"Maldivas" entre China e Vietnã, ilhas são cenário de tensas disputas
A China está sob os holofotes do mundo por ter sido o primeiro epicentro do novo coronavírus. Este, contudo, não é o único assunto internacional de relevância que envolve o país asiático atualmente.
No oceano Pacífico, existe um conjunto de pequenas ilhas que tem colocado o governo chinês no meio de controvérsias. Trata-se do arquipélago chamado, internacionalmente, de Paracel Islands, que exibe uma beleza que lembra a das Maldivas, com praias de areia clara banhadas por um mar azul-turquesa.
O arquipélago fica praticamente a uma mesma distância do Vietnã e das principais partes terrestres da China — e ambos os países dizem ter direito de domínio sobre estes pedaços de terra, que quase não têm população nativa.
Tensão no ar
Em 1974, as duas nações se enfrentaram em um conflito militar na região das ilhas: a China saiu vitoriosa e estabeleceu controle sobre todas as Paracel Islands (que, em mandarim, são chamadas de Xisha).
Quase cinco décadas após o embate, o direito de soberania sobre o arquipélago ainda é um tema que gera atritos.
Nas ruas de Hanói, por exemplo, já houve grandes protestos populares exigindo a integração das ilhas ao Vietnã.
Já em abril de 2020, uma embarcação da guarda costeira da China afundou um barco pesqueiro vietnamita perto das Paracel Islands.
E os chineses estão fortalecendo seu domínio sobre este território com o estabelecimento, no local, de estrutura urbana, militar e turística.
Turismo em alta
No últimos anos, cruzeiros têm chegado às Paracel Islands trazendo legiões de turistas chineses para conhecer as belezas do destino.
Nos passeios, os visitantes exploram praias de água cristalina, realizam tours de barcos e admiram uma fauna riquíssima, com grande presença de tartarugas e aves marinhas. Sessões de snorkel também podem fazer parte do cardápio.
Além disso, os viajantes escutam relatos de guias turísticos reafirmando que as disputadas ilhas pertencem historicamente à China. E, frequentemente, tiram fotos na frente de bandeiras vermelhas do país asiático que tremulam sobre a areia clara e o mar azul-turquesa da região.
Junto com belezas naturais e cenas de patriotismo, o arquipélago pode oferecer um clima de tranquilidade pouco sentido em outras partes do território chinês: com uma população ainda pequena, sua atmosfera de isolamento e pouco frenesi contrasta (e muito) com as superpopulosas grandes praias da China.
Parte de uma tensão maior
As Paracel Islands, na verdade, fazem parte de um cenário de tensões de alcance global.
Elas ficam em uma zona do oceano Pacífico chamada Mar da China Meridional, onde estão algumas das rotas marítimas comerciais mais importantes do mundo, grandes zonas de pesca e na qual é estimada a existência de vastas reservas de petróleo e gás.
Lá, qualquer nação gostaria de ter territórios para chamar de seus - e o local é alvo de disputas territoriais que também envolvem governos de lugares como Filipinas, Taiwan e Brunei. Além de Estados Unidos.
O governo chinês tem construído, nos últimos anos, ilhas artificiais no Mar da China Meridional - e tanto estes pedaços de terra que não são naturais quanto algumas das Paracel Islands estão sendo equipados com bases militares.
Os Estados Unidos, por sua vez, afirmam que este crescente domínio chinês sobre a região pode prejudicar suas navegações comerciais e militares pela área, em um tipo de reclamação que vem gerando arriscadas desavenças entre Washington D.C. e Pequim.
No último mês de janeiro, por exemplo, um porta-aviões dos Estados Unidos realizou uma navegação pelo Mar da China Meridional, em um exercício que teve como objetivo promover "a liberdade de navegação" pela zona.
Logo depois, a China ordenou voos de aviões militares sobre esta parte do Pacífico. Nada de grave ocorreu, mas uma coisa é certa: o ambiente de diversão das Paracel Islands em nada combina com disputas armadas (principalmente aquelas envolvendo as duas maiores potências militares do mundo).
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