A cocada queimada é a estrela desse bolo cheio de sabor e ancestralidade
Quando era adolescente, o sonho de Aline Araújo era tirar CPF e ter título de eleitora. Ou seja, ser independente e ter voz ativa para construir o mundo (o seu e o de todos). Foi nessa época, com 16 anos, que começou a trabalhar em uma rede de fast food.
Era o começo de uma relação duradoura com a cozinha, que teria várias fases até chegar na cozinha com personalidade e que trabalha com as ancestralidades e influências dos povos africanos no continente americano.
O uso do coco, seja da polpa ralada ou do leite, em doces e salgados, é um desses casos. O ingrediente é base de inúmeras receitas, como a do bolo de cocada queimada, criado por Aline para encher de água a boca de qualquer um.
Da história para novos caminhos
Entre o primeiro emprego e a decisão de abrir uma empresa própria, Aline fez três anos da faculdade de história. Quando viu que trabalho na área não lhe traria satisfação plena, decidiu começar uma nova faculdade, de gastronomia, em 2006.
"Fiz bastante coisa. Trabalhei em confeitaria antes mesmo da faculdade, em buffet, dei aula, e trabalhei muitos anos em uma casa de São Paulo dedicada ao jazz que traz em seu cardápio a culinária creole e cajun, de New Orleans, de influência africana", conta.
Quando engravidou do primeiro filho, Aline, que trabalhava em dois empregos morando longe do centro da cidade, decidiu diminuir o ritmo para poder cuidar da família.
Aliando seus conhecimentos de história, sua ancestralidade e o talento na cozinha, abriu o Chermoula Culinária. "No início era um serviço de buffet e catering que oferecia comida com cultura. Além disso, desenvolvi oficinas de aproveitamento integral de alimentos aqui na Cidade Tiradentes, região onde moro", diz.
Aline acabou ficando conhecida como Aline da Chermoula, tanto que adotou o nome comercialmente.
Sua empresa e seus pratos, como o jambalaya, o molho chermoula, e doces autorais como o docinho africano, se reconfiguraram para o sistema de encomendas e delivery na pandemia.
* Em 24 de julho de 2020, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, depois de conceder essa entrevista, Aline teve seus perfis no Instagram hackeados (tanto o pessoal como o da Chermoula Culinária) e perdeu seus mais de 10 mil seguidores. Desde então, ela está aos poucos reconstruindo sua base de clientes e contatos em um novo perfil @alinechermoulaoficial, e repostando diversas receitas, como a do bolo de cocada queimada cedida a Nossa.
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