Modelo busca pela "moda do bem" em uma das ilhas mais pobres da Indonésia
Nascida em Buenos Aires, na Argentina, Sonia Vasena se mudou para o Rio de Janeiro com a família quando ainda tinha 4 anos de idade. Foi a sua tia avó que reconheceu nela o passo inicial para que começasse a sua carreira na moda — que conta com aparições nas revistas Vogue norte-americana e Marie Claire francesa.
"O começo foi imprevisível", conta ela em conversa com Nossa. "Eu tinha 14 anos, quando ela me viu chegando na casa dela e disse que me imaginou como rosto do novo perfume que estava fazendo".
O perfume, em questão, é da Sisley Paris, uma das marcas mais renomadas no mercado de beleza, nas mãos de Isabelle Potocki d'Ornano, tia de Sonia.
"Nossos antepassados passaram por situações muito desafiadoras. Viveram intensamente a Segunda Guerra Mundial. Foi uma história de muita luta e reconstrução", relembra.
A paixão pelo surfe levou Sonia até Sumba, na Indonésia. A ilha, embora seja atrativo turístico, é considerada uma das mais pobres do país, onde a taxa de mortalidade infantil é extremamente alta e praticamente não há tratamento de água.
"Eu e minha família costumávamos ficar em um hotel criado para a 'onda perfeita' em Sumba e eles ajudavam a comunidade, convidando os hóspedes a participarem dessa contribuição. Foi quando comecei a dar aulas de idiomas para as crianças, de 6 a 10 anos, da ilha", conta.
Sonia cita sua experiência de vida no Rio Janeiro, em que a "desigualdade é muito grande e muito próxima" como um dos motivos pelos quais ela começou a fazer o trabalho social na Indonésia.
"Foi algo que nunca consegui negligenciar", cita. "A primeira vez que eu fui pra Sumba, foi uma oportunidade para ajudar e fazer algo no meu alcance. Eu me divertia e aprendi com eles. Dava aula de inglês e ajudava na hora do almoço com distribuição de comida, porque eles só comiam quando estavam na escola".
No Brasil, virou uma situação normalizada. É visto como comum, mas ninguém deve achar isso normal. É bizarro as pessoas não se chocarem mais".
O projeto social, na opinião da modelo, influencia não só na sua carreira como também na formação da sua personalidade.
"Fazer esse trabalho social, por mais que eu tivesse noção, me fez desenvolver mais sensibilidade e profundidade. Trabalhando como modelo, a gente precisa ter esse lado para transmitir para a câmera. Uso isso como ferramenta para trabalhar a meu favor", diz.
Sonia reconhece o seu "privilégio" e pontua: "Pra mim, eu trabalho para poder viajar e descobrir o mundo. Dinheiro bem gasto é com educação e saúde".
A moda do bem
Quando questionada sobre já ter sido considerada "fútil" por estar no mercado de moda, a argentina brinca: "Vai ter gente julgando a vida toda [risos]".
"Eu acho que quem vê a moda como algo fútil é alguém que fica no raso. Ela vai além do produto em si, marca gerações. Através da moda existe muita 'transmissão' e, nessa época de coronavírus, tem muito mais disso. Precisamos valorizar o artesanato, a história. É uma forma de se expressar, se namorar".
Sonia namora o ator Rômulo Arantes, citado por ela durante o bate-papo: "Meu namorado até brinca comigo que eu tenho muita meia de purpurina. Mas só de eu saber que to usando, já me sinto bem. A gente se veste como a gente quer que o mundo nos veja. A moda vai muito mais além do superficial".
Futuro da moda
Animada para ver o que os próximos tempos reservam, principalmente na sua carreira como modelo fotográfica, Sonia opina na valorização das raízes como destaque para as marcas.
"A moda representa a tendência, então vai ter que ser alto relevante com o que a gente está vivendo. O essencial vai ser muito mais procurado, assim como o que é original".
Ela aposta nos acessórios, com a ascensão das máscaras, como uma das apostas para as próximas coleções.
"Espero que esse momento faça criar engajamentos sociais", acrescenta "Faça algo para que a gente possa enxergar e ajudar o próximo. Eu espero que tenha muita cor viva e romantismo".
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