Eles largaram casa e emprego para viajar pelo mundo. Conheça suas histórias
Você largaria o conforto de seu lar e a segurança de uma rotina para mochilar pelo mundo?
Nossa conversou com quatro brasileiros que deixaram para trás suas residências e, com pouca bagagem nas costas e dinheiro contado no bolso, realizaram longas jornadas pelo planeta, viajando sem parar por meses (e até anos).
Bárbara Cady, 34 anos
Histórico nômade: Em 2016, largou sua casa no Rio de Janeiro, pediu demissão do emprego e deixou o Brasil para percorrer o mundo.
Inicialmente, pensei em viajar por dois anos, mas acabei ficando quase quatro anos na estrada", conta.
"Queria sair da minha zona de conforto e buscar novas experiências".
Durante a jornada, Bárbara visitou dezenas de países, em regiões como América Central, África, Oriente Médio, Europa e Ásia (as fotos da aventura podem ser vistas em seu perfil de Instagram.
Como transformou a estrada em sua casa: A carioca relata que, no decorrer da viagem, começou a buscar experiências mais imersivas nos lugares que visitava.
"No início, eu estava em um ritmo muito rápido, conhecendo muitos países em um curto período de tempo". Bárbara, então, começou a realizar paradas mais longas em certos destinos do mundo, para se aprofundar na cultura local e construir amizade mais profunda com os nativos.
Ela, por exemplo, realizou retiros de meditação na Índia, trabalhou por um mês em uma escola de mergulho na Tailândia e estudou francês por dois meses e meio no sul da França - todas experiências que a fizeram se sentir parte destes lugares.
Como achou conforto em suas hospedagens: "Ao longo da viagem, fiquei em hostels, trabalhei em troca de hospedagem e dormi na casa de amigos. Quase não usei hotéis por causa dos altos custos". Bárbara conta que sempre buscou criar um ambiente familiar nos locais em que se hospedava por mais tempo.
Uma de suas táticas era pendurar uma foto do Rio de Janeiro na parede do seu quarto. "Aquilo me dava uma referência de casa", relata ela. E, ao estudar na França, ela alugou um apartamento e o decorou com lembranças do Brasil e de suas viagens, que a fizeram se sentir em um lar de verdade.
O que levou na mochila: "Comecei viajando com uma mochila de 60 litros. Mas, com o tempo, fui me desapegando", explica a carioca.
"Resolvi comprar uma mochila menor, de 40 litros. Ela entra como bagagem de mão no avião, o que diminui meus custos com despacho, e consegue levar o que é necessário para mim. Na mochila, não pode faltar um caderno, no qual escrevo um diário de viagem, e roupas que são duas peças em uma, como aquelas calças com zíper que viram shorts e economizam espaço na mala. Nas viagens, percebi a importância de ter minimalismo e simplicidade na vida".
Do que sentiu falta na estrada: "Sentia muita falta dos meus amigos e da minha família. Na estrada, você acaba ficando muito sozinha. E eu também tinha muita saudade da comida brasileira".
Para driblar isso, Bárbara voltou momentaneamente ao Brasil no meio de sua viagem para rever pessoas queridas. E, sempre que algum amigo brasileiro ia visitá-la no exterior, levava alguma comida brasileira que é impossível de encontrar lá fora.
Maria Garcia, 37 anos
Histórico nômade: Já passou sete anos de sua vida viajando pelo mundo sem ter residência fixa (e, no momento, está morando em um apartamento alugado em Berlim). Já visitou mais de 50 países, como Marrocos, Egito, Itália, Espanha, França, Indonésia, Mianmar, Vietnã e Irã. Documenta suas viagens no perfil do Instagram.
Como transformou a estrada em sua casa: Assim como Bárbara, Maria sempre gostou de fazer viagens imersivas, passando muito tempo em um único destino para absorver a cultura local, conhecer a fundo a população nativa e transformar o lugar visitado em uma espécie de casa temporária.
"Passei, por exemplo, um mês e meio no Vietnã e diversos meses na Indonésia. Sempre quis conhecer em detalhes os lugares que visitei e vivenciar tudo o que eles podem oferecer".
Como achou conforto em suas hospedagens: Em suas jornadas, Maria se hospedou em hostels, fez couchsurfing e ficou na casa de amigos e em pousadas de baixo custo. Ela afirma se sentir em casa em qualquer lugar do mundo.
"Só preciso ter um cantinho para jogar minha mochila", diz. "Mas também é importante ter um armário para organizar as roupas, um banheiro onde deixar meus produtos de beleza e, se eu for ficar muito tempo no lugar, uma estante na qual colocar livros e uma mesa para o computador. Isso deixa as coisas mais confortáveis".
O que levou na mochila: "Nas primeiras viagens, eu levava muita tranqueira na mochila, não conseguia nem carregá-la. Mas, com o tempo, a gente começa a levar só o essencial", diz. Maria consegue se sentir confortável na estrada apenas com uma mochila de tamanho médio capaz de carregar o que ela chama de "roupas curingas".
"Nas viagens, aprendemos a desapegar e vemos que não precisamos de muitas coisas".
Do que sentiu falta na estrada: "Às vezes, sinto falta da sensação de estar em uma casa de verdade e de ter um pouco mais de conforto. Mas, geralmente, sinto muito mais saudade da estrada quando estou em casa do que vice-versa", diz. Morando hoje em Berlim, Maria afirma já ter planos para viajar novamente em breve. "No início do ano que vem, quero voltar para a Ásia".
Bárbara Raffaeli, 35 anos
Histórico nômade: "Em 2014, eu tinha uma vida bem confortável em São Paulo.
Morava na Vila Madalena, trabalhava em Pinheiros, tinha um carro e pagava minhas contas. Mas resolvi vender tudo e viajar pelo mundo, algo que sempre quis fazer", conta Bárbara.
Ela, então, embarcou em uma jornada que duraria um ano e passaria por diversos países do globo, como Índia, nações do Sudeste Asiático, Inglaterra, Rússia e Turquia.
Como transformou a estrada em sua casa: A viagem de Bárbara teve um ritmo intenso, com ela se deslocando constantemente entre diferentes cidades e países.
Quando a grana ficou curta, a brasileira resolveu estacionar em Istambul e conseguiu um emprego em um bar por lá. Isso permitiu que ela tirasse uma folga da estrada, juntasse dinheiro e vivesse como uma local por três meses na metrópole turca.
Durante este tempo, ela curtiu uma imersão cultural na cidade e recarregou as energias (e o bolso) para continuar a jornada.
Como achou conforto em suas hospedagens: Bárbara diz que "ficou em todo tipo de lugar", com muitas noites passadas em quartos compartilhados de hostels. Mas, quando estava cansada, ela às vezes ficava em hotéis, o que lhe dava mais privacidade e conforto.
Além disso, a brasileira relata que teve boas experiências fazendo couchsurfing. Na Índia, por exemplo, ela foi recebida por um anfitrião que lhe proporcionou um ótimo ambiente de hospedagem.
O que levou na mochila: A brasileira viajou pelo mundo com um mochilão nas costas e, na sua bagagem, roupas de secagem rápida estavam entre os itens de maior importância.
"Neste tipo de viagem, às vezes você passa pouco tempo nos meios de hospedagem e não dá tempo de secar. E, mesmo mochilando, sempre tive um pouco vaidade. Esmalte e perfume faziam parte da minha mochila".
Do que sentiu falta na estrada: "Sentia falta de me hospedar em espaços que eram só meus. Fiquei em muitos quartos compartilhados. Uma vez, no Camboja, dormi em um quarto de hostel com outras 30 pessoas, em um calor do inferno".
Para driblar este desconforto, Bárbara se hospedava, às vezes, em lugares mais privados. Além dos hotéis mencionados acima, ela também achou bangalôs privativos bem econômicos no litoral do Sudeste Asiático, o que a ajudou a tirar uma folga de acomodações apinhadas de mochileiros.
Rodrigo Ferreira, 40 anos
Histórico nômade: Hoje trabalhando com cinema na Cidade do México, Rodrigo já passou mais de sete anos viajando pelo mundo sem ter moradia fixa.
Em sua trajetória, desbravou dezenas de países ao redor do globo - quase sempre explorando estes locais como um legítimo mochileiro, com longas viagens de trem e de ônibus, noites passadas em hostels e batendo perna para conhecer os destinos visitados.
Como transformou a estrada em sua casa: Rodrigo sempre gostou de ficar em quartos compartilhados de hostel em suas viagens. Se por um lado isso tirava sua privacidade, por outro permitia que ele fizesse muitos amigos mochileiros. Como o brasileiro viaja muito sozinho, estas novas amizades, mesmo que momentâneas, criam um positivo ambiente familiar para ele na estrada.
Como achou conforto em suas hospedagens: Mochileiro raiz, Rodrigo ressalta que comodidade está longe de ser prioridade em suas jornadas.
Minhas viagens são o oposto de conforto", diz ele.
"Adoro dormir em hostels. E não gosto de pegar táxis, por exemplo, porque gosto de me perder nas cidades que estou visitando e, assim, descobrir cantos inusitados destes lugares".
Para o brasileiro, conforto é estar fora da zona de conforto. Segundo ele, é com as aventuras que a pessoa ganha os maiores aprendizados em suas viagens.
O que levou na mochila: O brasileiro conta que, ao começar uma grande jornada, "sempre soube onde a viagem iria começar, mas nunca onde ela iria terminar". Por isso, preparava seu mochilão com roupas de frio e de calor.
"Frequentemente, isso me fez viajar com um pouco mais de bagagem do que meus colegas de estrada. Mas sempre me preocupei em levar apenas um item de cada peça de roupa, para não viajar muito pesado".
Do que sentiu falta na estrada: Rodrigo diz que, em suas viagens, sente saudade de seus amigos brasileiros. "Faz falta interagir com eles", diz. "Mas isso eu resolvo um pouco ao fazer amizade com os viajantes que conheço nos hostels, apesar de serem pessoas que talvez eu nunca mais veja na vida".
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