"É hora do turismo brasileiro mirar no viajante nacional", diz executivo
Desde que a pandemia de coronavírus paralisou o planeta, em março, o brasileiro assiste a uma redescoberta do próprio país. E já que o viajante nacional decidiu fazer sua retomada por conta própria, o "novo normal" significa agora deslocamentos mais perto de casa, em viagens que aliam lazer e trabalho.
Com o lançamento do Plano Nacional de Retomada do Turismo pelo Ministério do Turismo, no início de setembro, o setor vem apostando no conceito de "turismo de proximidade", em referência a viagens terrestres para destinos com até 300 quilômetros de distância.
"É o momento do turismo brasileiro virar a chave. Ainda tem muito espaço no Brasil para explorar o turismo regional", aposta Luiz Cegato, gerente de comunicação da Booking.com para a América Latina.
A plataforma divulgou com exclusividade para Nossa uma pesquisa que aponta as tendências do turismo no pós-pandemia.
Realizado com 20.934 pessoas de 28 países, o estudo mostra que os viajantes devem buscar opções mais econômicas, deslocamentos nos arredores e do tipo "bleisure", terminologia usada para descrever viagens que unem negócios (business, em inglês) e lazer (leisure).
Quintal de casa
Embora o assunto já não seja novidade desde o início da pandemia, o item "viagens perto de casa" foi mencionado por 55% dos viajantes nacionais. Dos 999 brasileiros entrevistados, mais da metade quer conhecer um destino novo na região em que mora.
"O turismo brasileiro precisa mostrar a cara para o brasileiro. É turismo brasileiro para brasileiro", analisa Cegato.
É nesse contexto que tem aumentado a procura por estabelecimentos que tenham também infraestrutura para home office ou até home schooling para crianças que já voltaram à escola, virtualmente. Segundo a pesquisa, 43% se mostraram dispostos a ficar em quarentena em outras cidades se puderem trabalhar remotamente.
Prever o futuro do turismo ainda é bastante complexo. É o momento mais difícil para o setor na era moderna. Mas identificamos que o brasileiro está procurando escapar de carro para onde possa trabalhar e ter a família por perto"
Marco Sobrinho, um dos area managers da Booking.com
Outra pesquisa feita também pela empresa, entre maio e junho deste ano, mostrou que o brasileiro ainda é tradicional na hora de escolher seu destino de férias. Com 63% dos entrevistados planejando viajar para um lugar já conhecido, Rio de Janeiro, Campos do Jordão, Monte Verde, Gramado e Porto de Galinhas lideraram as preferências do viajante nacional.
Entre os mil destinos presentes nas wish lists de viajantes do mundo todo, a capital fluminense ocupa a 64ª posição, desbancando cidades turísticas como Mykonos, Cancún e Miami.
Do lado de lá das fronteiras, foram indicados destinos como Lisboa, Paris e Buenos Aires.
Igual, mas diferente
Se preocupações com medidas de saúde e higiene também não são novidades, a inovação tecnológica terá um papel essencial na hora de reconquistar o viajante.
Com quase 30 milhões de anúncios de propriedades diferentes, a Booking viu crescer a busca por acomodações não tradicionais, como casas, iglus e até casa na árvore. Para isso, criou um filtro que indica as medidas de saúde e segurança adotadas pelas propriedades parceiras.
A tecnologia deverá ser mais um serviço a ser considerado no planejamento de uma viagem.
Para controlar os riscos à saúde, 69% dos brasileiros acreditam que "as acomodações vão precisar ter tecnologias de ponta para fazerem as pessoas se sentirem seguras" e cerca de 60% recomenda o uso de recursos tecnológicos para reservas em restaurantes e máquinas de autoatendimento no lugar dos balcões de venda de ingressos.
A pesquisa apontou também o desejo de viajar para compensar o tempo perdido em 2020 (64%), busca por viagens mais sustentáveis (71%) e econômicas (78%), e melhores condições nas políticas de cancelamento de reservas (82%).
Porém o gerente Marco Sobrinho é cuidadoso ao avaliar o futuro.
"Ainda existe muita imprevisibilidade As preocupações estão claras, mas a confiança do viajante brasileiro só vai aumentar quando houver uma vacina contra o coronavírus".
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