Alugar casa ou chácara virou opção para mudar de ares sem furar isolamento
A advogada Helena Campos, 31, mora sozinha e terminou um namoro no começo da pandemia. Depois de meses sem contato social, decidiu alugar uma casa com piscina para passar quatro dias com outros três amigos.
"Foi uma decisão de redução de danos. Precisava fazer algo que não fosse trabalhar, cuidar da casa ou ver TV. Precisava tomar um sol, sair um pouco do apartamento", fala em entrevista para Nossa.
O designer Caio Fabrício, 25, por sua vez, foi além. Ele morava em uma quitinete em São Paulo (SP). Não aguentando mais passar do sofá para cama, da cama para o sofá, decidiu entregar o apartamento e ficar pingando de casa em casa. Atualmente, ele está dividindo uma chácara em Piracicaba, interior de São Paulo, com amigos.
"É um risco calculado. São pessoas que confio e que sei que estão em quarentena restrita como eu, mas que não aguentavam mais ficar confinados", diz.
Ir atrás de uma casa de temporada tem se tornado uma opção para mudar de ares durante a quarentena sem abrir mão do isolamento.
De acordo com levantamento do Airbnb, plataforma de aluguel de casas e apartamentos para turismo, desde maio houve um crescimento na procura por acomodações em destinos "hiperlocais", que não estavam no radar turístico mais tradicional, localizados até 300 quilômetros de distância de centros urbanos. Por exemplo, cidades como São José dos Campos, Sorocaba, Petrópolis e Resende cresceram em interesse dos usuários em comparação ao mesmo período no ano passado.
Além disso, cada plataforma de aluguel está criando seus próprios códigos de segurança baseados nas recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Seguindo o exemplo, o Airbnb lançou, em junho, o Protocolo Avançado de Higienização e Práticas de Segurança para anfitriões e hóspedes, em outubro.
Assim como os destinos mudaram, as perguntas feitas pelos hóspedes também estão um pouco diferente. O surfista Marco Polo, de Florianópolis (Santa Catarina), costuma colocar sua propriedade na mesma cidade em que vive para aluguel de temporada. Como anfitrião, ele têm sido questionado sobre como vai a pandemia em Florianópolis. "Eles têm se preocupado bastante com as diretrizes das cidades durante a pandemia, principalmente em relação ao comércio e turismo", afirma.
Caio Fabrício sempre pesquisa quantos casos de covid-19 há nas cidades em que costuma se hospedar, para diminuir as chances de ser contaminado.
Fugi de São Paulo também por ter mais aglomeração".
A infra-estrutura também é importante: segundo o Airbnb, hóspedes estão mais preocupados sobre se há supermercado por perto e se há wi-fi disponível. Caio é um dos hóspedes que atenta a esse detalhe. Por trabalhar remotamente, a conexão com a internet também é um ponto crucial. "Preciso porque, de segunda a sexta-feira, continuo tendo que fazer minhas entregas", diz.
Fugidinha pela segurança
O noivo de Raquel Moraes, 28, tirou férias em setembro. Porém, passar os dias de descanso no mesmo local em que ele trabalhava não estava fazendo bem para ninguém. Por isso, eles decidiram alugar uma casa em Pinhalzinho, cidade com 19 mil habitantes no interior de São Paulo, para passar sete dias com os pais de Raquel.
Assim, enquanto ela continuava a trabalhar de casa, ele poderia ter uma "sensação de férias". Antes de viajarem, eles tomaram algumas precauções, incluindo uma quarentena restrita em suas respectivas casas. "Para garantir que ninguém estava com algum sintoma de covid-19 para não contaminarmos nossos próprios familiares", fala Raquel.
Helena, por sua vez, escolheu uma casa para onde ela e os amigos pudessem viajar de carro, sem se expor em ônibus intermunicipais ou avião. "Também levamos todas as coisas de São Paulo para poder cozinhar na casa sem sair para nada", diz. O grupo evitou, ainda, ficar muito próximo um do outro. "Não nos abraçamos e mantivemos nossas atividades coletivas ao ar livre. Nos dias de trabalhar, era cada um em um canto da casa".
Mesmo tendo que ficar tão atenta a detalhes como descontaminação, Helena Campos sente que o tempo fora de casa fez muito bem para sua cabeça.
Foi o primeiro evento desses em seis meses. Então, quando voltei, estava renovada".
Ela pretende repetir a "escapada" de casa, nem que seja sozinha em um hotel em São Paulo (SP). "Tenho medo de ficar doente e morrer, mas, sem uma perspectiva de vacinação em massa capaz de erradicar o vírus, a gente precisa achar formas responsáveis de ter lazer", afirma.
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