Arroz em alta? Como substituí-lo sem perder sabor, dinheiro ou saúde
Um dos assuntos mais comentados das redes nas últimas semanas, a alta do preço do arroz surpreendeu tanto os brasileiros que virou até meme - e como está difícil mantê-lo na mesa. Mas será que dá para trocar esse hábito por outros mais em conta?
Nossa consultou uma nutricionista, uma chef de cozinha e um contador para responder a essa pergunta e ajudar a fechar a conta do supermercado.
O arroz é do grupo de carboidratos e é subdividido em tipos, sendo arroz branco polido, tipo 1 e 2; parboilizado e integral. Entre os integrais ou não polidos há ainda arroz negro, sete grãos, entre outros.
Segundo a nutricionista paraense Jamile Khaled ela, quanto menos polido mais saudável é o produto, mas isso influencia diretamente no preço.
É claro que o arroz negro e o integral têm valor nutricional muito melhor do que o polido, assim como o valor econômico maior, então vale o investimento", pondera.
Como objetivo é economizar ela indica alimentos que estão no mesmo grupo e que podem ter preços mais acessíveis. "Seria o macarrão, independente da sua apresentação, seja espaguete, penne; a própria farinha (de mandioca); a batata de um modo geral, batata frita, purê de batata e; aí entra também a batata-doce", orienta.
Saúde x bolso
Mas é importante observar alguns aspectos para não onerar essa conta e ainda garantir benefícios para a saúde. O principal é a diferença entre o preço e o valor nutricional, assim como o rendimento de cada uma das guarnições.
Quanto ao arroz, é possível até aderir à sua versão integral, já que o que mais teve aumento foi o arroz tipo 1, levando em conta que os dois rendem a mesma quantidade, sendo o primeiro mais saudável. "De maneira geral, é convencionado que ele (o arroz) triplica em sua forma cozida. Sendo assim 50 gramas de arroz cru rende, em média, 150 gramas de arroz cozido, suficiente para servir um adulto em uma dieta normocalórica".
Em uma rápida pesquisa nos mercados locais, Nossa encontrou arroz integral com valores mais em conta em relação ao comum. Um pacote de um 1 kg estava por até R$ 3,95, enquanto do comum, por R$ 4,75, no mesmo lugar.
Quando a troca é pelo macarrão, a conta também vai depender se é por massa seca ou recheada. A massa também triplica depois do cozimento, mas a porção indicada para consumo depende do tipo. "Pode variar de 80 gramas de for seca (espaguete simples) a 240 gramas (no caso de um ravioli), por pessoa", revela Khaled.
No caso dos tubérculos, como a batata comum, branca doce ou doce rosa, a porção deve ser de 300 gramas por pessoa. Também em nossa pesquisa encontramos promoções de batata comum por R$ 1,99 e a rosada doce por R$ 2,99.
Ingrediente local que hoje tem fácil acesso no sul e sudeste do país pode ser a melhor opção em termos de preço, segundo a especialista. "A opção mais barata é a farinha de mandioca, mas temos que observar que é hipercalórica. Então, o consumo sem controle pode fazer você engordar. Mas é um alimento não processado, sem glúten e ainda tem uma quantidade significativa de magnésio e potássio", lista.
Na ponta do lápis
Dependendo da região e da marca, os valores do arroz integral, massas, batata comum e batata-doce podem variar. No caso do Pará, o último levantamento feito pelo Dieese mostra que houve alta em alguns produtos citados pela nutricionista, mas queda em outros.
A batata, tanto a comum como a doce branca, teve queda de preços, sendo o médio de R$ 4,25 e R$ 5,47, entre os meses de julho e agosto. Os valores configuram uma redução de 26,85% e 1,97%, respectivamente. A única que teve alta foi a doce rosa, com 2,75% a mais em agosto, saltando de R$ 3,63, para R$ 3,73.
O pacote de macarrão de 500 gramas, sem ovos, varia de R$ 2,70 a mais de R$ 3,20. Já o com ovos, de R$ 3,50 a mais de R$ 4,50. "Lembrando que estamos falando de preços médios e que os preços podem variar tanto para mais como para menos", explica o Técnico Encarregado de Pesquisa, Everson Costa. Ele lembra que os dois tipos tiveram aumento esse ano, sendo o com ovos de 2% e o sem ovos, de 8%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Já a farinha teve o menor reajuste, de 0,29%, cujo preço médio do quilo passou de R$ 6,86 para R$ 6,88.
Mas apesar dos reajustes nesses itens, o consumo ainda pode ser uma vantagem em relação ao arroz, com uma técnica que é velha conhecida dos consumidores. "Na prática, toda pesquisa em tempos de pandemia, queda na renda, desemprego em alta e carestia, em especial dos alimentos básicos, é válida.
Neste momento não só para substituição, mas também a priorização do que realmente é básico, pode ajudar bastante na hora de adquirir a alimentação", frisa o técnico do Dieese.
Jamile Khale acrescenta mais duas dicas. "Observar a forma de armazenamento dos alimentos para não haver desperdícios e principalmente a forma correta de cocção (cozimento), que garante a manutenção das características nutricionais do alimento escolhido".
Incentivo à mudança
Proprietária de uma rede de sete restaurantes no Estado do Pará - sendo a maioria a peso - que consomem mensalmente meia tonelada de arroz, a chef Thatiana Martins sentiu o impacto do preço da guarnição. Como ela é a queridinha da clientela, não foi possível substituí-la nem reduzir as compras.
Optamos por diminuir a margem de lucro em pelo menos 10% para não repassar o reajuste aos consumidores nessa época de pandemia", conta.
Para equalizar o problema Martins investe em receitas simples que incentiva o consumo entre a clientela usando os mesmos ingredientes sugeridos pela nutricionista: massas, purês e farofas.
Essa foi maneira encontrada pela rede para manter o sabor e tentar controlar o orçamento. "Tanto a massa, como na farofa, só com manteiga e sal já ficam saborosas. No caso da manteiga clarificada podemos usar azeite, além dos talos das ervas, que iriam ser jogados fora".
Para quem não tem muita familiaridade com a cozinha, a chef revela o que vai bem com cada acompanhamento. "O frango e o peixe combinam mais com um purê do que com a massa. A carne vai mais para a massa e a farofa de ovo é um acompanhamento universal que dá para qualquer prato".
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