Artista autodidata cria incríveis esculturas de animais usando sucata
Dizem que artistas são como uma antena que capta mensagens do universo. Há 15 anos, numa noite, isso parece ter acontecido com Zemar Vilela.
Ele sonhou que estava em um zoológico, mas os animais não estavam mais vivos: apareciam como sucatas. "As pessoas passavam e viam como eram suas formas no passado", lembra. Ao acordar, ele percebeu que tinha recebido uma missão.
"Comecei a prestar mais atenção na quantidade de animais se extinguindo. Bichos, árvores, a natureza toda está se acabando. Um sonho não vem por acaso e eu fiquei com isso na cabeça", conta.
Há sete anos, ele não teve mais como fugir desse propósito. Vindo de uma família de artistas, Zemar se lembra que desde os 3 anos criava brinquedos em Garanhuns, Pernambuco.
"Com 8 anos já trabalhava com meu tio numa oficina cheia de máquinas. Qualquer brecha que dava, eu corria para produzir coisas, sem saber o que estava fazendo. Fabricava carro antigo, animais, tudo bem rústico e espontâneo", diz.
Na escola, Zemar ficou reconhecido por seus desenhos. Chegou a fazer um cinema com seu primo — eles faziam até os cartazes dos filmes. Mas a fase adulta chegou com outra realidade.
"Como eu sustentava a família, não consegui uma formação em faculdade, precisei trabalhar pesado. Por outro lado, criei um trabalho que é único", pondera.
Meu sonho é deixar uma mensagem para tornar o mundo um lugar melhor. Luto pela preservação da natureza, por fazer arte com sucata e valorizar a matéria-prima natural pra que as pessoas se encantem e preservem o meio ambiente."
De louco a visionário
Onde mora, Zemar é chamado de louco por uns e de visionário por outros. "Já cheguei a descer penhascos para coletar madeiras, visitava lixão para saber o que tinha e procurava de tudo pelas ruas", ri.
Observador, ele diz que esse é seu segredo: ater-se aos detalhes para construir coisas inéditas. E nem liga para o que dizem.
Processo de criação
Em seu ateliê, ele guarda sucatas diversas, pedaços de madeira, borracha, resíduos sólidos vindos da indústria ou da natureza.
"Às vezes o formato de uma coisa influencia na criação de uma peça, quando eu vejo uma parte do animal e vou reconstruindo o resto. Outras vezes, penso num animal e na sua expressão e crio com o máximo de realismo", conta.
Não à toa, ele está no portfólio de lojas de design brasileiro como a Oca. "Zemar é um artista contemporâneo muito talentoso e atento aos problemas atuais. Busca encher as pessoas de emoções e sentimentos, além de conscientizá-las", diz Leonardo Allouchie, arquiteto e fundador da loja on-line.
Arte de valor
Certa vez, Zemar chegou a um ferro-velho e viu uma águia emergindo do chão, em diversas peças.
"Tirei foto e comprei a sucata todinha. Reproduzi do jeitinho que estava lá. Fiz uma série de esculturas grandes e vendi a troco de nada. Minha preocupação nunca foi ser comercial", diz.
Algumas esculturas levam meses para ficarem prontas. Outras levam anos. As mais ágeis, cinco dias.
"Estou planejando uma linha de trabalho mais rápida e acessível. Mas tento fazer um trabalho para ter um longo tempo de vida e isso exige uma luta para aprimorar processos e torná-los mais naturais. Afinal, a missão é valorizar o que temos na natureza e conscientizar." Exatamente como o sonho mostrava.
@s que me inspiram
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