoviárias e veículos.
Limpeza reforçada nos terminais
Os processos de higienização dos locais de embarque, desembarque e passageiros dos ônibus estão mais rígidos.
A concessionária Socicam, por exemplo, que administra 28 terminais rodoviários em todo o Brasil (como os do Tietê e da Barra Funda, em São Paulo), desenvolveu um "plano de biossegurança" para diminuir o risco de disseminação do coronavírus que promete desinfectar superfícies de contato, como corrimãos e carrinhos de bagagem. Além disso, dispensers de álcool em gel 70% já estão espalhados por áreas de circulação de todos os terminais.
Nos terminais rodoviários do Tietê e de Campinas, a empresa também instalou, em caráter de teste, estruturas conhecidas como boxes neutralizadores, nos quais os passageiros são pulverizados com produtos capazes de eliminar vírus.
E, no chão dos terminais, há hoje marcações que ajudam o passageiro a manter distância de outras pessoas.
A empresa promete, ainda, que está desenvolvendo ações de testagem em massa. "Nas últimas semanas, foram realizados 350 testes rápidos de covid-19 em motoristas de ônibus e nos colaboradores da Socicam nos terminais rodoviários da Paraíba. Em todos os casos, não houve testagem positiva para a doença", afirma.
No futuro, a empresa estuda adotar outras medidas de combate à disseminação do coronavírus, como a instalação de câmeras que medem a temperatura dos usuários nos terminais rodoviários.
Ônibus mais seguros
Fabricantes de carrocerias de ônibus rodoviários já estão desenvolvendo estruturas que diminuam o risco de transmissão da doença.
A Marcopolo, por exemplo, criou um interior de ônibus onde todas as poltronas ficam afastadas umas das outras, com três assentos individuais por fileira, separados por dois corredores.
Banheiros equipados com luz ultravioleta, capaz de eliminar agentes infecciosos, também estão sendo instalados em carrocerias da empresa, assim como cortinas antimicrobianas entre as poltronas.
Já a fabricante Busscar relata que está instalando estações de álcool em gel, cortinas entre as poltronas e purificadores de ar mais eficientes no interior dos seus ônibus. A empresa também pretende colocar, nos veículos, terminais de reconhecimento facial que auxiliarão na fiscalização do uso de máscara e medirão a temperatura corporal dos viajantes.
Viações com cuidados redobrados
As empresas de ônibus rodoviários, responsáveis por transportar os passageiros pelas estradas do país, também adotaram cuidados sanitários redobrados neste momento.
Conectando cidades do Estado de São Paulo, a LiraBus informa que tem "efetuado a assepsia, com bactericida e álcool em gel 70%, dos corrimãos, assentos, encostos de cabeça, braços das poltronas, porta-pacotes e piso dos ônibus toda vez que os veículos são recolhidos na garagem".
A viação também informa que "antes do início de suas jornadas de trabalho, nossos colaboradores têm aferidas as suas temperaturas corporais. Caso a temperatura esteja igual ou acima de 37,7°C, a pessoa é encaminhada imediatamente à unidade de saúde mais próxima".
E o número de passageiros nos ônibus foi reduzido: os veículos da LiraBus estão circulando com, no máximo, 50% da capacidade operacional.
A Viação Águia Branca, por sua vez, tem medido a temperatura dos passageiros no momento do embarque e ocupado, no máximo, 50% das poltronas de seus ônibus.
Além disso, é obrigatório o uso da máscara pelos passageiros durante toda a viagem e, em todos os ônibus, são disponibilizados desinfetantes para a higienização das mãos. A empresa promete, também, diariamente a saúde dos colaboradores, com apoio de equipe médica interna. E aí estão incluídos motoristas e todos os funcionários que atendem o público".
A Viação Águia Branca ainda informa que, no momento, está com suas salas VIP fechadas, "para evitar aglomerações".
Venda online de passagens
Para evitar filas e aglomerações nos guichês, o passageiro rodoviário está sendo estimulado a comprar suas passagens pela internet.
A LiraBus, por exemplo, possui um sistema chamado Embarque Rápido, em que o cliente tem a opção de adquirir um bilhete eletrônico via internet e com ele ir diretamente à plataforma de embarque, sem a necessidade de passar pelo guichê.
Apesar desta opção, nos terminais rodoviários os guichês também estão operando, com funcionários de máscara. O piso das áreas de compra foi demarcado com sinalizadores, para que o cliente mantenha uma distância mínima e segura de outras pessoas.
A Viação Águia Branca e muitas outras também oferecem a opção do cartão de embarque digital. Também é possível comprar bilhetes em grandes plataformas online como a ClickBus, que vende passagens de diferentes viações.
É seguro viajar?
Ainda que o mercado esteja se preparando com medidas rígidas para preservar a saúde de seus passageiros, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Walter Palis, recomenda que, neste momento, a pessoa só entre em um ônibus rodoviário caso tenha que fazer uma viagem "extremamente necessária".
"As medidas sanitárias adotadas pelas empresas minimizam o risco da disseminação do coronavírus, mas não o eliminam completamente. Viagens que podem ser adiadas devem ser adiadas", diz.
O médico também aconselha que, caso tenha que realizar a jornada, o passageiro não se esqueça de utilizar máscara, usar sempre álcool em gel e, nas paradas do ônibus, lavar bem as mãos.
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