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Felinos reinam: como ter um playground para gatos dentro de casa

Na "casa dos gatos" projetada pela arquiteta Shirlei Proença, Chanel, Gucci e Nina se divertem no projeto cenográfico - Caio Guatelli
Na "casa dos gatos" projetada pela arquiteta Shirlei Proença, Chanel, Gucci e Nina se divertem no projeto cenográfico
Imagem: Caio Guatelli

Claudia Dias

Colaboração para Nossa

22/09/2020 04h00

Quando a moradora apaixonada por felinos pediu à arquiteta Shirlei Proença um cantinho especial no apartamento de 380 m2 para seus três companheirinhos — Chanel, Gucci e Nina —, surgiu a ideia de transformar a suíte na "casa dos gatos".

O cômodo reformado agradou não só ao trio animal, como encantou os moradores humanos — o casal, mais um filho.

"Na concepção do projeto, pensamos em uma marcenaria cenográfica, remetendo a 'gato de rua'. A janela com floreira é cenográfica. As arandelas de praça, o cimento natural 'gasto', na parede, e tijolinhos aleatórios lembram as fachadas de casinhas do interior com janela na calçada. Foi aí que tudo começou!", conta Shirlei.

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Um tapete de sisal serve como painel de fundo para as caixinhas e pontes que os gatos amam
Imagem: Caio Guatelli

O cômodo recebeu uma escada de marcenaria. Embaixo dela, em um lado estão acomodadas as tigelas de água e comida. No outro, ficam as caixinhas de areia. No meio, sem profundidade, há uma confortável caminha.
"Com isso, a bagunça fica toda escondida", observa a arquiteta.

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Escadas e toquinhas superplanejadas foram executadas com marcenaria
Imagem: Caio Guatelli
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Elas permitem que os três gatos da casa andem por todo o cômodo
Imagem: Caio Guatelli

Os vãos no acesso à toquinha para a comida e caixinha de areia foram cortados a laser, com silhueta de gatinhos em diversas posições.

"A marcenaria foi feita de tal forma que os gatos podem andar pelo quarto inteiro, sem acessar o piso", diz Shirlei.

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O projeto foi feito de tal forma que, se quiserem, os gatos conseguem transitar sem acessar o piso
Imagem: Caio Guatelli

No lado oposto, há um tapete de sisal cobrindo a parede, que os gatos amam, fazendo fundo para as pontes de acesso de uma caixinha para outra. "Para completar o cenário, instalamos duas grandes latas, que compõem o ambiente e ainda servem para guardar as rações", completa a criadora.

Convivendo juntinhos

Tão logo as chaves do apartamento de 90 m2 comprado na planta foram entregues aos proprietários, eles procuraram ajuda profissional para otimizar espaços e projetar os ambientes da forma mais aconchegante possível para o casal, a filha de 20 anos e os três gatos da família.

E foi na suíte da jovem, a universitária que precisava ter uma área de estudo e lugar para acomodar vários livros, que os bichanos ganharam um verdadeiro playground. Coube à equipe do MAB3 Arquitetura a tarefa de fazer as intervenções que contemplassem a dona do quarto e os amigos felinos.

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O quarto da jovem universitária conta com um verdadeiro playground para os gatos da casa
Imagem: Mariana Orsi

Ali, foi criada uma marcenaria interativa e lúdica para os bichos, com escadas, camas e passarelas para eles zanzarem por todos os lados. Além disso, a porta de entrada do quarto tem uma portinhola basculante para acesso dos pets, que podem entrar e sair na hora que quiserem, mesmo com o quarto fechado.

playground gatos - Mariana Orsi - Mariana Orsi
Os gatos do apê acessam a passarela rente ao teto escalando as placas de madeira que formam uma escadinha
Imagem: Mariana Orsi

"Nosso principal objetivo era ter um espaço para os gatos brincarem e se sentirem confortáveis. De acordo com a rotina deles, que gostam de ficar em lugares altos, escalando e entrando em buraquinhos, criamos prateleiras altas e fizemos algumas 'caminhas', que não são necessariamente onde dormem, mas eles gostam de ficar aconchegados", descreve Renata Adoni, da MAB3.

Tais 'caminhas' são prateleiras curtas com formato um pouco arredondado, espalhadas pela parede e construídas em madeira com laca. Também foi criada uma espécie de passarela, próxima do teto, de ponta a ponta do quarto, para que os bichos se locomovam, depois de escalarem uma escadinha montada em uma das paredes.

"Eles conseguem andar nesse caminho alto, pular para prateleira de livros dela, que também tem um caminho para eles, e alcançar essas caminhas arredondadas", detalha Renata.

 playground gatos - Mariana Orsi - Mariana Orsi
Os gatos podem entrar e sair do quarto sempre que desejarem, através do acesso na base da porta
Imagem: Mariana Orsi

Por causa dos gatos, a iluminação também recebeu atenção especial. Não há nada sobreposto ali - tudo está embutido no forro. "E não tem nada de lâmpada que esquente. Como eles gostam de andar bem rentes ao teto, nessas prateleiras, é importante não haver nenhum obstáculo no caminho ou que a luz fique quente e eles possam se machucar", diz.

Apesar de as unhas dos gatos estarem sempre curtas, as arquitetas optaram por evitar revestimentos com textura em toda a casa. Assim, foram adotados suede e tecidos mais lisos para que, mesmo com unhas tosadas, os pets não estraguem as peças.

Cobogós são alternativa eficiente

 playground gatos - Divulgação - Divulgação
Além de ser passagem para os gatos do apê, o painel de cobogós melhorou a circulação de ar
Imagem: Divulgação

As intervenções para os bichanos vão até onde a criatividade permite. Por exemplo: Julia Varon, arquiteta do escritório Forma 011, ao lado de Isadora Vaz, reservou parte da parede que delimita a área social e a cozinha para uma painel de cobogó.

Tais vãos abertos permitem que os gatos circulem livremente por todos os ambientes do apartamento projetado pela equipe, com fácil acesso ao espaço em que estão instalados o comedouro e a caminha — no caso, a área de serviço, ao lado da cozinha.

"Ficou um elemento bacana na sala de TV e ajudou na circulação do ar, além dos bichanos terem adorado!", comenta a arquiteta.

Ideias não faltam

Garimpamos algumas boas sacadas no Pinterest para você se inspirar.

Macramê

O macramê é recurso versátil para decorar a casa com uma pegada mais rústica e pode ser a base para caminhas suspensas. Adotar a técnica de tecelagem manual cria um canto aconchegante para o gato, trazendo o clima handmade natural ao ambiente, sobretudo se houver plantas por perto.

Arranhadores decorativos

Os arranhadores não precisam ser peças de gosto questionável. Podem ser adotados em decorações lúdicas, inclusive feitos em casa. Basta seguir o formato que combine com a decoração e adotar o material que tem mais a ver com o ambiente - sisal, carpete, velcro ou um pedaço de tapete, por exemplo.

Pelas paredes

Na hora de projetar uma estante embutida, que tal reservar a parte superior para os gatos? A estrutura pode ser orgânica, com caminhos e escadas para os pets. As prateleiras também podem ter divisórias horizontais mais largas, para que eles possam transitar por ali.

Pegada industrial

Casas com estilo industrial podem manter o estilo predominante, sem desviar da proposta só para atender as necessidades gateiras. Com tubos e placas de madeira, por exemplo, pode-se criar diferentes estruturas para os felinos escalarem.

Planejados para os felinos

Buracos, escadas e passarelas podem ser criadas com marcenaria planejada. O que é um caminho para os bichanos percorrerem tende a se mostrar aliado na composição dos ambientes, com recortes inusitados.

Decoração lúdica

As prateleiras não precisam, necessariamente, ficar à vista. Podem ser escondidas com painéis que deixam a decoração ainda mais lúdica para os bichanos — como as nuvens adotadas aqui. Instalar móbiles e penduricalhos também são alternativas para distrair os gatos.

Pequenas soluções

Às vezes, basta uma pequena adaptação para obter um cantinho bem aconchegante. Móveis abertos na parte de baixo, principalmente mesas de apoio, com quatro pés, acomodam perfeitamente redes de tecidos para os bichanos. É só escolher cores discretas ou que combinem com o revestimento dos sofás e poltronas.

Passarelas e escadas

Como gatos gostam de ver tudo no alto e relaxar em lugares em que não são importunados, uma boa ideia é instalar as pontes suspensas entre paredes do corredor, acessíveis por escadinhas com placas modulares de madeira nas paredes laterais.