Conheça a região construída para celebrar o fascismo em Roma, na Itália
Na Itália, além de pertencer aos livros de história, o fascismo ainda se faz presente, de maneira muita concreta, em uma região batizada de Esposizione Universale Roma (conhecida popularmente como EUR).
Trata-se de uma área de Roma que foi projetada e começou a ser erguida nos anos 1930 sob a liderança de Benito Mussolini — e cuja função seria sediar, em 1942, um grande evento que celebraria as conquistas da história italiana e os 20 anos do estabelecimento do regime fascista na Bota.
Por causa da Segunda Guerra Mundial, o evento nunca aconteceu, mas muitas das obras foram finalizadas e, atualmente, constituem um interessante testemunho daquela época turbulenta.
Grande parte das edificações da EUR destoa (e muito) das românticas e acolhedoras paisagens encontradas em regiões romanas como Trastevere e Monti: são construções de aspecto frio, monumental e repletas de referências nacionalistas, ordenadas em um cenário muitas vezes árido e recheado de mármore — e que, logicamente, exala poder, exatamente como a face rígida de Mussolini.
Devido à sua história e arquitetura, a zona atrai uma considerável quantidade de turistas: é um lugar que costuma ser explorado em caminhadas de algumas horas, rendendo fotos bem originais para as viagens destas pessoas.
De igreja a baixo-relevo fascista
O fascismo caiu, mas a EUR virou um lugar funcional: muitos de seus prédios abrigam hoje importantes instituições da capital italiana, que vão de entidades governamentais a museus.
Um de seus locais mais chamativos, por exemplo, é o Palazzo della Civiltà Italiana, que, no evento de 1942, teria abrigado a chamada Mostra da Civilização Italiana.
Com cada um de seus quatro lados marcados por arcos, a construção tem o apelido de "Coliseu quadrado" e, hoje, é sede da marca de luxo Fendi.
Perto dali fica o Palazzo Uffici, construído entre 1937 e 1942 e que exibe, em sua entrada principal, um gigantesco baixo-relevo sobre a história de Roma, desde sua origem mítica com Rômulo e Remo, passando por períodos como o Império Romano e terminando em uma figura de Mussolini montado em um cavalo, como se o regime fascista fosse uma coroação desta trajetória (após a queda do fascismo na Bota, o rosto de Mussolini nesta obra foi danificado).
O Palazzo dei Congressi, por sua vez, representa como poucas obras a grandiosidade pretendida para esta região da capital italiana: utilizada para sediar eventos importantes, sua estrutura conta com um teatro ao ar livre feito com mármore e com capacidade para cerca 800 pessoas.
E, já que se trata de Roma, a religião não poderia deixar de fazer parte do projeto de Mussolini para a EUR: lá fica a igreja que começou a ser construída nos anos 1930 e exibe uma cúpula que se destaca na paisagem local. Com linhas fortes e estrutura imponente, o lugar pode parecer, à primeira vista, o mausoléu de alguma pessoa poderosa.
Obelisco, áreas verdes e cinema
Ao caminhar pela EUR, o turista se depara, inevitavelmente, com um obelisco de mais de 40 metros de altura feito com mármore e dedicado a Guglielmo Marconi, inventor italiano que ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1909 e se tornou apoiador do regime fascista a partir dos anos 1920.
A obra fica praticamente no coração deste complexo arquitetônico de Roma, cercada por alguns dos mais monumentais edifícios da área.
Na região da EUR, porém, o visitante também consegue se desligar da densa história do fascismo e relaxar no meio da natureza: a área abriga, atualmente, lindos espaços verdes.
Em um deles, é possível admirar cerejeiras ao redor de um lago, com gramados onde casais e famílias fazem piqueniques. Em outro, chamado Parco del Ninfeo, o público curte um belo projeto paisagístico, perfeito para caminhadas contemplativas.
E, para os amantes do cinema, não é incomum ter sensações de déjà-vu ao passear pela área.
Isso porque a EUR, com sua singular fotogenia, já foi usada como locação de filmes clássicos como "O Eclipse" (de Michelangelo Antonioni) e "O Conformista" (de Bernardo Bertolucci).
Não por acaso, esta última obra tem como tema central a época fascista da Itália.
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