Trilhas no Brasil oferecem roteiros cercados por natureza. Como explorar
Fazer longas caminhadas na natureza pode ser uma ótima opção de viagem nesta época de pandemia. Afinal, neste tipo de atividade (que é conhecido internacionalmente como trekking), o turista tem a chance de explorar locais isolados, respirar ar puro e se divertir longe de aglomerações.
E a boa notícia é que, no Brasil, não faltam lugares onde viajantes podem passar dias andando entre paisagens naturais, marcadas por atrativos como montanhas, cachoeiras, rios e muito verde.
Atenção: o funcionamento de diversas unidades de conservação e outras áreas de trekking no Brasil pode ser afetado pela pandemia. Saiba se o local que você quer visitar está aberto antes de realizar a viagem.
E, para explorar muitas das trilhas dos destinos indicados abaixo, é necessário ter o acompanhamento de um guia. Informe-se se existe esta exigência para o lugar que você pretende visitar.
Chapada dos Veadeiros (Goiás)
Um dos mais famosos destinos de ecoturismo do Brasil e com inúmeras oportunidades de caminhadas na natureza (e com os mais diversos níveis de dificuldade).
Usando a cidade de Alto Paraíso de Goiás e seu povoado de São Jorge como base (onde é possível encontrar boa oferta de hospedagem e serviços de guias), o turista pode realizar trilhas de um ou vários dias para cartões-postais naturais incríveis, que incluem cachoeiras, rios, horizontes montanhosos e áreas de aspecto surreal, como o célebre Vale da Lua, que realmente lembra uma paisagem lunar.
Entre os atrativos imperdíveis do destino estão a Catarata dos Couros, a Cachoeira do Garimpão e a Cachoeira do Segredo, todos com beleza natural digna de um quadro.
Quando ir: A melhor época para visitar a Chapada dos Veadeiros costuma ser entre junho e outubro, quando há menor incidência de chuvas e o clima está agradável.
Porta de entrada: Cidade de Alto Paraíso de Goiás.
Mais informações: www.icmbio.gov.br/parnachapadadosveadeiros/guia-do-visitante.html
Transcarioca (Rio de Janeiro)
A trilha começa oficialmente na Barra de Guaratiba e termina no Morro da Urca, cruzando um corredor verde e montanhoso que existe dentro da Cidade Maravilhosa.
Sua extensão total é de aproximadamente 180 quilômetros, que podem ser explorados em sua integralidade ou em seções - com trechos leves, moderados e difíceis.
No caminho, os turistas cruzam belíssimas áreas de mata Atlântica e curtem vistas panorâmicas do litoral do Rio.
Um dos destaques é o trecho chamado Represa dos Ciganos x Bom Retiro, que, com 9,5 quilômetros de extensão, possui terreno difícil e no qual é possível admirar atrativos como os Picos da Tijuca e da Tijuca Mirim.
Quando ir: Durante o verão, como todos sabem, a cidade do Rio de Janeiro pode ser assolada por temperaturas altíssimas, o que pode prejudicar a caminhada na Transcarioca. Procure explorar a regiões em épocas de clima mais ameno.
Porta de entrada: Cidade do Rio de Janeiro.
Mais informações: www.trilhatranscarioca.com.br
Serra do Cipó (Minas Gerais)
Minas Gerais está recheado de lindas áreas para fazer trekking - e uma de suas estrelas é esta região de cachoeiras, flora riquíssima e um terreno para caminhadas que ultrapassa os 1.500 metros de altitude (com visões panorâmicas fantásticas).
É necessário visitar o local com muita disposição para bater perna, visto que diversos de seus atrativos estão distantes uns dos outros.
Mas o esforço vale a pena: entre as paisagens que irão surgir na frente dos turistas estão a linda Cachoeira da Farofa e o épico Vale do Travessão, com seus íngremes paredões rochosos.
Quando ir: A Serra do Cipó tem clima propício para visitas o ano todo. Porém, para menor probabilidade de chuvas, vale a pena visitar a região entre maio e setembro.
Porta de entrada: Para visitar a região, é possível usar o município de Santana do Riacho com base.
Mais informações: www.icmbio.gov.br/parnaserradocipo/guia-do-visitante.html
Lençóis Maranhenses (Maranhão)
Você sabia que há turistas que exploram a região dos Lençóis Maranhenses na base do trekking?
São caminhadas guiadas que cruzam partes do parque nacional, percorrem dezenas de quilômetros, duram mais de um dia e têm pernoite em povoados que existem na região.
As andanças podem ser extenuantes (é preciso estar em boa forma física para a empreitada), mas recompensam o turista com visões e aventuras incríveis: no trajeto, os turistas sobem e descem diversas dunas gigantescas, admiram um nascer do sol inesquecível (o trekking costuma começar ainda de madrugada) e se refrescam nas lagoas que pontuam a área.
E um detalhe interessante: este é um percurso de trekking que pode ser parcialmente percorrido de pés descalços, em contato direto com a areia e com a água.
Quando ir: O período entre maio e setembro costuma ser a melhor época do ano para visitar os Lençóis Maranhenses, pois marca o momento em que as lagoas estão cheias após a estação das chuvas.
Porta de entrada: Município de Santo Amaro do Maranhão ou de Barreirinhas.
Mais informações: www.icmbio.gov.br/parnalencoismaranhenses/guia-do-visitante.html
Chapada dos Guimarães (Mato Grosso)
Esta é uma das melhores regiões para fazer trilhas no Centro-Oeste brasileiro.
O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães oferece, afinal, áreas de caminhada entre cachoeiras, formações rochosas ancestrais e o rico bioma do cerrado.
Os trekkings podem durar algumas horas ou alguns dias (neste último caso, percorrendo dezenas de quilômetros dentro do parque nacional e exigindo pernoite na região).
Entre os destaques da Chapada dos Guimarães estão, logicamente, suas quedas d'água, como as lindas cachoeiras das Andorinhas e dos Degraus.
Mas vale a pena também curtir o terreno montanhoso da região, onde surgem monumentos como o Morro de São Jerônimo (com sua base verdejante e topo achatado).
Quando ir: O parque tem clima propício para visitas o ano todo. Entre dezembro e março, porém, há maior incidência de chuvas. E, de julho a outubro, é período de seca, com altas temperaturas e chance de queimadas.
Porta de entrada: O turista pode usar Cuiabá como base para visitar a Chapada dos Guimarães. A cidade fica a cerca de 50 km da entrada do parque nacional.
Mais informações: www.icmbio.gov.br/parnaguimaraes/guia-do-visitante.html
Chapada Diamantina (Bahia)
Em lugares como Vale do Capão e Vale do Pati, os turistas encontram terreno fértil para caminhadas inesquecíveis, onde irão se deparar com cachoeiras imponentes, fauna e flora riquíssimas (com dezenas de espécies endêmicas) e paisagens montanhosas épicas.
Trata-se de um destino com trilhas para todos os perfis de turistas, oferecendo desde percursos relativamente fáceis (que podem, por exemplo, ser feitos em menos de um dia a partir da cidade de Lençóis) até trajetos desafiadores, que duram vários dias e levam os turistas até cantos remotos desta zona da Bahia.
No Vale do Pati, por exemplo, há trekkings que envolvem mais 15 quilômetros de caminhada por dia, em um terreno extremamente acidentado (a hospedagem é realizada em pequenas comunidades que existem no percurso).
Mas qualquer esforço é válido na Chapada Diamantina: as caminhadas são recompensadas com cartões-postais como a Cachoeira da Fumaça (com mais de 340 metros de altura) e a Cachoeira do Buracão, situada em um cânion.
Quando ir: A melhor época para visitar a região é de abril a outubro, quando há menos probabilidade de chuva. As cachoeiras, entretanto, ficam com maior volume de água entre novembro e março, quando há maior ocorrência de chuvas.
Principal porta de entrada: Município de Lençóis.
Mais informações: www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidades-abertas-a-visitacao/9396-parque-nacional-da-chapada-da-diamantina
Parque Nacional do Itatiaia (Minas Gerais e Rio de Janeiro)
Está situado na Serra da Mantiqueira e tem terreno marcado por montanhas e elevações rochosas, com altitude variando de 600 a mais de 2.790 metros - e tendo o Pico das Agulhas Negras como seu ponto mais alto.
Na região, há desde percursos fáceis de caminhada (como os que chegam às cachoeiras Véu da Noiva e Itaporani) até trajetos desafiadores, como o que existe no Maciço das Agulhas Negras.
Quando ir: Costuma ter clima propício para ser visitado o ano todo. No verão, porém, há maior incidência de chuvas.
Porta de entrada: O turista pode usar o município de Itatiaia (RJ) como base para visitar o parque.
Mais informações: www.parquedoitatiaia.tur.br
Parque Nacional da Tijuca (Rio de Janeiro)
Ótima opção de ecoturismo, o local oferece áreas de caminhadas na natureza com mirantes para a capital fluminense e muito contato com a mata Atlântica.
São cerca de 200 quilômetros de trilhas com diversos graus de dificuldade, com paisagens marcadas por cachoeiras, grutas e fauna e flora exuberantes.
O Circuito dos Picos, por exemplo, tem 19 quilômetros de extensão, onde surgem, no horizonte, monumentos rochosos como o Pico da Tijuca e o Bico do Papagaio.
Quando ir: Durante o verão, a cidade do Rio de Janeiro pode ser assolada por temperaturas altíssimas, o que pode prejudicar a caminhada no Parque Nacional da Tijuca. Procure explorar a região em épocas de clima mais ameno.
Porta de entrada: Cidade do Rio de Janeiro.
Mais informações: https://parquenacionaldatijuca.rio/
Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro)
O lugar conta com centenas de quilômetros de trilhas de todos os níveis de dificuldade, desde um percurso pensado para ser acessível a cadeirantes até a desafiadora Travessia Petrópolis-Teresópolis, com cerca de 30 quilômetros de subidas e descidas pela parte alta das montanhas.
Nas caminhadas, os turistas admiram cachoeiras e ficam fascinados com a beleza de formações rochosas como o Dedo de Deus e a Agulha do Diabo (esta última considerada um dos melhores pontos de escalada do mundo).
Além disso, o parque abriga mais de 2.800 espécies de plantas catalogadas, além de aproximadamente 460 espécies de aves e mais de 100 mamíferos.
Quando ir: O melhor período para visitar o parque é entre os meses de maio e setembro, quando há menor probabilidade de chuvas fortes.
Principais portas de entrada: Municípios de Teresópolis e Petrópolis.
Mais informações: www.icmbio.gov.br/parnaserradosorgaos/guia-do-visitante.html
Parque Nacional de Aparados da Serra (Rio Grande do Sul e Santa Catarina)
Sua paisagem É marcada por cânions cobertos por vegetação e embelezados por quedas d'água (um de seus grandes atrativos é o Cânion do Itaimbezinho, que tem nada menos do que 720 metros de profundidade).
Na região, há lindas trilhas que chegam a mirantes com vista panorâmica do parque e, também, levam os turistas à base dos cânions, permitindo que todo este cenário grandioso seja admirado de um novo ângulo.
As trilhas do Cotovelo e do Rio do Boi são duas das mais famosas caminhadas deste destino de ecoturismo no sul do Brasil.
Quando ir: O parque tem clima para ser visitado o ano inteiro. Nos meses de primavera e verão, porém, possui um atrativo extra: é quando aves migratórias costumam aparecer na região, embelezando (e muito) a área das cachoeiras do Cânion Itaimbezinho.
Porta de entrada: O acesso pode ser realizado pela região da cidade de Cambará do Sul (RS).
Mais informações: www.icmbio.gov.br/parnaaparadosdaserra/guia-do-visitante.html
Cuidados para o trekking
Turistas com nenhuma ou pouca experiência em trekking devem tomar alguns cuidados antes de empreender longas caminhadas na natureza.
Guia de ecoturismo e turismo de aventura na Chapada Diamantina, na Bahia, Alessandra Barretos recomenda que, antes de mais nada, o viajante se informe sobre o grau de dificuldade da trilha que pretende realizar (condições de terreno no Brasil podem variar de níveis fáceis até extremamente exaustivos) e sobre como estará o clima na região da caminhada durante a visita.
As condições climáticas do destino podem alterar consideravelmente o nível de dificuldade do passeio", afirma ela.
Como se preparar
Primeiramente, é importante praticar algum exercício físico semanas ou meses antes do trekking, como caminhadas, corrida, ciclismo ou natação. Já para a segurança e bom desempenho do trekking, é essencial possuir um bom equipamento, com calçados, roupas e mochila adequados, além de água e um kit de primeiros socorros próprio com remédios de uso pessoal.
É fundamental que o turista leve, para a trilha, calçados específicos para trekking (e que já tenham sido usados algumas vezes e estejam "amaciados", o que evita machucados nos pés), roupas impermeáveis, chapéu ou boné, óculos de sol e repelente - e que possua um seguro viagem válido durante a jornada.
E outra dica importante para pessoas com pouca experiência na atividade: tente viajar para destinos que ofereçam trilhas com diferentes graus de dificuldade.
Também é recomendado a contração de um guia local, que conheça as trilhas a serem percorridas e que seja capacitado em cursos de primeiros socorros.
Apenas trilhas que não sejam longas e que não fiquem em áreas remotas podem ser classificadas como autoguiadas", avisa Alessandra.
Os guias podem ser encontrados nas redes sociais, fóruns da internet, websites, associações locais e agências.
Além disso, na hora de contratar um guia, saiba exatamente o que está incluso em seu pacote de serviços, como alimentação ou serviço de carregador de bagagens (o que, por exemplo, pode aliviar o peso nas costas caso estejam sendo levadas barracas de camping, como ocorre em trilhas com pernoite).
Como ir
Importante: antes de comprar um pacote, saiba quantos turistas estarão presentes na viagem. Grupos muito grandes podem deixar a caminhada mais lenta, pois, às vezes, juntam pessoas com diferentes condições físicas e com distintos níveis de experiência em trekking.
Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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