Tapeçaria contemporânea decora as paredes com grafismos
Quando a mineira Mona Diniz começou a tecer as primeiras telas por hobby, ouviu de uma amiga que aquilo era feio e era coisa de gente velha levar os bordados para todo lugar. Ainda bem que ela não deu ouvidos.
Ao terminar as telas, recebeu sua primeira encomenda: era a mesma amiga, que queria cinco peças. "Foi engraçado, ela gostou. Postei no Instagram e as pessoas curtiram muito", conta. Foi assim que a Tapeto Atelier ganhou força para existir, em Belo Horizonte (MG).
Formada em design de moda e em fotografia, Mona, que se chama Simone, também faz cerâmica e é aprendiz circense — mas foi na tapeçaria contemporânea que encontrou seu caminho.
É um resgate da minha infância. Sempre amei trabalho manual, era a única neta que fazia artes e ficava atrás da minha avó tentando aprender ponto cruz"
Aqui um ponto importante do trabalho de Mona aparece: resgatar essa época da vida e sua força feminina criativa é algo recente de sua construção pessoal.
Depois de ler o livro Mulheres que Correm com os Lobos, a vida mudou e ela passou a assumir a autoria de sua obra.
"Alguns livros me fizeram despertar e transformar o que eu fazia em negócio, há dois anos. Mas teve muito choro, medo de me expor", conta.
"Não dá dinheiro"
Enquanto muita gente elogiava suas criações, ela ouvia de outra amiga que isso não ia dar dinheiro.
Mas as experimentações de Mona com formas e cores em estilo contemporâneo andam atraindo olhares e vendendo bem.
Com a pandemia, as vendas aumentaram. Estou fazendo um projeto para um restaurante em São Paulo. Isso me encoraja"
100% feito à mão
Bordar, você sabe, é viver curvada, com dorzinha no pescoço. "Uso uma bolsinha de água quente de vez em quando", ri Mona.
Ela cria direto na tela, com técnica que varia entre ponto cruz e gobelin, esse mais próximo da tapeçaria.
Na maioria das vezes monto a paleta de cores conforme vou bordando. É como fazer uma pintura com tecido, usando a agulha como pincel"
Ela apenas tem cuidado de se limitar a 60 tonalidades, de um universo de 200 nuances.
Uma tela de 40 x 43 cm pode levar mais de uma semana para ficar pronta, dependendo da complexidade — e olhe que Mona se debruça sobre as peças durante 10 horas do dia, ao lado de uma assistente.
Os grafismos são intuitivos, vêm de referências que ela coleciona em pastas. Pessoas como Luiza Caldari, que Nossa já mostrou por aqui, dão aquela inspiração a mais para ir em frente.
Mas a peça só fica pronta após ser emoldurada — o que leva uma semana — e é feito em fábrica fora do ateliê. Por mês, 20 itens ganham novos donos.
Carro-chefe
As séries levam nomes de membros da família de Mona e conversam entre si. "Assim honro minha família. São as peças mais queridas e que mais vendem, é impressionante", diz ela, que faz as próprias fotos.
Hoje, sabe que buscar nas manualidades novos aprendizados é conhecer também a si mesma. "E isso leva tempo, exige dedicação e paciência", conta.
É interessante perceber que a tapeçaria transformou meu estilo de vestir, pelas cores, formas, pelas modelagens. Meu olhar é outro"
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