Funcionários da Latam bloqueiam acesso a aeroporto em Buenos Aires
Um protesto de trabalhadores da Latam na Argentina e de terceirizados desta companhia aérea e das Aerolíneas Argentinas bloqueou, na manhã desta segunda-feira (14), o acesso de carros ao aeroporto internacional de Ezeiza, o único do país que opera com turismo estrangeiro — somente de países limítrofes, entre eles o Brasil — desde o fechamento de fronteiras por causa da pandemia.
Por causa do bloqueio total, passageiros com voos marcados tiveram que descer dos veículos com sua bagagem e caminhar até o aeroporto. A manifestação pelo conflito trabalhista começou às 8 horas da manhã na autopista Ricchieri, a cerca de 300 metros do terminal aéreo. Pouco antes das 10 horas, segundo o canal C5N, os trabalhadores começaram a se deslocar do ponto do corte em direção ao aeroporto.
Segundo Martín Tomé, tripulante da empresa e membro da Associação Argentina de Aeronavegantes, o protesto terminou às 11h, após a convocação de uma reunião para amanhã pelo Ministério do Trabalho. De acordo com ele, a Latam tinha cerca de 1700 trabalhadores na Argentina no começo da pandemia, e hoje são aproximadamente 500 com contrato vigente. "As pessoas foram aceitando demissões voluntárias, que são demissões encobertas", explica ele, contando que os que continuam empregados estão recebendo 50% dos salários desde abril.
Em função do protesto nos acessos ao aeroporto de Ezeiza, , a Latam informou que suas decolagens em Buenos Aires poderão sofrer atrasos em função de uma manifestação nos acessos ao aeroporto de Ezeiza. "A companhia lamenta os inconvenientes que esta situação possa provocar e está oferecendo ao cliente a opção de alterar o seu voo se necessário", diz o comunicado da empresa (Veja a íntegra do comunicado no fim da reportagem).
O brasileiro José Veras, que tem uma empresa de transfers de brasileiros até o aeroporto de Ezeiza, chegou a cerca de 100 metros do protesto, perto das 9 horas. "Fiquei parado até quase 10 horas. O voo da minha passageira era 11h55 [pela LATAM, até Guarulhos]. Por volta das 9h30, eu disse que, sinceramente, ela deveria ir a pé porque eu não sabia quanto tempo duraria. Daí ela saiu e foi a pé com malas, todo mundo estava fazendo isso", contou a Nossa. Veras gravou o seguinte vídeo no retorno à capital:
"Enquanto o turismo abre e a indústria se reativa, isso acontece enquanto as famílias da Latam continuam na rua. Não queremos um Natal com famílias na rua", diz o comunicado sobre a organização do ato, do qual também participam trabalhadores da Seguritas e da GPS, terceirizados pela Latam e das Aerolíneas Argentinas, respectivamente.
O texto expressa ainda que "a empresa LATAM continua operando e lucrando nos céus argentinos enquanto há milhares de trabalhadores que vêm lutando há 8 meses e ainda não têm resposta sobre sua continuidade trabalhista".
Em junho deste ano, a LATAM anunciou que pararia "por tempo indeterminado" suas operações no país, deixando de voar de e para seus 12 destinos domésticos (Buenos Aires, Iguazú, Bariloche, Salta, Tucumán, Mendoza, Córdoba, Neuquén, Comodoro Rivadavia, Río Gallegos, El Calafate e Ushuaia) e mantendo seus quatro voos internacionais (EUA, Brasil, Chile e Peru) por meio de outras filiais.
Na ocasião, o comunicado da empresa afirmava que, depois de 15 anos de operações no país, "o impacto que a pandemia da covid-19 e a dificuldade de gerar os múltiplos acordos necessários para enfrentar a situação atual contribui para configurar um cenário extremamente complexo, no qual não estão dadas as condições para viabilizar e sustentar a longo prazo as operações da filial".
"A assembleia de trabalhadores vai decidir quanto tempo vamos ficar aqui bloqueando. No momento, a atitude dos companheiros e companheiras vem sendo de resistir e continuar bloqueando", disse por telefone a Nossa Eduardo Saab, delegado da Assembleia da Latam que estava no protesto.
Segundo ele, os trabalhadores da Latam e de outros setores aeronáuticos estão exigindo a "continuidade do trabalho" de cerca de 3 mil pessoas afetadas com a saída da empresa do país. "Queremos continuar trabalhando", afirma.
Antes do fim do protesto, questionado sobre a possibilidade de que tentassem entrar no aeroporto, ele respondeu que ficaria a critério da mobilização, mas que o protesto foi "muito contundente". "Aos usuários que se sentem afetados, pedimos desculpas, mas estes 8 meses de pandemia empresária nos levam a tomar este tipo de medidas que possivelmente prejudiquem um ou outro passageiro. Mas nós não podemos continuar com esta incerteza. Chegando as festas, queremos poder dizer para nossas famílias que vai haver um prato de comida para todos", expressou.
Comunicado da Latam
"A LATAM Airlines informa que as suas decolagens em Buenos Aires poderão sofrer atrasos em função de uma manifestação nos acessos ao aeroporto de Ezeiza.
A companhia lamenta os inconvenientes que esta situação possa provocar e está oferecendo ao cliente a opção de alterar o seu voo se necessário.
A LATAM reforça ainda que mantém seu compromisso com os mais altos padrões de segurança, qualidade e serviço."
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