Tapeçaria decora paredes, luminárias e cadeiras em versões contemporâneas
Quando Luiza começou a costurar tinha 13 anos. Dessa época ela traz a maior lição que aprendeu com bordados e trabalhos manuais: eles exigem tempo, dedicação...e se precisar desmanchar e consertar, nem adianta bater o pé. Isso se reflete nas tapeçarias que ela faz há mais ou menos seis anos.
Tudo começou quando a paulistana foi morar em Santa Catarina a trabalho, há oito anos. Lá, durante a semana, trabalha para uma grande marca da moda nacional. Com o tempo, as horas vagas pediram para serem preenchidas.
Foi assim que os tecidos, lãs e linhas voltaram à cabeça — ela se encontrou na tapeçaria, quando ainda nem era algo tão difundido no Brasil. "Era um momento que conseguia me expressar, ser livre, sem pressão comercial. Até hoje é quando permito colocar minha essência no mundo."
O namorado, que tinha serralheria, fez um tear para ela. Depois outro. Assim, a dupla evoluiu na criação dessas ferramentas. "Meus teares são absurdamente profissionais. Não tive curso, nada. Desenvolvemos tudo nós mesmos", conta.
Produção slow
Como a tapeçaria é um hobby, um projeto paralelo, não espere dela coleções, nem lançamentos. "Trabalho livremente ou por encomendas com base em cores ou tamanhos. Mas é algo bem exclusivo, demora porque só tenho fins de semana e o fim do dia".
As criações da designer se dividem entre tapeçarias totalmente manuais ou feitas com a técnica de tufting. "Essa é mais rápida, porém muito cansativa, com máquina pesada, difícil de finalizar no galpão", ela diz.
O tufting é um método tão mais complexo que uma tapeçaria pode levar até três finais de semana para ficar pronta. "O processo manual também é lento e agilizar não adianta. É preciso ter muito foco para usar as duas mãos com a pressão certa, com equilíbrio. Fio por fio. Ou você aproveita essa jornada ou é melhor nem fazer", aconselha.
Lições da tapeçaria
A paciência é um dos elementos-chave para criar belas tapeçarias. "Estou com uma peça de 1 x 1,30 m que vai levar dois meses. A experiência leva à evolução", ensina.
Luiza tem uma certeza: quer criar e manter a identidade própria de suas peças. "Até evito olhar para referências que gosto demais. Nosso inconsciente pode nos guiar a um caminho que não é nosso. A mente capta muita coisa e acaba enganando a gente."
Adquirir essa linguagem leva tempo e ela pode vir em cores, em tramas, formas ou em um material específico. "Tenho fases de fazer tapeçarias mais simétricas, por exemplo. Mas importante é manter a essência e não achar que meia dúzia de peças vão te dar essa identidade. Para quem vai fundo, o caminho se abre", ensina.
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