Aéreas lançam voos "para lugar nenhum" na pandemia. E eles estão lotados!
Passados seis meses de pandemia do novo coronavírus e com o mundo ainda repleto de restrições para o turismo, algumas pessoas estão levando o bordão "que saudades de embarcar em um avião" a um outro nível.
Nas últimas semanas, diferentes companhias aéreas anunciaram a comercialização de novos "voos para lugar nenhum" — e estão fazendo sucesso.
É isso mesmo: estas companhias criaram voos que decolam e pousam exatamente no mesmo lugar. A ideia é cativar os turistas que estão sentindo mais falta de viajar de avião enquanto a pandemia da covid-19 impede o livre trânsito de turistas mundo afora.
As iniciativas do gênero, até agora, estão concentradas na região Ásia-Pacífico, que teria enfrentado 97,5% de diminuição na demanda por voos no auge da pandemia, segundo dados da AAPA (Association of Asia Pacific Airlines).
Vou ali e já volto
A companhia taiwanesa EVA Airways, por exemplo, levantou voo no mês passado com um de seus aviões temáticos da Hello Kitty com destino a "lugar nenhum". Foram duas horas e quarenta e cinco minutos no ar, partindo e chegando no aeroporto de Taipei, somente pela experiência de voar e ter algum serviço de bordo.
O voo especial foi criado especialmente para o dia dos pais e levava o novo código BR5288 que, pronunciado em mandarim, soa similar a "eu te amo, papai".
Outra companhia de Taiwan, a Tigerair, também criou um voo panorâmico, partindo e pousando no aeroporto de Taipei, e cujo itinerário incluiu apenas o sobrevoo da ilha sul coreana de Jeju.
Mas os tickets, que custaram cerca de 220 dólares, darão direito a um voucher com validade de um ano para ser utilizado na compra de voos entre Taiwan e a Coreia do Sul, uma vez que as fronteiras entre os dois países sejam reabertas.
Sem sair do chão
No Japão, a First Airlines, que há alguns anos já oferecia experiências virtuais de voo, começou a ver imensa demanda do serviço recentemente.
A ideia ali é sentar-se em uma estrutura similar a uma cabine de avião, com assentos de classe executiva, serviço de bebidas e refeições tipicamente servidas nos voos da companhia, enquanto telas projetam em realidade virtual nuvens e paisagens aéreas do lado de fora da aeronave.
A experiência inclui também um tour virtual pelo destino escolhido (por exemplo, Paris, Roma ou Nova York) antes de "desembarcar".
As iniciativas do gênero estão fazendo tanto sucesso por lá que recentemente até a gigante Singapore Airlines afirmou que está pensando em criar alguma experiência similar em breve.
Passagens esgotadas em dez minutos
O caso de maior sucesso até agora foi o voo "Great Southern Land" da Qantas, previsto para decolar sem destino à vista em 10 de outubro.
As passagens se esgotaram em apenas dez minutos — e isso tudo com tickets entre US$787 e US$3.787. Foi o voo que vendeu mais rápido em toda a história da Qantas, de acordo com CEO da companhia.
A viagem "panorâmica" será feita em um avião 787 Dreamliner que partirá e retornará ao aeroporto de Sydney. Voando a altitudes mais baixas que as normalmente adotadas em aeronaves deste porte, a companhia aérea espera sobrevoar paisagens icônicas da Austrália, como a Grande Barreira de Corais, o formação rochosa Uluru e, claro, o belo Sydney Harbour.
Você iria?
Embora estejam fazendo extremo sucesso do outro lado do planeta, nem todo mundo embarcaria numa experiência dessas. "Amo viajar, mas não nesse nível", diz Priscila Esteves, de São Paulo. "Para mim, o avião é justamente a pior parte da viagem".
A farmacêutica Laiza Ferreira engrossa o coro:
A minha maior aflição seria justamente estar em um avião lotado, mesmo com a justificativa de que o ar seja renovado a cada três minutos"
Um pulinho na Antártica
A Qantas afirmou também que realizará voos cênicos de doze horas de duração da Austrália até a Antártica — sem que seus passageiros sequer precisem de um passaporte para embarcar.
Os voos panorâmicos, que acontecerão entre novembro e fevereiro próximos, serão realizados a bordo de um Boeing 787 Dreamliner, partindo das cidades de Sydney, Melbourne, Brisbane, Adelaide e Perth.
O itinerário inclui apenas o deslocamento ida e volta e o sobrevoo de alguns lugares do continente gelado, retornando ao mesmo local de partida doze horas depois. Os preços começam em US$1.199 por pessoa, em classe econômica, e chegam a US $7.999, em classe executiva.
Frango ou massa?
Mas a saudade das viagens de avião é tanta para algumas pessoas que empresários estão explorando essa carência também de outras maneiras — inclusive sem nem envolver aviões e voos propriamente.
A premiada companhia Thai Airways, por exemplo, abriu um restaurante temporário em sua sede, em Bangkok, com mobiliário de aviões, garçonetes vestidas de comissárias de bordo e, é claro, típica comida de avião no menu. E está fazendo o maior sucesso no país.
Do lado de cá, a paulistana Rebeca Martinez não toparia: "Ficar no avião e comer comida de avião sem ir a lugar nenhum? Nem pensar!".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.