Agência de modelos em 3D também tem teste e top model brasileira
Assim como em diversas áreas, o confinamento impôs a paralisação de vários processos na indústria da moda. Campanhas, editoriais e até semanas de moda foram canceladas. Mas, e se tudo isso pudesse ser realizado através de novas tecnologias que se libertam dos limites físicos?
O tema dos avatares 3D no mundo fashion foi abordado no talk "A nova realidade dos modelos virtuais", que rolou nesta quarta-feira (11) no Immersive Talks, da BRIFW (veja cobertura completa da semana de moda imersiva).
Sediada em Londres, a MutantBoard é uma agência de modelos virtuais comandada pelas diretoras Lorena Hydeman e Julia Falkner. Além de selecionar essas modelos, a agência também ajuda a animar seus avatares e testa poses e roupas para os diferentes tipos de trabalho que podem surgir, como uma espécie de book profissional.
Julia e Lorena vieram do mercado da moda. Juntas, elas atuam como fotógrafas, stylists e diretoras criativas. Elas já pensavam no projeto há algum tempo, mas foi na quarentena que a agência de modelos virtuais nasceu:
As pessoas estão mais receptivas a esse tipo de tecnologia imersiva do que elas estavam antes. Talvez a MutantBoard não pudesse acontecer pelos próximos 2 anos se não houvesse a pandemia"
Lorena Hydeman
A dupla decidiu apresentar seu projeto como uma agência de modelos porque acredita que é algo que as pessoas já estão familiarizadas no mundo real: "Mesmo que não tenham nada a ver com tecnologia, as pessoas da indústria da moda irão entender o que é uma agência de modelos", exemplifica Julia.
Como funciona
O site da MutantBoard funciona como o de uma agência tradicional de modelos. São exibidas as fotos das opções agenciadas e é possível clicar em cada uma delas para ver mais fotos e vídeos. No lugar das medidas de cintura e quadril, tem a informação de sua data de ativação e de quem seu criador, que são talentos freelancer de vários cantos do mundo.
Apesar do grande aumento de interesse pelos avatares 3D, este ainda é um momento de educar os clientes, segundo Lorena: "Precisa ter um orçamento, não é simples só porque é feito no computador. Leva muito tempo para criar um avatar, animá-lo e mesmo para renderizar um vídeo, pode durar dias. É diferente de uma sessão de fotos real com 15 pessoas no set, é um trabalho feito por poucas pessoas e leva muitas horas para ser feito".
Diversidade também no mundo virtual
Assim como temos visto mais modelos curvy nas campanhas e passarelas do mundo real, Lorena conta que existe essa preocupação em ter diversidade no casting da agência:
Quando começamos a ver avatares 3D, eles vinham do mundo dos games e costumavam ser feitos por homens, com uma estética hipersexualizada. É interessante ter mulheres na tecnologia, criando da perspectiva delas. Isso cria um balanço para ter mais representatividade"
Top brasileira
Uma das estrelas da MutantBoard é a Ôti, que foi criada pela brasileira Vitória Cribb, designer e artista interdisciplinar do Rio de Janeiro que também estava presente no talk.
"Ôti vem de Otília, nome da minha avó. Como mulher e artista negra, eu me preocupei em criar um avatar 3D negro e como seu corpo seria exibido nos trabalhos. Quis ultrapassar os estereótipos, colocar o corpo negro em outro conceito, em outro mundo. Ela tem um lado mágico e etéreo. Misturei traços humanos, que foram inspirados na minha família, mas também quis acrescentar algo extraterrestre", contou.
Como criadora de avatar, Vitória diz que uma das principais dificuldades desse mercado é encontrar clientes que paguem pelo trabalho dos designers para que essa criação possa ser o foco de suas carreiras.
Ao mesmo tempo, ela afirma que é uma experiência muito rica: "Dá para experimentar bastante, superar barreiras e criar coisas que são realmente novas".
Confira os talks que já rolaram e a programação de lives em BRIFW.com e a cobertura completa, com galerias dos desfiles, em Nossa.
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