Do lixo ao luxo: estilista transforma fios elétricos descartados em roupas
Enquanto cursava a faculdade de moda Central Saint Martins, Alexandra Sipa (@alexandrasipa) tirou dos bolsos um fone de ouvido quebrado. Esse feliz acidente fez com que uma ideia nascesse: criar roupas a partir do uso de fios elétricos descartados.
"Eu percebi que os fios internos eram muito coloridos", conta a estilista em entrevista a Nossa. "Também foi a quinta vez que quebrei meus fones de ouvido no mesmo ano, então queria encontrar uma maneira de reutilizá-los e pensei em criar um tecido a partir deles".
Nascida na Romênia, a jovem, de 23 anos, já tinha tentado outras opções para criar um novo visual para as peças da sua coleção para a graduação, como o arame, por exemplo, mas não deu muito certo: "Foi horrível, mas eu pensei no potencial, então criei outras opções com mais materiais para dar continuidade ao conceito".
As roupas principais são feitas inteiramente de fios elétricos descartados de uma usina de reciclagem em East London, a mesma usina de reciclagem de lixo eletrônico em que Alexandra começou a experimentar essa técnica, três anos atrás.
"As técnicas de renda que estou usando para criá-las têm origem no YouTube, livros e acidentes felizes", relembra.
A ideia principal da estilista é criar uma forma de moda mais sustentável e, claro, criativa.
Gosto da ideia de criar luxo a partir do lixo e alterar completamente o propósito de um material".
Ela ainda explica como a dinâmica financeira do seu trabalho foi pensada. "Por ser descartado, o custo do material é muito baixo, de modo que a maior parte dos gastos passa para a rendeira".
O lucro já obtido pelas peças é, em sua maior parte, distribuído para os profissionais da produção artesanal. Por enquanto, apenas Alexandra e o namorado e sócio, Lucas Baker, administram a nova febre do Instagram.
"Espero que nos próximos anos possamos contratar rendeiras em tempo integral e expandir nossa equipe artesanal", acrescenta.
Inspirações
O conceito da coleção surgiu de forma orgânica nos trajetos percorridos por Alexandra ao longo da sua vida, como na Romênia, Londres, Paris e Nova York: "Um pouco daqui e um pouco dali", diz.
A inspiração parte da feminilidade extrema na Romênia, onde nasceu e foi criada nos primeiros anos de vida.
Acho que a maioria dos tecidos que usei tem uma atitude romena: muito indiferente, bem-humorada e adaptável".
Outra referência é a estética da capital romena Bucareste, uma mistura de arquitetura francesa, complexos de apartamentos cinzentos e mega estruturas, como o Palácio do Parlamento.
"Também me inspirei muito na casa da minha avó em Bacau", conta. "É um dos lugares mais criativos e coloridos que já estive. Ela é uma mulher muito extrovertida, confiante e criativa, e você pode ver isso em tudo que a cerca. Cada vez que a visito, algo mudou na casa, algo se mexeu, algo repintado. Ela fará com que qualquer objeto pareça um tesouro, não importa de onde veio. Isso ficou comigo".
Upcyling
Comprar sobras de tecido e roupas vintage da Romênia também foi uma das maneiras que Alexandra encontrou sua própria conexão com o design sustentável e consciente.
Todo material usado na coleção está ligado a algo que adoro, me faz rir ou me trazer alegria".
"As roupas de arame parecem a cerca desbotada da minha avó com cores infinitas reveladas pelas rachaduras; as toalhas de praia me lembram o humor romeno e as canções kitsch do Eurotrash que me fazem rir tanto; e os tecidos da Bacau lembram o amor que sempre encontro quando vou lá".
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