Brasileiro cruza a Europa de bike e vê diferentes realidades da pandemia
O brasileiro Marcos Bueno, 36 anos, é um ciclista que gosta de desafios superlativos. Entre 2016 e 2017, ele cruzou o mundo com sua bicicleta, em uma viagem que começou em Portugal e atravessou regiões como a Europa, o norte da África e a Ásia.
Neste mês de julho, após a reabertura de muitas fronteiras no Velho Continente (que haviam sido fechadas por causa da pandemia), foi a vez de dar início a outra aventura grandiosa: Marcos mora na Finlândia e decidiu realizar uma pedalada entre a Estônia e a Itália - em um trajeto que irá percorrer cerca de 5.000 quilômetros e visitar 10 países.
Até agora, a viagem já cruzou locais como Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca e Áustria.
Para o brasileiro, a bicicleta é um dos melhores meios para viajar nestes tempos de pandemia, já que se está ao ar livre o tempo todo.
"Consigo evitar as grandes cidades e acampar no meio do caminho", conta ele. "Os grandes centros urbanos não me interessam. Meu foco é passar por lugares como florestas, montanhas e lagos", diz.
Entre tranquilidade e "mascarados"
Marcos conta que a atitude das pessoas perante a pandemia muda bastante de nação para nação. "Nos países bálticos, onde a covid-19 não teve uma expressão significativa, ninguém usa máscara e não há muitas restrições. Já na Polônia, foi a primeira vez em que vi pessoas utilizando máscara. Mas é algo opcional, não é todo mundo que usa", relata.
Ele conta que "a situação ficou mais séria" na Alemanha, com donos de lojas e outros estabelecimentos exigindo que os clientes usem máscara.
Durante sua viagem, ele carrega uma espécie de bandana elástica utilizada por ciclistas para agasalhar o rosto e o pescoço. E o item virou seu meio de proteção na hora de entrar em locais fechados, como lojas que vendem alimentos.
Porém, em lugares ao ar livre na Alemanha (como parques públicos), Marcos diz que o "distanciamento de um ou dois metros entre as pessoas não acontece na prática. Está todo mundo vivendo normalmente. Mas tenho evitado estas multidões. Se eu ficar doente, acabou a viagem".
Imagem negativa do Brasil
Transitar entre os países europeus tem sido tarefa simples para o ciclista. "Todas as fronteiras foram fáceis de cruzar. Às vezes, nem percebo que troquei de país".
A atitude de alguns interlocutores, entretanto, muda quando eles percebem que Marcos é brasileiro.
Ele afirma que tem sido indagado, por pessoas com quem eventualmente interage na estrada, sobre a situação da pandemia no Brasil, vista como descontrolada por muita gente no exterior.
"Primeiramente, sempre me questionam: 'mas como você veio para a Europa com esta situação toda?'. Aí tenho que falar que moro na Finlândia".
Mas Marcos também relata receber comentários do tipo: "meus pêsames pelo presidente que vocês têm". "A imagem negativa do Brasil é presente na Europa", observa ele.
Perigos da estrada e a meta final
Na atual jornada pela Europa, sua meta é atravessar aproximadamente 200 quilômetros por dia. E muitos dos terrenos que aparecem no caminho são extremamente desafiadores, como trechos íngremes em montanhas e áreas assoladas por ventanias.
Junto com medidas de proteção contra o coronavírus, Marcos deve tomar cuidado com os perigos que existem nas rodovias, como o risco de se envolver em acidentes com outros veículos. "Já perdi amigos ciclistas em acidentes causados por motoristas imprudentes", diz ele.
O ciclista conta que, ao cruzar a região dos Alpes no último dia 14 de julho, se distraiu com um motorista que o cumprimentou e esteve perto de sofrer um acidente grave: ele quase perdeu o controle da bicicleta (que estava na descida de uma montanha, perto de uma curva e em alta velocidade) e correu o risco de cair em um penhasco. Após ver que estava a salvo, ele revela que parou a bicicleta, se ajoelhou e começou a chorar. "Não acreditava que estava vivo", relembra.
Viajando bem leve (carregando, em sua bicicleta, o mínimo necessário de roupas para a jornada), Marcos se encontra a caminho do mar Mediterrâneo.
Um dos seus objetivos é chegar à cidade francesa de Nice e, de lá, tomar uma embarcação para a ilha da Córsega. Depois, seu plano é navegar até a Sardenha e, depois, para finalizar a jornada, aportar na Sicília - sempre para pedalar nestes pedaços de terra cercados pelo oceano.
Apesar de viajante solitário, o brasileiro tem um site (https://www.bikesutras.org/) e uma conta no Instagram, nos quais ele busca inspirar os seguidores a também realizarem jornadas de bicicleta.
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