Viajante brasileiro já foi perseguido por elefantes e "salvo" pelo futebol
O brasileiro Mike Weiss (@mikeweissaonde), de 37 anos, já esteve em 155 países. Os pontos altos de suas viagens, porém, não foram as visitas que realizou a cartões-postais famosos como a Torre Eiffel, o Coliseu de Roma ou a Estátua da Liberdade.
Mike tem paixão por fazer jornadas de imersão em lugares remotíssimos do globo (e que, de preferência, envolvam doses cavalares de aventura). Ele é, afinal, o tipo de pessoa que, no universo mochileiro, é chamado de "viajante hardcore" - ou seja, aquele indivíduo que não se importa (e até gosta) de enfrentar os maiores perrengues para explorar qualquer canto do planeta.
Já fui por terra do Brasil até o Alasca e viajei, também por estrada, da Europa até o Sudeste Asiático, passando por todos os países da Ásia Central", conta ele.
"Também tive a oportunidade de conhecer, de ônibus ou de carro, diversos países da África, além de cruzar a Rússia pela Transiberiana e atravessar, de barco, boa parte da Amazônia, indo de Belém até a fronteira com a Colômbia. São muitas histórias de aventuras".
Esta coragem para enfrentar distâncias gigantescas (muitas vezes através de estradas perigosas e dentro de ônibus precários e lotados) fez o brasileiro pisar e ter experiências culturais intensas em territórios extremamente originais.
Na Antártida, ele fez stand-up paddle no meio de geleiras monumentais. Na Arábia Saudita, conseguiu chegar a Meca, onde viu, de perto, muçulmanos exercendo sua fé na sagrada cidade do islamismo. No Butão, aprendeu a arte do arco e flecha com a ajuda de nativos. E, no oceano Pacífico, caminhou junto a um vulcão ativo que existe no obscuro arquipélago de Vanuatu.
Há mais carimbos de locais desconhecidos no passaporte de Mike, como Eritreia, Timor Leste, Turcomenistão, Bangladesh, Argélia, Djibouti e Maláui (neste último, o brasileiro pulou de paraquedas).
Turismo "de verdade"
"Em destinos turísticos mais famosos, tudo é muito confortável, não há necessidade de adaptação", diz Mike.
Para ele, em lugares incomuns e fora das rotas turísticas, não existe um preparo para receber visitantes e você tem que se esforçar para entrar em contato com a cultura local. "Isso nos proporciona uma imersão verdadeira e um intercâmbio cultural genuíno com as pessoas que vivem lá", acredita.
"Nestes destinos, foram inúmeras as vezes que nativos me convidaram para jantar em suas casas e se ofereceram para me levar para passear. E no Nepal, por exemplo, fui até cuidado por uma família que vivia no meio das montanhas, depois de ficar doente durante uma caminhada pelo Himalaia", relembra.
Perseguido por elefantes e tempestade
Mas não existe viagem hardcore se, no pacote, não houver perrengues. E Mike já passou por uma boa cota de apuros na estrada.
"Uma vez, visitei um santuário de elefantes em Moçambique e, de repente, um dos animais começou a perseguir o veículo no qual eu estava", lembra ele.
Começamos a acelerar por uma trilha de areia e, olhando no retrovisor, eu via aquele elefante enfurecido querendo alcançar o carro. O coração bateu forte".
O brasileiro também conta que quase morreu na Tunísia: ele estava explorando o interior do país quando seu carro atolou, deixando-o a pé no meio do deserto. Após vagar por horas na areia, com medo de sua água acabar e já entrando em desespero, foi salvo por um nômade que passava pela área.
"Recentemente, também fiquei preso no meio do deserto do Sudão, depois que minha van encalhou no meio de uma tempestade de areia. Ficamos por horas lá, até sermos resgatados", conta.
E as aventuras não ficam apenas em terra firme: "quando viajei de barco entre a Argentina e a Antártida, atravessamos o estreito de Drake, uma das regiões marítimas mais agitadas do mundo. O barco balançou de maneira muito violenta por dois dias. Objetos começaram a voar e houve pessoas a bordo que se machucaram.
O capitão nos disse que aquela tinha sido uma das piores tempestades que ele havia visto na vida".
Vantagem de ser brasileiro
Mike afirma que ser brasileiro na estrada pode ser benéfico. "Muitas pessoas gostam da gente ao redor do mundo", avalia ele.
"Em 2009, por exemplo, visitei a Jordânia e resolvi ir até a divisa com a Síria. Eu não tinha o visto sírio e me avisaram que seria complicado consegui-lo na fronteira. Mas, ao chegar lá, comecei a bater papo com o oficial de fronteira sobre o Brasil e sobre futebol.
Ele me deu o visto só porque eu era brasileiro".
Já no Irã, Mike visitou uma cidade chamada Abadan, cuja população é apaixonada pelo Brasil e, principalmente, pelo futebol brasileiro (o amor é tanto que o time de futebol local usa um uniforme parecido com o do escrete canarinho e há notícias de que a cidade passou por um longo sofrimento após o 7x1 contra a Alemanha).
Mike ressalta que há fotos de jogadores brasileiros em diversos restaurantes e cafés de Abadan - e que ele recebia um tratamento ainda mais amigável dos nativos quando dizia que vinha do território verde e amarelo.
"Temos a imagem de um país alegre, de paz, de pessoas bonitas e de futebol arte", diz, mas o viajante tem notado que este tratamento especial que recebemos no exterior tem diminuído por causa das polêmicas envolvendo o Brasil atualmente, como as queimadas na Amazônia.
Como ser um hardcore
Você tem vontade de começar a fazer viagens fora das rotas tradicionais e explorar lugares remotos que ainda não foram impactados pelo turismo de massa?
Para Mike, pessoas com este objetivo devem, antes de mais nada, "amar o imprevisto".
Se você não tem paixão pelo imprevisível, dificilmente irá gostar de fazer uma viagem hardcore, que nos tira da nossa zona de conforto.
Grandes viagens por terra, por exemplo, são extremamente cansativas. É preciso estar preparado e motivado para encará-las. Mas é esta saída da nossa zona de conforto que nos presenteia com grandes aventuras e com experiências especiais e únicas", diz ele.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.