Madeleine: o bolinho francês que você vai querer em todo café da tarde
Clássica receita francesa, as madeleines são fofinhas, leves e possuem uma crosta fina e dourada. São usualmente assadas em formas pequenas, cujo formato lembra uma concha.
A textura é como a de um bolinho, mas o tamanho faz o doce ser entendido quase como uma bolacha — dá para comer mais de um! Nos mercados da França e de outros países da Europa, as madaleines são vendidas aos montes e vão de versões industrializadas a caseiras.
As crianças estão entre os maiores consumidores da guloseima. "Elas chegam da escola lá pelas 4h30 da tarde e vão fazer o goûter, que é o lanche da tarde, um equivalente ao chá das 5h dos ingleses", conta Uiara Araújo, jornalista gastronômica que vive na França e compartilha a sua receita de madeleine com Nossa.
Passo a passo simples
A parte mais complicada da receita é a espera. Após misturar os ingredientes base — ovos, açúcar, farinha, fermento e manteiga —, a massa precisa descansar cerca de duas horas dentro da geladeira.
Ou seja, se quer comer o bolinho à tarde, como os franceses, faça os primeiros passos logo após o almoço. Em contrapartida, a passagem pelo forno é rápida: 13 minutinhos são suficientes.
Para que o doce fique aromático, Uiara sugere colocar raspas de limão-siciliano ou essência de baunilha, se for da sua preferência. Uma pitada de sal também vai bem para realçar o sabor.
Outra dica é não encher a forminha por completo. O fermento fará com que elas cresçam no calor do forno e transbordar não é legal... faz sujeira e a aparência deixa a desejar. Se não tiver os moldes típicos do doce, não encane: aquelas de minicupcakes também funcionam.
Um olhar para a história
Uiara conta que, quando era pequena, sua mãe a colocava no balcão da cozinha enquanto preparava as refeições. Pouco a pouco, ia apresentando os ingredientes para a pequena, já interessada por culinária.
O gosto pela coisa continuou na adolescência, quando os amigos iam estudar na sua casa e não perdiam a chance de levar na mala uma lata de leite condensado para fazer brigadeiro.
Nessa época também gostava muito de assistir aos programas de culinária na TV, tipo Ana Maria Braga, e sempre que ia fazer algo na cozinha eu ficava falando em voz alta, narrando os passos como se fosse uma apresentadora de TV."
Pesando no rumo que a vida tomou, a brincadeira foi quase uma premonição. Uiara trabalhou como jornalista em publicações importantes para a gastronomia de São Paulo. Durante um intercâmbio para a Inglaterra, conheceu o francês que viria a ser seu marido. Após morarem no Brasil por dois anos, decidiram se mudar para a França.
Para continuar a produzir conteúdo sobre comida, Uiara criou o Plat du Jour, um blog e canal de YouTube que mistura, em textos e vídeos, receitas, técnicas, passeios e um tanto de história francesa.
Madeleine de Commercy e de Proust
Junto à receita de madeleine, publicada em seu blog, está a suposta origem do doce: "em 1755, Stanislas, o Rei da região da Lorraine, organiza um jantar. No meio da festa, o pâtissier da corte briga na cozinha e pede demissão, deixando a refeição sem sobremesa. Para resolver o problema, uma jovem serviçal que trabalhava ali faz um bolinho que era receita da sua família".
O rei, ao provar o bolinho, quis saber quem tinha preparado e qual era o nome da receita. A moça chamada Madeleine, ainda com mãos sujas de farinha, falou que a sobremesa não tinha um nome, mas que se tratava de uma receita tradicional da sua cidade, Commercy.
Assim, a pedida ficou conhecida como madeleines de Commercy.
Há ainda uma outra história que se liga com o doce. O escritor francês Marcel Proust revelou que a inspiração para o primeiro volume de "Em Busca do Tempo Perdido", uma de suas obras mais prestigiadas, foram as madeleines com chá.
A combinação teria dado impulso para uma nostálgica viagem por suas memórias de infância. A partir daí, as madeleines, que já eram adoradas no país europeu, ganharam um significado além da receita:
Quando comemos alguma coisa que nos faz pensar nos momentos de nossa infância diz-se que aquela coisa comida é uma madeleine de Proust".
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