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Toque de sal pode ser tudo o que seu drinque precisa. Aprenda como usar

Bloody Mary é só um dos drinques com o salgadinho como marca - Getty Images/iStockphoto
Bloody Mary é só um dos drinques com o salgadinho como marca
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Pedro Marques

Colaboração para o Nossa

06/11/2020 04h00

Sal não é um ingrediente estranho à coquetelaria. O toque salgado é marca registrada de clássicos como o Bloody Mary (vodca e suco de tomate temperado) e suas variações, um Dirty Martini (salmoura, gim e vermute seco) ou um Bull Shot, com vodca, caldo de carne e molho inglês.

Verdade seja dita, não é todo mundo que sai de casa (ou pede pelo delivery) um drinque salgado. O que não impede os bartenders de explorarem esse sabor, que tem aparecido com mais frequência em vários bares.

"Com certeza vejo como uma tendência, mas ainda falta mais gente descobrir", acredita Lula Mascella, chefe de pizza-bar Picco, em Pinheiros (São Paulo).

Bloody Mary - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Bloody Mary
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Sal pra quê?

Tradicionalmente, explica Mascella, um toque salgado funciona para equilibrar as características de drinques mais cítricos - um bom exemplo é a mexicana Margarita, com tequila, licor de laranja, limão e sua marcante borda com crosta de sal.

Há outras maneiras de usar esse sabor nas bebidas. Embora não se fale muito, o sal tem a capacidade de atenuar a sensação de amargor (seja no copo ou no prato), ajudando a destacar ingredientes mais doces ou ácidos.

O chefe de bar do Picco, porém, vai por outro caminho.

Prefiro usar o sal para acentuar os sabores de um coquetel", diz.

Segundo Mascella, bebidas envelhecidas, como runs e uísques, têm a ganhar com a combinação. "O sal potencializa as notas de chocolate e caramelo, bastante comuns nessas bebidas", afirma.

E foi esse o resultado que o bartender buscou ao criar o Old Fashioned Picco, com rum e tequila envelhecidos em barris de madeira, Angostura e sal, que agradou aos clientes. "Foi nosso drinque engarrafado mais vendido durante a pandemia", conta Mascella. Para ele, o sucesso está ligado ao perfil mais adocicado da bebida.

Old Fashioned Picco - Tales Hidequi - Tales Hidequi
Old Fashioned Picco, de Lula Mascella
Imagem: Tales Hidequi
 Drinque leva rum e tequila envelhecidos e sal - Tales Hidequi - Tales Hidequi
Drinque leva rum e tequila envelhecidos e sal
Imagem: Tales Hidequi

"O brasileiro gosta de coisas doces, acho que é um jeito mais fácil do público experimentar essa combinação", opina.

Primeiros passos

Para os interessados em descobrir as possibilidades do sal nos drinques, Mascella sugere provar misturas já consagradas. "Bloody Mary e Michelada são boas portas de entrada", diz.

Quem aprovar a combinação pode continuar brincando nos coquetéis feitos em casa. Mas não é só sair tacando sal no copo. Um jeito mais delicado de aproveitar o ingrediente é misturá-lo com água - a proporção recomendada é de 15 gramas de sal para 100 mililitros de água filtrada. Depois, é só usar um conta-gotas para pingar um pouco dessa solução nas bebidas e conferir o resultado.

A famosa Michelada - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
A famosa Michelada
Imagem: Getty Images/iStockphoto
O ousado Grana dos Laura, do SubAstor - Carol Thusek - Carol Thusek
O ousado Grana dos Laura, do SubAstor
Imagem: Carol Thusek

Os mais empolgados podem ainda testar outras técnicas, como a infusão de ingredientes salgados como queijos, picles e até bacon em destilados.

Estou testando uma infusão de aliche para usar nos drinques", conta Mascella.

No começo, o indicado é usar bebidas com gosto mais neutro, como a vodca, para perceber a diferença nos sabores. Todos os destilados podem ser usados, porém. "Vai da pessoa e do que ela gosta, várias combinações são possíveis", afirma o especialista.