Bordado não é tudo igual: artista cria com técnicas de diferentes países
Manu Ebert
Pode acreditar: os bordados podem ser tão diferentes pelo mundo afora quanto as motivações para fazê-los ou quanto as bordadeiras por trás deles. Em cada país, técnicas, materiais e desenhos tornam-se, ao longo de séculos, lições preciosas transmitidas de avós para netos.
Há pouco mais de quatro anos, Manu Ebert não pensava em nada disso. Dirigia um programa de TV de sucesso e amava o que fazia, mas as horas de mergulho no set pareciam cada vez mais exaustivas. Saía cedo de casa e chegava tarde, perdendo a hora mágica de dar boa noite às filhas.
"Precisava buscar algo que aliviasse meu estresse e comecei a bordar entre uma gravação e outra", conta.
Por mais que o bordado a acompanhasse, um dia ela teve um ataque de pânico. Entendeu que o corpo e a mente estavam esgotados. Quando o médico disse "Síndrome de Burnout", tudo se clareou: era preciso mudar de vida.
Ela já sabia onde encontraria o alívio. Só não imaginava que poderia fazer dele sua profissão. "Recebi convite para ministrar uma oficina e foi aí que me dei conta: posso viver disso sim!", conta.
O mundo nas mãos
Na aventura por linhas e agulhas, Manu havia começado por temas botânicos. "Mas era pouco. Minha formação de pesquisadora e contadora de histórias gerava em mim uma inquietude. Queria conhecer a fundo a história do bordado. Como ele surgiu? Como ele acontece em cada país?"
Ela passou então a estudar como essa arte estava inserida em cada cultura e quais as padronagens, as cores e técnicas cada povo desenvolveu. "Escolho uma técnica dentre todas que cada país tem e ensino. Até agora são sete — Japão, México, Peru, Suécia, Índia, Portugal e Hungria. Em 2021 vem Ásia Central."
A escolha do material, a reprodução de cada técnica, ambos são desafios. O bordado indiano com certeza me impressiona pelo calor, pela beleza das cores e das técnicas, tão precisas e feitas por um povo tão simples e carente."
Histórias marcantes
Se cada cultura desenvolveu o bordado por um motivo diferente, as histórias que surgem são as mais curiosas. Veja o Japão, por exemplo. "
O Sashiko é um bordado lindo que surgiu da necessidade dos camponeses e pescadores do norte da ilha conseguirem fazer reparos em suas peças de roupa para atravessar inversos rigorosos, num período em que o algodão ainda era escasso", conta Manu.
Desculpe o spoiler, mas tem ainda a dos lenços dos namorados, em Portugal. "No século 17, as raparigas bordavam lenços para presentear os gajos. A resposta só seria positiva se o rapaz passasse a usar o lenço em público. Era o pedido de namoro da época, brinco que era o Tinder", ri Manu.
Estado meditativo
Entre os enredos, o jeito de fazer e o prazer de ter uma peça feita à mão, Manu descobriu também uma espécie de meditação.
"Quando comecei a bordar me senti tão imersa, com uma capacidade gigante de conectar comigo mesma. Passei a resolver problemas diários, elaborar ideias ali, com a linha e agulha na mão. Se estou muito confusa, pensando em projetos, em problemas eu aviso a turma em casa: 'com licença, vou ali bordar e desatar uns nós da minha cabeça'. Aconselho!"
@s que me inspiram
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