Topo

Pescar em Fernando de Noronha, como fez Caio Castro, é permitido?

Caio Castro pesca em Fernando de Noronha - Reprodução/Instagram
Caio Castro pesca em Fernando de Noronha Imagem: Reprodução/Instagram

Eduardo Vessoni

Colaboração par Nossa

27/01/2021 04h00

Recentemente, Caio Castro voltou para o topic trend do Twitter. Mas não porque os internautas estivessem comemorando o aniversário de 32 anos do ator que está em Fernando de Noronha, há cerca de uma semana, acompanhado da namorada Grazi Massafera.

Dessa vez a polêmica foi por conta de uma foto publicada em seus perfis no Instagram e no Twitter, em que Caio exibe um dourado pescado nas águas desse arquipélago protegido, a 545 quilômetros do Recife. "Sushi day", legendou o ator.

A rede (virtual, nesse caso) não perdoou e já são quase 6,5 mil comentários, entre eles pedidos de cancelamento e críticas pela pescaria em Noronha. Um deles veio de Dado Dolabella, quem questionou a atriz e ativista do Greenpeace Giovanna Lancellotti, que também estava na ilha. "Assim que vocês protegem os oceanos?", provocou o também ator.

Pode ou não pode?

Mas nem tudo são restrições nesse destino que é uma das mais expressivas biodiversidades do Atlântico e Patrimônio Natural da Humanidade.

De acordo com o Plano de Manejo desenvolvido pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade), só está permitida a pesca com pequenas embarcações e com linha de mão na Área de Proteção Ambiental (APA). A pesca com armas como arpões e técnicas como a de arrasto, em que uma rede em forma de saco arrasta tudo o que encontra pela frente, estão totalmente proibidas.

Em entrevista por telefone para Nossa, o proprietário da Fish Hunter Noronha, Romualdo França do Nascimento, informou que não houve nenhuma irregularidade na atividade que realizou com Caio Castro e seus convidados.

As espécies pescadas com o ator (dois dourados, um atum e uma barracuda) foram encontradas em área externa à do Parque Nacional, conhecida como Paredes do Mar de Dentro, a mais de 200 metros de profundidade, onde a "plataforma continental despenca". Segundo o pescador, o ICMBIO proíbe pescas em até 50 metros.

"A gente pesca a vida toda, legalmente, e essa atividade [de pesca esportiva] é o nosso segmento. Estávamos no meio do oceano em local permitido pelos órgãos fiscalizadores", explica Nascimento, cuja embarcação é equipada com ecobatímetro (equipamento que mede a profundidade das águas).

Nesse tipo de atividade feita em Noronha, onde é comum encontrar peixes como atum, cavala e xaréu, é usada a técnica do corrico, quando a pescaria acontece com o barco em movimento, arrastando uma ou mais iscas na superfície.

Não é predatória porque a captura é feita sem rede e o peixe pega [a isca] se ele quiser", explica Nascimento, que realiza cerca de 17 saídas do tipo, mensalmente.

Curiosamente, em outubro do ano passado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, assinou um termo de compromisso que permitia a pesca da sardinha na área do Parque Nacional Marinho.

Pesca sim, aglomeração não

Dias depois da publicação da foto do peixe, o ator voltou a ser criticado nas redes por outra imagem.

Dessa vez, a polêmica foi pela aglomeração em um barco com outras 15 pessoas, todas sem máscaras de proteção, inclusive o próprio ator (a exceção é um homem uniformizado que aparenta ser o condutor da embarcação). A foto hoje se encontra indisponível no feed do ator.

No Twitter, um usuário chegou a postar o seguinte comentário: "Na maioria do Brasil é assim: o trabalhador tem que correr o risco pra manter seu sustento".

Vale lembrar que a Administração de Fernando de Noronha e a Vigilância em Saúde vêm alertando, frequentemente, sobre as medidas de prevenção ao coronavírus no arquipélago.

Segundo nota enviada à reportagem, "o uso das máscaras é indispensável para todos que precisarem circular pelas vias públicas" e "é necessário evitar aglomerações e respeitar o distanciamento social".

Mais recentemente, a ilha adotou também um novo protocolo de segurança para a entrada de pessoas, como lembrou o ator em tweet que cita matéria de Nossa. Desde o dia 21 de dezembro, Noronha passou a aceitar o exame de RT-PCR feito com 48 horas de antecedência da viagem e não mais com 24 horas, como estava sendo exigido.

Na saída, um sorteio automático feito pelo sistema do Controle Migratório escolhe 30% dos passageiros de cada voo para fazerem um novo teste no arquipélago.

Até a última segunda-feira (25 de janeiro), Fernando de Noronha havia registrado um óbito e 395 casos, dos quais 81 foram importados, quando o caso é contraído fora da região do diagnóstico.

Então, Caio, agora você já sabe. Pescar fora de área de parque nacional, pode. Sair sem máscara, em plena pandemia, jamais.