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Ilhas que conseguiram driblar a pandemia já recebem turistas brasileiros

Maldivas, um dos destinos do oceano índico que estão recebendo turistas. Porém, cuidados contra covid-19 são intensos - Getty Images
Maldivas, um dos destinos do oceano índico que estão recebendo turistas. Porém, cuidados contra covid-19 são intensos
Imagem: Getty Images

Mari Campos

Colaboração para Nossa

09/08/2020 04h00

Viajar virou um assunto quase tabu durante a pandemia. São tantas fronteiras fechadas e restrições que, mesmo no auge do verão no hemisfério norte, o movimento turístico ainda está muito abaixo de qualquer expectativa de retomada do setor.

Além da redução brusca de malha aérea disponível no mundo todo e da oscilação nos números de casos em destinos que abrem e fecham em sequência para o turismo, a insegurança de viajar e se contaminar no processo tem afastado as sonhadas escapadas paradisíacas da cabeça de muita gente.

Em meio a tudo isso, algumas ilhas do planeta conseguiram se manter de certa forma imunes ao novo coronavírus; ou, ao menos, se mantiveram com índices muito baixos de casos. E várias delas já têm fronteiras abertas para brasileiros neste segundo semestre (ainda que repletas de exigências sanitárias, é claro, com testes negativos para covid-19 obrigatórios).

A reserva natural de Seventy Islands, em Palau - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
A reserva natural de Seventy Islands, em Palau
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Benefícios do isolamento geográfico

Enquanto o novo coronavírus se espalhou rápida e cruelmente pelo mundo todo, contaminando mais de 18 milhões de pessoas e provocando a morte de quase 700 mil (até 4 de agosto), algumas ilhas foram curiosamente "poupadas" dos avanços da pandemia.

Acredita-se que isso tenha acontecido muitas vezes pela sua própria situação geográfica, que já pressupõe algum isolamento de antemão.

No caso de algumas ilhotas do Pacífico (como a minúscula Nauru, de apenas 21 quilômetros quadrados e menor país insular do planeta), especialistas acreditam que o fato de muitos países asiáticos implantarem rápida e rigorosamente seus processos de isolamento social e lockdown logo no começo da pandemia tenha contribuído enormemente.

A ilha de Iririki, em Vanuatu, uma das ilhas do Pacífico que estão livres da pandemia - Getty Images - Getty Images
A ilha de Iririki, em Vanuatu, uma das ilhas do Pacífico que estão livres da pandemia
Imagem: Getty Images

Ações rápidas que impediram não apenas o livre trânsito de moradores, mas também qualquer entrada de aviões ou navios em seu espaço, foram alguns dos fatores que tornaram muito difícil a chegada de qualquer indivíduo doente a esses destinos.

Ilhas como Palau, Tuvalu, Kiribati, Tonga e Vanuatu são outros exemplos de sucesso. Não por acaso, sete dos dez destinos menos visitados do mundo, segundo as Nações Unidas, são ilhas que estão atualmente livres de covid-19.

Reabertura com cuidados rígidos

Algumas das ilhas não atingidas pela pandemia, ou que registraram pouquíssimos casos da doença, em diferentes pontos do globo, já reabrem agora suas fronteiras para o turismo internacional - inclusive para brasileiros. A entrada de turistas estrangeiros ainda é limitada e severamente controlada na maioria delas, justamente para evitar surtos.

É o caso, por exemplo, da Polinésia Francesa, que também reabriu fronteiras turísticas para o Brasil. O Tahiti e suas ilhas, que passaram meses livres de covid-19, registraram agora um único caso, trazido justamente por um passageiro internacional de um dos navios de cruzeiro da Paul Gauguin. Mas, segundo a companhia, todos os demais passageiros e tripulantes do navio testaram negativo e a passageira assintomática que testou positivo já está isolada.

Ilha da polinésia Francesa, um dos destinos que já acolhe turistas apesar da crise do coronavírus - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Ilha da polinésia Francesa, um dos destinos que já acolhe turistas apesar da crise do coronavírus
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Na Polinésia Francesa, todo turista que quiser entrar em qualquer uma de suas ilhas tem que apresentar um teste PCR negativo de covid-19 no ato do embarque (feito no máximo três dias antes da viagem) e fazer outro teste no quarto dia no destino.

O arquipélago das Maldivas também reabriu fronteiras para o Brasil e vem controlando de maneira aparentemente eficaz seus casos, com apenas 18 mortes desde o começo da pandemia.

Vários de seus resorts já vinham sendo usados como destino de quarentena prolongada por diversas celebridades desde o começo da pandemia. E, hoje, quase todos eles já estão operando normalmente, seguindo todos os novos protocolos sanitários (vale lembrar que ali cada ilha é ocupada em geral por um único resort, o que também contribui para o distanciamento social).

Olhos voltados para o Caribe

Mas isso não é privilégio unicamente de nações asiáticas. Enquanto o continente americano se tornou o epicentro da covid-19, com os EUA e o Brasil liderando atualmente os números de casos e mortes no mundo todo, alguns países caribenhos começam a se declarar "covid-free" ou "covid-controlled" e também reabrem as portas para o turismo internacional (Brasil incluído).

Em muitos deles, as atividades turísticas são essenciais para a economia nacional. Segundo a ECV (EndCoronavirus Internacional Coalition), apesar de todo o caótico cenário das Américas, países como Bahamas, Barbados, Belize, Cuba, Jamaica, Trinidad e Tobago e Uruguai estão vencendo de forma consistente a batalha contra o novo coronavírus no continente.

Cayo Levantado, uma das ilhas da República Dominicana - Dominican Republic Ministry of Tourism - Dominican Republic Ministry of Tourism
Cayo Levantado, uma das ilhas da República Dominicana
Imagem: Dominican Republic Ministry of Tourism

Apesar de não ter passado ilesa pela pandemia, a República Dominicana - um dos destinos mais visitados pelos brasileiros no Caribe - reabriu as fronteiras internacionais no começo de julho. As exigências para ingresso no país são o teste PCR negativo feito no máximo 5 dias antes da viagem e a "avaliação de saúde" completa conduzida na chegada à ilha. Em alguns casos, passageiros podem ser chamados para novos testes rápidos durante a estadia (casos positivos serão isolados imediatamente).

O Ministério do Turismo dominicano tem realizado alguns períodos de toque de recolher das 17h às 5h em destinos como Santo Domingo, La Romana, Samaná e outros (com exceção apenas para transporte de passageiros chegando ou saindo de portos ou aeroportos).

As Bahamas exigem que o turista que deseje aproveitar o sossego de suas praias preencha previamente um questionário oficial (disponível no site oficial de turismo do país), anexando um teste PCR negativo de covid-19 feito no máximo sete dias antes de sua chegada no destino.

A permissão de entrada é negada para qualquer turista que não enviar o resultado negativo do teste. Uma vez no destino, é preciso concordar com os termos da recém-implantada "campanha viajantes saudáveis" e seguir todas as normas sanitárias de distanciamento social e higiene ali informadas.

Aruba e muitas outras ilhas do Caribe, que controlaram a covid-19, fazem exigências aos turistas - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Aruba e muitas outras ilhas do Caribe, que controlaram a covid-19, fazem exigências aos turistas
Imagem: Getty Images/iStockphoto

As ilhas de Aruba e Antigua e Barbuda também reabriram para o turismo internacional com as mesmas regras. A Jamaica também adotou o formulário eletrônico para conceder ou não autorização de entrada a cada turista e, no desembarque, todo mundo está sujeito a controle sanitário e de temperatura. Além disso, viajantes internacionais só podem se hospedar em hotéis localizados no chamado "corredor litorâneo" entre Negril e Port Antonio, criado pelo governo como uma das formas de controle dos avanços da pandemia na ilha.

Anguilla, que se declara covid-free, reabriu fronteiras para turistas oriundos de países com baixos índices de contágio da doença, mas permanecerá completamente fechada para brasileiros pelo menos até 31 de outubro.