"Moda foi refém da perfeição por muito tempo", diz estreante no SPFW
2020 marca o acontecimento inédito de uma edição totalmente digital do São Paulo Fashion Week, que chega ao fim amanhã. O evento sela também a estreia da estilista Renata Buzzo que, embora dê seus primeiros passos no SPFW, já é Integrante do line-up oficial da semana de moda Casa de Criadores, desde 2016, e representou o Brasil no The Next Green Talent, da Vogue Itália, durante a Semana de Moda de Milão em 2019.
A designer aposta no rompimento do consumo desenfreado com peças únicas e artesanais baseadas no slow fashion, além da produção totalmente vegana.
"É um privilégio entrar numa edição tão histórica de qual todos vão lembrar", conta ela em entrevista a Nossa. "É um formato interessante por causa das interfaces entre profissionais de diferentes áreas, então acaba sendo um aprendizado para todo mundo".
Para sua estreia no SPFW, Renata escreveu um poema como ponto de partida para a criar a coleção, intitulado "Estudos Melancólicos". O fashion film foi dirigido pelo cineasta Thierssys Wender e leva o espectador a ter um contato imersivo.
"Ele fala sobre o emocional melancólico, depressivo sob a ótica feminina. É um texto bastante pessoal", diz. "Fala sobre as fases da melancolia, depressão, falsa cura e negação em uma narrativa traçada junto com o descritivo das roupas. O que aparece nas roupas, também é elemento do texto".
Minhas coleções falam sempre de um ponto de vista muito pessoal, de coisas que eu passo e passei pra chegar até aqui enquanto mulher".
Moda para enfrentar o medo
Renata conta que a coleção é um olhar para um lado que ela geralmente ignora: seus medos, gatilhos depressivos e negação dessa temática da saúde mental — que ainda é tratada como tabu na sociedade.
"Gosto de abordar o ponto de vista feminino, quando as mulheres se enxergam na narrativa da minha marca, no meu universo imagético", completa. "É um texto muito sincero, que me expõe de certa forma e faz da roupa uma manifestação plástica do que escrevi".
Minhas coleções falam sempre de um ponto de vista muito pessoal, de coisas que eu passo e passei pra chegar até aqui enquanto mulher".
"A moda foi refém da perfeição por muito tempo"
Tratar de um tema com tantas nuances, para a estilista, é uma forma de abrir espaço para que a saúde mental ganhe uma plataforma de discussão. Essa é uma das mensagens que ela tenta passar por meio de sua coleção.
"As pessoas têm medo de se colocarem vulneráveis para o outro", opina. "Vivemos em tempos de máscaras sociais, vendemos sucesso e perfeição. A moda foi refém disso por muito tempo".
Quando uma marca opta por traçar uma narrativa baseada em dor, abre-se espaço para se falar sobre".
A artista finaliza com o argumento de que o papel da moda, não é só consumo, mas captar o ar dos tempos e, por sinal: "os tempos estão sofridos".
"Se eu, enquanto pessoa por trás de uma marca, falo por meio do meu trabalho: 'eu sofro disso', consequentemente abro espaço para que outros também falem: "eu também". Assim, ninguém sofre sozinho e transcendemos o sofrimento juntos por meio da arte".
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