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Cabeleira de pandemia: o isolamento anima homens a deixar o cabelo crescer

Isolados em casa, muitos homens repensaram o visual e estão tentando deixar os cabelos crescerem - Getty Images/iStockphoto
Isolados em casa, muitos homens repensaram o visual e estão tentando deixar os cabelos crescerem
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Hygino Vasconcellos

Colaboração para Nossa

26/07/2020 04h00

Sem poder sair de casa, muitos homens se sentiram mais à vontade para mudar o visual e deixar o cabelo crescer. Alguns já alimentavam a vontade há anos, mas sempre postergavam.

Com o isolamento social devido à pandemia do coronavírus e com barbearias e salões de beleza fechados, muitos encararam o cenário como impulso para deixar o cabelo crescer. Agora já começam a ver os resultados.

"Eu não aceitava meu cabelo"

O redator publicitário João Henrique Farias, 25 anos, parou de ir ao cabeleireiro ainda no ano passado. Quando chegou a hora de cortar novamente as madeixas neste ano, resolveu experimentar e deixar crescer ainda mais.

"Se não tivesse acontecido a pandemia, eu teria cortado. Mas como eu comecei a trabalhar home office resolvi ver como ficava", conta o jovem, que mora em uma república em Osasco, região metropolitana de São Paulo.

João Henrique antes - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
João Henrique antes
Imagem: Arquivo pessoal
João Henrique depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
João Henrique depois
Imagem: Arquivo pessoal

Como o cabelo dele é cacheado, demora para ficar comprido e, consequentemente, notar os resultados. Por isso, o processo envolveu uma boa dose de paciência e persistência, mas também de aceitação das madeixas. Antes, ele raspava as laterais e alisava os fios.

Agora, o publicitário redobrou as atenções com os fios e montou inclusive um cronograma para lavá-los. "Antes não tinha todo esse cuidado. E dá um trabalho."

"Meu cabelo nunca foi tão longo"

Já o estudante de engenharia de produção José Américo de Souza Grilo Neto, 24 anos, tentou várias vezes manter o cabelo comprido, mas sem sucesso. "Já fiz várias tentativas, mas nenhuma vez passou de três meses" conta. Em janeiro deste ano, ele raspou o cabelo e, desde então, não pisou mais no salão de beleza. "De lá para cá só aparei as pontas."

Morador de Natal (RN), o universitário praticamente não conhecia o cabelo, já que sempre deixava baixo. "Não imaginei que fosse tão cacheado até ele começar a crescer. Pensei que fosse ondular e crescer baixo. Mas é bem volumoso, o que foi complicado", detalha Grilo. O estudante ainda está se acostumando com o novo visual. "O contorno do rosto muda e eu me sinto muito diferente visualmente."

José Américo antes - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
José Américo antes
Imagem: Arquivo pessoal
José Américo depois - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
José Américo depois
Imagem: Arquivo pessoal

Crescimento dos cabelos nas laterais do rosto é um dos incômodos de Grilo. Os fios ainda não estão em tamanho suficiente para prendê-los e, soltos, dão um aspecto bagunçado. "Por ainda não conseguir prender, uso boné ou uma bandana para sair", indica. Mesmo assim, o universitário pretende deixar os cabelos crescerem até a altura do ombro.

Crescimento varia com tipo de cabelo

Deixar o cabelo comprido leva tempo. Segundo o influencer Mikael Gama, o crescimento varia conforme o tipo de fio. Se for liso, pode levar em média um ano. Para ondulados, um ano e meio. Já cacheados pode chegar a dois anos, enquanto o cabelo crespo pode demorar dois anos e meio para ficar comprido - na altura do ombro.

Mikael Gama, influencer especializado em cabelos compridos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Mikael Gama, influencer especializado em cabelos compridos
Imagem: Reprodução/Instagram

Devido à demora, o influencer entende que é preciso aproveitar cada fase de crescimento e não apenas o resultado final. "Além da persistência, é preciso você pegar gosto de deixar o cabelo crescer, de curtir as fases do cabelo." Segundo Gama, há pelo menos quatro fases nesse processo: o cabelo curto, a fase chata - quando se sai do formato padrão -, e duas etapas do cabelo comprido - a primeira quando os fios atingem o queixo e, depois, quando ultrapassam os ombros.

Quem sempre teve cabelo curto e decidiu deixar crescer, já deve ter percebido que apenas o xampu não supre todas as necessidades. Gama sugere três caminhos: hidratação, nutrição e reconstrução capilar. No primeiro caso, a recomendação é o uso, além do condicionador, de uma máscara de hidratação. O produto deve ser passado no comprimento do fio no final do banho. Em seguida, é preciso deixar agir por 15 minutos e voltar para o chuveiro para o enxágue.

Já no caso da nutrição, a recomendação é a aplicação de óleos no cabelo. O mais comum é o óleo de coco. O produto também deve ser passado no comprimento do fio e deixar agir por 15 minutos. Por último está a reconstrução, que são máscaras de hidratação específicas para quem usou química no cabelo que agora está danificado.

Gama é formado em contabilidade e hoje trabalha como analista financeiro em uma consultoria. Há quatro anos, ele resolveu deixar o cabelo crescer e decidiu lançar um canal no YouTube para mostrar todo o processo. No Facebook, há um grupo fechado no qual os participantes tiram dúvidas e compartilham o andamento do crescimento dos cabelos.

O que não fazer

  • Não cortar os cabelos na fase "chata", considerada a parte mais difícil de ser superada. Quando se faz isso, o processo pode ficar mais demorado e gerar desistência;
  • Não usar secador ou chapinha pois podem danificar o fio do cabelo;
  • Não lavar o cabelo todo dia. A recomendação é passar xampu e condicionador dia sim, dia não. O uso diário dos produtos pode aumentar a oleosidade no cabelo;
  • Não lavar o cabelo à noite e ir dormir. Quando se faz isso, acaba-se abafando o cabelo, principalmente na parte posterior da cabeça. A sugestão é lavar de dia para secar com tempo;
  • Não prender os cabelos com muita força para evitar a quebra do fio.