De cara com Estado Islâmico e Nepal destruído, brasileiro viaja para ajudar
Em 2015, depois de viver por mais de cinco anos na Irlanda, o brasileiro Danniel Oliveira estava prestes a começar uma viagem de volta ao mundo, para fazer turismo em lugares como Islândia, Groenlândia, Alasca e Rússia.
Pouco antes do começo da jornada, porém, ele ficou sabendo que o Nepal havia sido atingido por um violentíssimo terremoto, que destruiu cidades e deixou milhares de mortos e feridos.
"Aquilo me fez mudar todo o meu roteiro", conta ele.
Decidi começar a viagem fazendo trabalho voluntário no Nepal, para apoiar o povo de lá. Ajudei a construir 210 casas e quatro escolas no país, além de conseguir 14 toneladas de alimentos para pessoas necessitadas".
A experiência no Himalaia foi o pontapé de uma verdadeira maratona de boas ações. "Não era minha ideia inicial, mas acabei focando minha viagem mundial no trabalho voluntário", diz.
"Eu nunca havia vivenciado uma catástrofe natural. É muito complicado você ver tudo destruído e estar no meio de pessoas que perderam familiares e suas casas por causa do terremoto. Foi tudo muito chocante para mim", explica ele.
"E, além disso, houve a ocorrência de diversos tremores secundários por vários dias. Um deles foi muito forte e matou mais pessoas. Neste dia, eu estava em cima de um morro ajudando a reconstruir uma escola e começamos a ver as casas caindo lá embaixo".
Depois de auxiliar a população nepalesa, ele viajou, neste mesmo ano de 2015, para a Mongólia, com o objetivo de cuidar de animais rurais no interior do país. No ano seguinte, foi a vez de ir para a Rússia, onde ensinou inglês para crianças da região da Chechênia e da longínqua Vladivostok.
E, logo em seguida, ainda em 2016, tomou uma decisão que muita gente acharia temerária: entrou no norte do Iraque, na região do Curdistão, para realizar trabalho voluntário com refugiados de guerra, ficando quatro meses por lá.
Perto do Estado Islâmico
Danniel ingressou no Curdistão iraquiano como turista, aproveitando o fato de a região ser mais acessível a viajantes estrangeiros do que o resto do Iraque (por ser uma área com autonomia política).
"Cheguei a Erbil [a capital do Curdistão iraquiano] e me inscrevi em um programa de uma ONG vinculada à ONU, que ajuda refugiados de guerra. Levávamos alimentos a campos de refugiados. Era muito trabalho, muitas famílias para alimentar", relata.
E as ações sociais na área não paravam por aí: o brasileiro também fez parte de equipes que iam a comunidades que realizam mutilação genital feminina, para tentar convencê-los a abandonar a prática.
Ele conta que nunca chegou a ser ameaçado diretamente pelos conflitos armados do território iraquiano, mas viveu situação tensas.
"Frequentemente, passávamos por uma cidade onde há atuação do Estado Islâmico. Uma vez, ao visitarmos um grupo de refugiados neste local, soubemos que a polícia havia encontrado membros do grupo no mesmo bairro em que a gente estava. E, em outra ocasião, eles fizeram um atentado terrorista com um carro-bomba na fronteira".
Maior recompensa
Danniel também ensinou inglês para comunidades carentes na Rússia. "É muito bom ver crianças aprendendo a falar inglês, pois aquilo trará muitas oportunidades para suas vidas e lhes dará acesso a um mundo de informações que será muito útil".
"É trazer algum tipo de melhoria para a vida das pessoas. A maioria das pessoas não espera que alguém se disponha a dar este tipo de ajuda para elas.
E é algo imensurável saber que a gente pode ter um impacto positivo na vida dos outros", diz o brasileiro.
Agência de turismo com ações sociais
Hoje com 34 anos de idade, Danniel continua envolvido com boas ações no exterior, além de ter criado uma organização que ajuda 70 crianças em um bairro periférico de Natal, no Rio Grande do Norte (cidade na qual viveu e onde fez os primeiros trabalhos sociais).
Com sua bagagem, montou uma agência de viagens que une turismo com a prática de trabalhos voluntários em países como Índia e Nepal.
Em março deste ano, ele estava com um grupo de estrangeiros na Índia, com o objetivo de fazer turismo e levar ajuda para comunidades carentes da nação de Gandhi. Com o início da pandemia, a viagem foi interrompida e seus participantes voltaram para seus países de origem.
Danniel, entretanto, ficou por lá e começou a ser proibido pela polícia de sair do local onde estava hospedado.
Ele, então, resolveu comprar uma passagem aérea para a Tailândia, que vivia uma situação pandêmica menos dramática do que o território indiano - e se encontra no país asiático até agora.
Impossibilitado pela pandemia de realizar trabalhos voluntários no território tailandês, ele tem usado seu tempo para planejar novas empreitadas no futuro. Um de seus objetivos é, em breve, realizar ações sociais no Quênia, na África.
Dicas para ajudar pelo mundo
Danniel diz que realizou seu trabalho no pós-terremoto no Nepal sem muito planejamento prévio: "Cheguei lá por conta própria, entrando em contato apenas alguns amigos que tenho no país".
Para quem quem pretende fazer algo mais organizado, porém, ele indica o site que utilizou para ir à Mongólia, chamado Workaway (www.workaway.info), que divulga vagas de trabalhos voluntários em diversos cantos do mundo.
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