Singapura propõe moda minimalista e responsável em conexão com a natureza
A primeira peça criada por Lucas Veríssimo foi uma camiseta aos 13 anos, em sua cidade natal, São Sebastião (litoral de São Paulo), inspirada por documentários de ufologia: "Desde aquele momento, eu percebi que eu podia criar uma peça de roupa, vesti-la e sair por aí disseminando uma ideia".
Esse foi o momento em que a Singapura começou a dar os primeiros passos, pelo menos no plano das ideias, para o criador da marca. Hoje, com roupas trabalhadas em tons neutros e oversized, Lucas trava uma batalha a favor da sustentabilidade sem deixar de lado a visão contemporânea da moda.
"A Singapura está disposta a criar peças mais limpas, com menos impacto ambiental, mas ainda assim com sensualidade", conta ele para Nossa.
Buscamos peças que têm um propósito, que levam as questões do nosso tempo a sério, mas que não são caretas, chatas, clichês. Esse é o nosso papel hoje. Entregar um produto responsável sem perder o frescor".
Uma viagem para Yosemite Valley, nos EUA, foi a propulsora para que Lucas colocasse a natureza como um dos pilares para suas coleções. Em meio às escaladas feitas por ele no local, esse pensamento e conexão com o meio-ambiente ganharam força como propósito para a Singapura, que trabalha com algodão orgânico para a produção.
"Fiquei acampado por mais de 30 dias, escalando todos os dias sem pular um, em contato com paisagens naturais surreais e intimidadores, então desenvolvi um respeito mais profundo pela natureza", relembra "Por isso, tenho me esforçado em reduzir os impactos negativos da produção da Singapura".
A indústria da moda é uma das mais poluentes e hoje o meu maior foco é procurar alternativas, principalmente no que diz respeito à matéria-prima".
A moda como ponto de partida
Além das escaladas, o skate e o surfe, presentes na vida de Lucas, também desempenharam um papel importante na criação da identidade da marca. A mistura desses elementos, vistos por muitos como pouco prováveis, cria um recorte para a relação dele com a moda.
"Eu venho do mundo do skate e do surf, dois esportes que tomaram conta da minha adolescência", diz. "Os filmes undergrounds de skate e surf sempre foram grande inspiração de estilo pra mim".
Além dos esportes, foram os movimentos contraculturais, nas palavras de Lucas, que fazem da Singapura o que ela é hoje.
"Essa é a minha escola. Isso está bem marcado no meu DNA de criador e, consequentemente, reflete na Singapura".
O menos é mais
Quem visita o perfil da @welcometosingapura no Instagram, vai encontrar, além dos produtos, publicações com conceitos que abordam o minimalismo e o contato com a natureza, o que, como acrescenta o criador, fazem parte do "coração" da marca.
Não é apenas sobre roupas que esse diálogo é feito com o público, mas também a partir de ideias sobre o comportamento — desde quem as produz até os que as vestem.
"Ela reflete o estilo de vida minimalista de pessoas que tem uma conexão forte com a natureza", acrescenta. "E, por isso, estão determinadas a cuidar dela".
Em tempos de pandemia, esse conceito ganha ainda mais força. O "menos é mais" faz parte de uma reflexão sobre o momento em que estamos vivendo e como ele deve ser apropriado, seja em termos criativos ou industriais.
"Acredito não ser o momento mais oportuno de tirar conclusões. Em alguns casos não tivemos escolha, a mudança foi absolutamente necessária", opina. "Apesar disso, tem sido uma inspiração para boas mudanças, novos hábitos e boas práticas. Estamos, como a maioria das marcas, nos aclimatando a esse novo momento do mundo".
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