Charutinho árabe ganha toque brasileiro com dendê e feijão-manteiguinha
Para quem gosta de comer e cozinhar, conhecer a culinária de outros países é um exercício fundamental para aumentar o nosso repertório e, a partir disso, permitir-se inventar.
À frente do Palma Vegan, site, Instagram e canal de YouTube, Juliana Palma apresenta formas de adaptar o conhecido e transformá-lo em um prato novo — e único.
Adoro tradições, mas mais legal do que segui-las é poder quebrá-las e recriá-las quando se tem vontade."
Foi isso que a fez criar o que chama de charutinho brasileiro. Quando ainda consumia produtos animais, gostava muito da receita original árabe, que leva no interior do rolinho de folha de uva ou de repolho uma mistura de arroz e carne moída.
"Depois, segui comendo versões 'veganizadas' bem fiéis à receita tradicional. Elas são fáceis de fazer. Basta substituir a carne por proteína de soja ou lentilhas, por exemplo, que se tem um charutinho árabe na versão vegana sem muito esforço".
A vontade de sair do comum, porém, incentivou a cozinheira a partir para sabores brasileiros. O grão escolhido foi o feijão-manteiguinha, muito consumido no Norte e no Nordeste. Macio e clarinho, ele costuma derreter na boca quando bem cozido.
Outro toque que faz toda a diferença no sabor é o azeite de dendê, óleo de palma popular em receitas africanas e brasileiras, caso do acarajé. Hortelã e cominho também são misturados à pedida, que vai ao forno até ficar deliciosamente tostadinha.
O segredo do enroladinho
Para tornar as folhas maleáveis, Juliana indica dois processos. O primeiro deles é escaldar, que significa levá-las à água fervente por poucos minutos até a textura ficar macia e a cor realçar.
O segundo é verificar se há algum talo firme e grande passando pela folha. Em caso positivo, é indicado fazer uma incisão rente ao talo e retirá-lo. Assim, fica melhor de enrolar cada charutinho e ter certeza de que não vão se desmanchar.
"Eu fiz a receita com repolho pois era o que eu tinha em casa, mas é claro que você pode enrolar com diversas outras folhas, basta seguir os processos".
Comida como bússola
Juliana tinha 14 anos e morava no interior de São Paulo quando achou um panfletinho na rua que falava sobre vegetarianismo. Ela ficou estarrecida com as novas informações e decidiu tentar reduzir o consumo de carne.
"Meus pais não eram muito a favor, então só faziam o básico. Por isso, comecei a me interessar por cozinha, ir atrás e aprender a fazer coisas diferentes para ter variedade, e não comer só o que tem na mesa menos a carne".
O veganismo só entrou na sua vida há 2 anos. "Fui percebendo que só vegetarianismo não era o suficiente. Achei que seria o próximo passo mesmo".
No Instagram, no YouTube e no seu site Palma Vegan, ela compartilha tanto receitas quanto as suas descobertas na vida sem ingredientes de origem animal. "Muita gente tem interesse, mas não sabe direito como é. Vi que era isso que eu queria para mim e comecei a levar mais a sério".
A empreitada como criadora de conteúdo une a paixão pela comida com outra expertise: Juliana é formada Rádio, Televisão e Internet e tem passagem por canais de TV como Band e Arte 1.
No fim de 2019, ela decidiu dar uma chance para a cozinha profissional e se mudou para a França para trabalhar num restaurante. Mas a realidade não foi de encontro com suas crenças:
Além de não conseguir ter tempo de alimentar meu Instagram, vi que a lógica de tudo pelo lucro desperdiça muita comida. Não tem tempo para reciclagem, nem para usar os ingredientes de forma integral.".
Há dois meses, Juliana pediu as contas e passou a fazer o serviço de personal chef em eventos particulares e a trabalhar em mercados locais de orgânicos. Nas redes sociais, ela segue firme produzindo conteúdo na sua área e, agora, com ainda mais dedicação.
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