Recorde de 54,4°C? Como é o Vale da Morte, o lugar mais quente do mundo
As formações rochosas pitorescas do Vale do Morte transformam os visitantes em meras formiguinhas: elas cortam suas montanhas de cores diferentes e desembocam num grande forno ligado na temperatura máxima. É assim que sente o turista ao descer do carro em Furnace Creek (riacho do forno, em tradução literal), centro do parque mais quente do mundo.
O Vale da Morte, parque nacional na Califórnia a 418 quilômetros de Los Angeles, marcou no domingo (16) o que pode ser a temperatura mais alta já registrada de forma confiável no planeta: 54,4 graus Celsius. O registro está sendo verificado pelo Serviço Nacional do Clima dos EUA.
Quando a reportagem de Nossa visitou o parque na terça-feira (18), um termômetro do lado de fora do centro de visitantes de Furnace Creek batia 53 graus, às 17h47. Uma dupla de turistas de Las Vegas contava com orgulho (e mostrava a prova nas fotos do celular) que, uma horas antes, a temperatura dava 59 graus.
"Você deu azar. Essa nuvem chegou, tapou o sol e o termômetro começou a cair. Uma pena", disse a Nossa o americano Darryl Gariglio, dono de uma empresa de turismo no Grand Canyon. "Vim atrás do calor mesmo, é algo histórico", continuou, ao lado de seu amigo, um irlandês que trabalha de bartender em Las Vegas e está sem emprego desde março.
Os funcionários do parque explicaram na conta oficial do Instagram que o termômetro de Furnace Creek faz uma leitura alguns graus acima do termômetro oficial do Serviço Nacional do Clima dos EUA porque "seus sensores estão próximos do calor que irradia de postes de metal".
"Está tão quente que nosso termômetro de exibição tende a ter falhas", escreveram na conta @deathvalleynps, na segunda-feira.
Cenários de filmes
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) também está verificando se domingo foi mesmo um recorde. Temperaturas assim acachapantes já foram registradas antes no Vale da Morte (56 graus em 1913) e também no deserto de Kebili, na Tunísia (55 graus em 1931), mas pesquisas recentes dão conta que esses números não foram coletados da forma correta.
Um trio de amigos de Los Angeles também tirava fotos ao lado do termômetro, todos de casaco, fazendo graça. A estudante Erica Davis, 21, estava com a cara toda vermelha e levava uma garrafinha de água na mão.
"Tive que usar minha bombinha de asma, bateu uma falta de ar quando estava em Zabriskie Point", disse Erica, sobre um dos pontos mais famosos do parque, cenário do filme de mesmo nome de 1970 de Michelangelo Antonioni (1912-2007).
Filmes da saga "Star Wars" também tiveram cenas rodadas no Vale da Morte, nos anos 1970 e 1980, assim como "Spartacus" (1960), "Tarzan" (1951) e muitos outros.
A temperatura média em agosto no Vale da Morte é de 45 graus, com recorde anterior de 53 graus. A alta atual chega na esteira de uma onda de calor que tomou os EUA, agravada pelas mudanças climáticas.
Piscinão
Nem a dupla de Las Vegas, nem a turma de Los Angeles usavam ou levavam máscaras. Na fervura de mais de 50 graus, o novo coronavírus parecia uma realidade distante. O centro de visitantes de Furnace Creek estava fechado por conta da pandemia, mas avisos de perigo por conta do calor e do vírus estavam por toda a parte.
A sensação de 50 graus é infernal e ainda pode enganar. Com a umidade do ar baixa (7% no domingo), a transpiração parece pouca, já que evapora rapidamente.
O vento quente parece queimar os pelinhos do braço, principalmente na Bacia de Badwater, o ponto mais baixo dos EUA, a 86 metros abaixo do nível do mar. Badwater também dá nome à ultramaratona histórica que acontece no parque nos meses de julho, cancelada em 2020.
Dentro do Vale da Morte, apenas um hotel funciona com quartos com ar condicionado (o outro, da mesma rede, está fechado). O local é um oásis no deserto, com palmeiras e uma gigantesca piscina aberta até as 23h. Convidados podem pagar US$10 para usá-la.
Às 20h30 de terça-feira, o calor não dava trégua: 46 graus. Após umas braçadas, a piscina cinematográfica virou uma grande sopa.
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