Crocs dribla falência e título de "pior invenção" para voltar à nova moda
"Você nos ama ou nos odeia — e tudo bem, porque isso significa que você está prestando atenção em nós".
Essa é a frase que Michelle Poole, a presidente da Crocs, usa para definir a sua marca. O que não deixa de ser uma verdade: existe o time dos que o odeiam e o colocam numa caixinha de cafona e os que aderem, mesmo que secretamente ao seu uso, priorizando o conforto dos pés.
O conforto é o ponto principal que traz os sapatos de borracha, lançados em 2002 em todo o mundo, para a moda mais uma vez.
"A pandemia está dando uma chacoalhada para uma nova aceitação. Em um primeiro momento, as marcas devem buscar conforto e praticidade, mesmo que depois disso voltem ao normal", diz o historiador de moda João Braga em entrevista sobre a "busca pelo conforto da moda" a Nossa.
De acordo com a The Lyst Index, as buscas pelos calçados desses modelos crescem 32% a cada mês em 2020. A empresa, especializada na pesquisa do mercado da moda, vai ainda além e nomeia o Crocs como o "sapato it" do momento.
Como (re)nasce o Crocs?
Mirando no seu público ainda fiel e nos do mundo da música pop, recentemente a marca anunciou uma colaboração com Justin Bieber. Nas palavras do cantor:
"Como artista, é importante que minhas criações permaneçam fiéis a mim mesmo e ao meu estilo. Eu uso Crocs o tempo todo, então desenhar meu próprio par veio naturalmente. Com eles, eu apenas me concentrei em fazer algo legal que eu pudesse usar".
A collab entre a marca de sapatos e a Drew, comanda por Bieber, é toda na cor amarela e traz alguns patches com símbolos de representação millennial, tais como o arco-íris, pizza, donnuts e flores.
O produto, lançado no dia 13 de outubro, já está esgotado no site oficial. Aos que almejam um deles, só resta buscar nas possíveis lojas que o revendem oficialmente e desembolsar aproximadamente R$ 350.
Os artistas Bad Bunny e Post Malone não ficaram atrás e também apostaram em filiar seus nomes à marca.
Depois de quase ir à falência em 2009, um ano depois de a empresa perder US$ 185 milhões, cerca de R$ 1 bilhão do seu lucro, a estratégia de retorno foi apostar na alta-costura — na qual, mais do que em qualquer outro lugar, é cool ser esquisito.
Entre as colaborações estiveram nomes com Balenciaga e Christopher Kane. Na época, ambas as casas de moda destacaram seu apreço pelo sapato por seu status de durabilidade.
Assim, seguiu-se um efeito tendência dominó: a Gucci lançou um calçado de borracha no mesmo estilo e a Yeezy, de Kanye West, colocou às vendas os seus pares futurísticos com o material.
Todas elas nadaram contra a má fama, já instalada sobre os Crocs, que incluía até a sua figuração em 22º lugar na lista de "50 piores invenções do mundo", da renomada revista Time, em 2010, que não mediu palavras para destilar o desgosto pelo sapato.
Não importa o quão populares eles sejam, eles são muito feios (...) O CEO da empresa disse: 'Se o deixarmos um pouco mais estiloso, começaremos a atrair um público maior'. O que significa que eles podem ser atraentes o suficiente para você lavar sua roupa".
Revista Time, em 2010, na lista das "50 piores invenções do mundo".
No que se diz "dinheiro no bolso", os resultados já apareceram: após a recente colaboração com Bieber as ações da empresa norte-americana aumentaram em 11% e, segundo o Business Insider, "foram impulsionadas pela pandemia".
Agora, o retorno ao público pode estar bem encaminhado com a Geração Z e sua busca pela imperfeição.
Na opinião da stylist Débora Miranda, é um momento bem provável para que o mundo abrace o Crocs de novo, inclusive no street style, ou, até mesmo, atrair um novo público.
"É interessante ver que muitas coisas voltam à moda porque famosos estão usando", diz a Nossa. "O assinado pelo Bad Bunny inclusive brilha no escuro".
"Depois disso, alguém se inspira, usa, compartilha e acaba virando uma corrente de tendências, ainda mais com tudo o que se vem discutindo sobre a moda pandemia", conclui ela se referindo a troca do salto alto pelos calçados confortáveis.
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