A sopa de tomate que virou molho de macarrão: uma história de família
O nosso freezer pode dizer mais do que a gente imagina. No de Maria de Fátima Cintra D'Angelo, de 70 anos, nunca falta uma fatia de pão da filha, Flávia Maculan, 39, que, por sua vez, tem sempre potinhos com sopa de tomate no congelador.
Formada em biologia, Flávia é padeira profissional e vende sua especialidade para alguns dos mais badalados restaurantes de São Paulo e atende o público geral por meio de uma newsletter da Tøast.
Quando decidiu trocar de profissão, a mãe estranhou o desejo:
No começo eu não levei muito a sério. Achei que era fogo de palha. Agora eu tenho muito orgulho."
Assim como precisou de um tempo para Fátima se acostumar com o novo ofício da filha, Flávia demorou para perceber que a sopa de tomate da mãe era a melhor que havia experimentado.
"Eu me toquei que era incrível quando voltei a passar mais tempo na casa dela e realmente comecei a tomar gosto por comida e por pão. Me marcou realmente. Sempre pedia para ela fazer de novo, ainda mais no frio".
Herança gastronômica
Fátima estima que a sopa esteja na família há mais de cinquenta anos. "Ela estava num caderno com receitas datilografadas da minha mãe. Me lembro de ver pela primeira vez com uns 16 anos. Não tinha nem projeto de Flávia", brinca.
Profissionais do ramo de culinária, a mãe e as tias de Fátima davam aulas de cozinha. Os filhos e sobrinhos das cozinheiras tinham obrigação de aprender tim-tim por tim-tim para ajudar nas encomendas de salgados e docinhos que elas recebiam.
A parte boa era que para preparar o curso elas precisavam cozinhar o prato a ser ensinado. "Sempre tinha uma sobrinha", diz Fátima, que acabou conhecendo uma porção de preparos da mesma forma.
De sopa a molho
Num dia de inverno, Flávia decidiu preparar a sopa pela primeira vez. Ela estava no começo do namoro com Renato Ades, sócio dos restaurantes Ici Bistrô e Tappo Trattoria ao lado do chef Benny Novak.
Liguei para a minha mãe para perguntar as quantidades de tudo. Ela ficou surpresa. Estava morrendo de saudade. É uma comida de conforto, um abraço...".
Como a sopa rende bastante, sobrou para o dia seguinte. O casal pensou, então, em juntar a receita da família de Flávia com uma tradicional massa fresca, que remonta as origens italianas de Renato.
"Temos mais o hábito de comer massa do que sopa", diz, e complementa:
Por isso, para nós, a sopa de tomate da minha mãe e avó virou oficialmente um molho para nós"
De tão bem sucedida que foi a descoberta, Flávia e Renato prepararam um nhoque ao sugo para Fátima num almoço. Quando a mãe já estava satisfeita, Flávia contou que se tratava da sopa de tomate dela.
"Eu não acreditei, mas no fim eu também comecei a usar assim. Fica delicioso!", elogia Fátima.
Fornada de conforto
Fácil, mas um pouquinho demorada. É assim a receita da sopa (ou do molho) que começa com quilos de tomate indo para o forno junto de cebola, azeite, tomilho, sal e pimenta por ao menos 60 minutos.
Quando o tomate estiver bem chamuscado, é hora de tirar a pele (cuidado para não se queimar) e processá-lo num liquidificador. Depois, basta levar o líquido ao fogo e acertar o sal e a pimenta.
"Não abro mão de tomates orgânicos italianos bem pequenininhos. Fica com zero acidez e mal precisa de correção", diz Flávia, que sempre compra a fruta na Kombi de orgânicos do 'senhor Paulo', instalada na feira do Pacaembu às quintas.
Confira a receita:
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