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Turismo de isolamento é a nova tendência de viagem. Mas para onde "fugir"?

Novas rotas afastadas e destinos não tão populares despertam o interesse de famílias e amigos que decidiram passar pela pandemia juntos, mas longe de casa - Blake Wisz/Unsplash
Novas rotas afastadas e destinos não tão populares despertam o interesse de famílias e amigos que decidiram passar pela pandemia juntos, mas longe de casa
Imagem: Blake Wisz/Unsplash

Mari Campos

Colaboração para Nossa

28/08/2020 04h00

Com o passar dos meses da pandemia, tantas fronteiras fechadas e a perspectiva ainda distante de uma vacina eficiente e largamente distribuída, o perfil das viagens possíveis (e minimamente seguras) nestes tempos tem se alterado bastante.

Enquanto o livre trânsito de passageiros não é seguro nem possível, viajantes no mundo todo começaram a rever seus planos de viagem para adaptá-los de alguma maneira aos tempos atuais, nos quais o distanciamento social ainda é extremamente necessário. Por isso mesmo, um termo começou a ganhar força agora: turismo de isolamento.

Nos últimos três anos, levantamentos ligados ao turismo de luxo já vinham apostando no turismo de isolamento como uma tendência de viagens em ascensão pela ideia da exclusividade. Mas agora, com a necessidade de seguirmos isolados, especialistas do setor acreditam que a busca por destinos remotos deve ganhar ainda mais força, e em todos os nichos do turismo.

Família acampando - Greg Rosenke/Unsplash - Greg Rosenke/Unsplash
Famílias têm optado por passar o tempo juntos em outros lugares mais afastados
Imagem: Greg Rosenke/Unsplash

Dos campings e motorhomes às residências de luxo, turistas têm buscado opções de viagem nas quais o distanciamento social seja uma escolha e não um esforço.

Mais que tirar férias, neste momento de pandemia o turismo de isolamento se converteu em uma oportunidade de "mudança de ares".

Ou seja: indivíduos e famílias isolados juntos durante a quarentena que veem nessa escapada a possibilidade de seguirem isolados em novo cenário, recalibrando as energias e mantendo o principal foco na segurança e na saúde do grupo.

Muitas pessoas estão optando por este modelo de "turismo de isolamento" por períodos maiores, com a ideia central de seguir em quarentena, isolados e em "home office", mas em um outro destino.

Buscando, é claro, opções que priorizem a privacidade e segurança máxima que o momento exige, mas que criem também oportunidades diárias de conexão com natureza, como revelam alguns dos últimos estudos da Euromonitor.

Lofoten e Senja, na Noruega - Sandra Ahn Mode/Unsplash - Sandra Ahn Mode/Unsplash
Lofoten e Senja, na Noruega
Imagem: Sandra Ahn Mode/Unsplash

Ganham mais espaço no imaginário dos viajantes os lodges no meio do nada na Patagônia Chilena, entre picos, glaciares e cachoeiras; os acampamentos de safári nas savanas africanas; e também ilhas remotas e menos acessíveis, como Lofoten e Senja na Noruega, ou a Ilha do Fogo, no Canadá, entre fiordes, cachoeiras e florestas — e sem praticamente ninguém à vista.

Propriedades voltadas para o glamping parecem estar sendo também receitas de sucesso nesta época. Caso do Kachi Lodge, cujos quartos têm formato de pods (iglus) privativos em pleno deserto de sal da Bolívia. A hospedagem ali é semelhante ao modelo adotado pelo Whitepod Eco Resort, na Suíça, cujos "pods" de 40 metros quadrados cada têm amplas janelas com vista para os lagos e montanhas nevadas da região alpina do Valais.

whitepod - Divulgação/Whitepod Eco Resort - Divulgação/Whitepod Eco Resort
Whitepod Eco Resort , na Suíça
Imagem: Divulgação/Whitepod Eco Resort

Acomodações isoladas de outros hóspedes

Diferentes destinos já reabertos para os brasileiros oferecem boas opções para quem busca lugares isolados para praticar o turismo de isolamento. Nas ilhas da Polinésia Francesa, por exemplo, o arquipélago de Tetiaroa tem uma das opções de hospedagem mais exclusivas do planeta.

Arquipélago de Tetiaroa - Reprodução - Reprodução
Arquipélago de Tetiaroa, onde fica o The Brando, na Polinésia Francesa
Imagem: Reprodução

O resort The Brando é a única construção em todo o arquipélago e, inteiramente composto de villas isoladas umas das outras, garante total distanciamento de outros hóspedes — inclusive nas refeições, entregas com esmero e sem custos do café da manhã ao jantar diretamente nos quartos.

Soneva Fushi - Divulgação - Divulgação
Soneva Fushi, nas Ilhas Maldivas
Imagem: Divulgação

Nas Maldivas, também aberta para brasileiros, resorts como Soneva Fushi, que ocupa uma ilha todinha e é inteiramente composto por vilas privativas, isoladas umas das outras, o turista tem a chance de desfrutar de um dos mais espetaculares mares do planeta com segurança e o máximo de distanciamento social. Não à toa, o hotel tem hóspedes cumprindo ali suas quarentenas desde o começo da pandemia.

Além da hotelaria tradicional, os serviços de aluguel de casas já começam a recuperação de reservas no Brasil e no exterior, sobretudo de propriedades localizadas dentro de hotéis e resorts.

A busca específica por este tipo de acomodação de aluguel para períodos maiores espera garantir padrões e protocolos específicos de higiene e segurança para enfrentar a pandemia (o que ainda não é certificado pelas plataformas mais populares).

O grupo Four Seasons Hotels and Resorts criou o segmento Private Retreats, uma coleção com mais 750 casas, villas e apartamentos em diferentes destinos que já recebem brasileiros, do México às Maldivas.

Private Retreats - Reprodução - Reprodução
Private Retreats
Imagem: Reprodução

Essas propriedades reúnem a segurança do isolamento social, o premiado serviço da rede e protocolos sanitários certificados pela John Hopkins Medicine International. O uso do aplicativo Four Seasons App permite aos hóspedes solicitar qualquer serviço às equipes residenciais sem nenhum tipo de interação ou contato.

Isolamento doméstico

Casana Hotel, na praia do Preá, em Jericoacoara - Reprodução/Booking - Reprodução/Booking
Casana Hotel, na praia do Preá, em Jericoacoara
Imagem: Reprodução/Booking

Enquanto a maioria das fronteiras internacionais seguem fechadas para o Brasil, viajar pelo nosso próprio país também tem seus desafios. Afinal, a "reabertura" de destinos domésticos para o turismo também tem passado por altos e baixos, com fechamentos subsequentes em diversos lugares.

Por isso mesmo, modelos de hospedagem com unidades bastante afastadas umas das outras, que garantam o distanciamento entre hóspedes, passam a ser mais procurados naturalmente.

É o caso, por exemplo, do Casana Hotel, na praia do Preá, em Jericoacoara. A propriedade conta com apenas oito bangalôs completos, isolados uns dos outros, à beira da praia e rodeados por muito verde.

Etnia Casa Hotel em Trancoso, Bahia - Divulgação - Divulgação
Etnia Casa Hotel em Trancoso, Bahia
Imagem: Divulgação

Em Trancoso, na Bahia, o Etnia Casa Hotel fica localizado em meio a um bosque tropical a apenas 350 metros do Quadrado. A propriedade possui 7 casas totalmente independentes e isoladas, mas associadas ao premiado serviço de hotelaria da casa. Seus novos cuidados extremos de desinfeção e higienização de ambientes internos incluem o uso da solução de biossegurança Fog In Place (FIP).

A ideia de "fugir" para áreas remotas de selva também nunca fez tanto sentido como agora. Em diferentes pontos da Amazônia brasileira, propriedades isoladas e sustentáveis como Cristalino Lodge, Anavilhanas Jungle Lodge e Juma Amazon Lodge chamam ainda mais atenção.

Todas elas ocupam áreas imensas em diferentes regiões da Amazônia, com quartos em formato de chalés isolados uns dos outros e literalmente imersos na floresta, rodeados de vida selvagem.

Cristalino Lodge - Divulgação - Divulgação
Cristalino Lodge
Imagem: Divulgação