Estampas que exaltam a natureza dão tom tropicalista a paredes e objetos
Folhas, bichos e os cenários inspiradores de Florianópolis (SC) entram todos os dias pelas retinas de Marco e Marcelo. Dali vão parar direto nas pontas dos dedos e logo depois, dançam no papel.
A dupla vive criando estampas com liberdade, sem pensar em que materiais elas vão ocupar. Vem daí a vibração da marca O Tropicalista, que eles, parceiros de vida e sócios, criaram há oito anos.
Marco D. Julio é publicitário e já criava estampas quando conheceu Marcelo Fialho, que é psiquiatra e ministrava oficinas de arte para pessoas com transtornos mentais. Os dois moravam em Fortaleza (CE), mas perceberam que um ciclo tinha acabado por lá e deveriam se reinventar.
Assim, desembarcaram em Florianópolis em 2011. "É um lugar muito lindo, de paisagens exuberantes. Caminhamos todos os dias, conhecemos o território e nos deslumbramos com cantinhos até hoje", diz Marcelo.
Reflexões tropicais
As estampas vêm dessa inspiração e do desejo de resgatar o tropicalismo. "Queríamos fazer algo sem limites entre arte, design e artesanato. Nosso desejo era de que essa produção não se encaixasse em nenhum desses rótulos", conta Marcelo. Tanto que as coleções refletem sobre a natureza, com questionamentos atuais sobre preservação.
Elevar esse status do artesanato à arte tornou-se um caminho para eles, motivados pela valorização que a arquiteta Lina Bo Bardi trouxe ao fazer manual, no passado. Por isso o foco nunca foi atender ao mercado estabelecido. Segundo Marcelo:
A cadeia da moda exige uma produção rápida e volumosa, em uma lógica insustentável, com a qual não queremos compactuar. Nossa produção é pequena"
Produção a todo instante
Os dois estão sempre com lápis e papel na mão, traçando desenhos que vão para uma pasta de referências. A partir daí, as imagens às vezes são digitalizadas e podem ganhar diferentes produtos.
Lenços (que podem ser de seda, palha de seda, voil misto de seda e algodão ou seda com linho), lambe-lambes (que se tornam painéis ou site specific), porcelanas, esculturas ou tecidos (vendidos por metragem).
Boa estampa é aquela que produz afeto, que vai além do visual e provoca afetamento"
Marcelo cita o artista austríaco Hundertwasser para explicar que a produção da dupla é versátil à casa e ao corpo e, sobretudo, sustentável.
"Ele diz que temos cinco peles. A epiderme, a roupa, a casa, o meio ambiente e a crosta terrestre. Por isso precisamos pensar em todas elas. É o que fazemos"
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